Há uma família à qual, a certa altura da vida, decidimos pertencer ou não. Para além dos amigos, falo da família do rock. Aquela que nos faz tremer, suar e sorrir. Aquela que nos alimenta a alma, nos sacia e, ainda nos enche os ouvidos de riffs cegos e crus. Os Geek Daddies são uma das mais recentes entradas nessa família! Vêm de Alcobaça e são os pais João e Hugo.
Decidiram mostrar, no passado mês de Maio, o primeiro fruto da sua existência: um EP homónimo, cru, seco e rápido que vai fazer a todos abanar a cabeça e bater o pé à velocidade de uma quinta numa estrada rebelde.
Logo na primeira faixa do álbum, “The Gambler”, sentimos o peso dos riffs assanhados do rock de garagem acompanhados de uma voz com um certo tom de punk rock. Transformam o resultado da união entre uma guitarra e uma bateria num som corpulento com uma face rock’n’roll saliente e bastante apetecível. “Born To Love” pode remeter-nos para uma janela temporal em que o mundo se desfaz em sabores quentes de pura insanidade e ritmo. O EP termina com “Don’t Know, Don’t Care” e transporta uma voz bagacenta que nos leva a passear mentalmente por sítios sujos e escuros perdidos algures num deserto americano ou em caves londrinas cobertas de uma luz quase esquecida e cheiro a capas velhas de vinis. São 7 as faixas que nos atacam rápida e directamente o corpo criando um registo enérgico que nos faz tremer de satisfação.
A impossibilidade de não fazermos headbanging está presente em toda a audição deste EP e o penetrar dos riffs pelo corpo acima faz-nos criar uma certa insaciedade e desejo de mais.
Afirmam que este talvez seja o princípio do seu fim, se assim for não poderia ser um final mais grandioso, mas a eles desejamos uma longa vida sem finais felizes e, principalmente, sem finais! Que continuem a desbravar este mundo cru e sujo do rock demasiado apetecível ao ouvido e ao corpo.
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Texto – Eliana Berto