Surgidos em 2012, os Grandfather’s House são de Braga e editam este mês Diving, o seu terceiro registo, depois do EP Skeleton de 2014 e do primeiro longa-duração Slow Move, lançado no ano passado.
Formados por Rita Sampaio (voz e sintetizadores), Tiago Sampaio (guitarra) e João Costeira (bateria), juntaram-se a eles para a realização de Diving Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta) na voz, Nuno Gonçalves (Bonnie and Clydes) nos teclados e Mário Afonso no saxofone. Este registo resulta de uma residência artística da banda no espaço gnration, localizado na sua terra-natal.
Diving foi produzido por Budda Guedes (Balão de Ferro/Dona Carioca) e pelos próprios Grandfather’s House e masterizado no estúdio HAUS, em Lisboa, por Makoto Yagyu. Antes da saída do álbum cá para fora, o público teve acesso ao respetivo single de avanço, “You Got Nothing to Lose” conta com um videoclip produzido e realizado pela CASOTA Colective, produtora audiovisual de Leiria que funciona como um coletivo de criativos, nas áreas do áudio, vídeo e grafismo.
Por já estarem entre nós há alguns anos e por terem no seu currículo duas centenas e meia de concertos, o que se nota desde logo na audição de Diving é a evolução da banda e do som que desenvolve. Ao longo dos 8 temas que compõem o álbum, sobressai uma complexidade e densidade só ao alcance de quem anda nisto já há algum tempo.
O álbum arranca forte com “Nah Nah Nah”, no qual Adolfo Luxúria Canibal assume a parte vocal. Igual a si próprio, e no registo a que já nos habituou, o vocalista dos Mão Morta acrescenta força ao tema, tornando-o ainda mais pesado, algo que Rita Sampaio teria dificuldades em concretizar. E é esta situação que acaba por definir todo o álbum, para o bem e para o mal, já que os temas com um ambiente mais pesado vão intercalando com outros em que a guitarra é mais suave e “amiga” da bonita e requintada voz de Rita Sampaio. Assim, fica a ideia de que Adolfo Luxúria Canibal poderia oferecer a sua interpretação a mais temas do disco, sendo “Sorrow” e “In My Back Book” os casos mais evidentes.
Quando é a voz de Rita Sampaio a assumir o papel principal e a comandar o barco, sendo nesses casos acompanhada por uma guitarra mais pop e por sintetizadores mais audíveis, transparece então aquilo que é o mais interessante em Diving. Tudo o que foge dessa base sonora acaba por não acrescentar nada ao disco. A aposta deveria ter sido em concentrar todas as atenções na vocalista da banda, colocando de parte a guitarra e os sons mais agressivos, que não combinam de todo com a sua voz.
Depois da predominância do blues no primeiro registo, em Diving os Grandfather’s House reforçam a sonoridade mais pop que já tinham explorado no álbum de 2016. E esse é sem dúvida o seu lado mais interessante e ao qual a voz de Rita Sampaio mais se adequa, deixando assim a tal ideia de que quando surge a guitarra mais pesada, esta nada acrescenta e acaba até por manchar o que está bem feito. Por outro lado, há temas como “She’s Looking Good”, “Nick’s Fault” e, principalmente, o primeiro single, onde a guitarra surge menos agressiva e por isso acrescenta algo mais às canções.
Texto – João Catarino
Fotografia – Tiago da Cunha