Segundo dia de EDPCoolJazz’17, agora no Estádio Municipal Mário Wilson junto ao Parque dos Poetas em Oeiras. Dia em que nos preparávamos para receber um dos destaques maiores do festival, os anglo-americanos The Pretenders, banda onde a energia das 38 primaveras já contadas eram eventualmente a maior expectativa entre o público. A mostrar que a época da exclusividade ao Jazz e as suas diversas variantes “já lá vai com o tempo”, a presença de uma banda de rock neste contexto foi também um dos chamariz para o estádio bem composto. Entre concertos, a noite foi também solidária, tendo sido entregue em mão uma guitarra assinada pelos The Pretenders ao seu comprador, valor obtido em leilão e que rendeu 1565 euros a reverter na sua totalidade para a Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa (APCL).
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Os sete dias de festival contam todos com uma primeira banda, coube a Rita Redshoes fazer esta primeira parte. Na sua presença sempre simpática, a menina que outrora juntava o seu talento a um elegante par de sapatos vermelhos, hoje é muito mais mulher, e sabe usar o charme a seu favor para gerir bem os tempos de presença em palco. De sorriso fácil, e na companhia da sua banda, encantou o público com alguns dos seus temas mais conhecidos. Primeiro ao piano e depois à guitarra, “The Beginning Song”, “Four Women” (tributo a Nina Simone) , o recente “Mulher”, “Choose Love” ou “Captain Of My Soul” foram alguns temas com que presenteou a plateia ainda sentada nesta noite.
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Na sua já 14ªedição, o EDPCoolJazz foi-se adaptando ano após ano, e por isto nós agradecemos. Mais disponível para registos rockeiros, o momento esperado da noite aconteceu com a entrada em palco dos The Pretenders, icónica banda que marcou os já longínquos anos 80. Com quase quatro décadas de existência, e 10 álbuns editados, Chrissie Hynde mantém a energia – e a voz também – de outros tempos, o mesmo já não se podendo exigir às “experientes” rugas que apresenta, tendo sido porventura este o motivo pelo qual pediu à plateia que guardasse as máquinas fotográficas e desfrutasse do concerto – com pesar também para a imprensa presente a fotografar a cerca de 30 metros do palco. Nada de mais, nada de estranho, e nada que nos fizesse sair. Afinal, a sua história é meritória do devido respeito. Entrar em palco e informar todos que ia acontecer uma noite de rock, foi o mote para o público largar as já típicas cadeiras na plateia dos concertos EDPCoolJazz, e fazer-se aproximar da banda.
Muito bem acompanhada de Martin Chambers, baterista e membro fundador da banda, do virtuoso guitarrista James Walbourne, do baixista Nick Wilkinson, e, com um álbum editado no ano passado, foi nos clássicos que teve o público como “back vocals” – a bem dizer, “front vocals”.
O inevitável “Don’t get me wrong”, “Hymn to her” – aqui a pedir respeito ao público por se tratar de um assunto sério, “Back on the chain gang”, “Brass in pocket”, “I’ll stand by you” a anteceder “Thumbelina” onde Walbourne solou desenfreadamente até fazer saltar o estádio, e “Middle of the road” com uma vigorosa intro de Martin Chambers na bateria, a noite não poderia terminar sem o encore para mais dois temas, “The wait” e “Precious”, o que não tem acontecido nos últimos concertos da banda na tour europeia.
Expressando-se pontualmente em “bom português” – ou não tivesse Chrissie Hynde vivido no Brasil – começou o concerto com um “Boa noite, tudo bem?” e despediu-se com um bem perceptível “Muito obrigada!”, parecendo-nos que esta noite terá sido o anúncio de um “até já” da banda para o público português e não de um “Adeus, até qualquer dia”. Esperamos que assim seja muito em breve, a hora e meia de ontem com toques de rock’n’roll clássico anos 80 no improvável EDPCoolJazz soube muito bem mas também a pouco.
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Texto – Carla Santos
Fotografia – Luis Sousa
Evento – EDPCoolJazz’17
Promotor – Live Experiences