Filipe Monteiro saiu de trás dos instrumentos e aventurou-se na composição solitária de um projecto musical, Tomara.
Um abrir de portas, com a guitarra na delicadeza dos dedos. “Hallow” é o tema de abertura do novo álbum, “Favourite Ghost”. Em “Coffee and Toast”, a voz é introduzida suavemente como num debicar de simples prazeres do quotidiano. Timidez nas teclas do piano que marcam os separadores e nos baralham na entrada do violino, lá ao longe.
Mudança no ritmo que, no refúgio da guitarra clássica revela-nos um casulo de amor. Um instrumento de sopro que entra na segunda metade do tema, perseguindo com ternura o “Favourite Ghost”, tema que dá nome ao álbum.
Precursão que nos acompanha em socalcos no tema “For no Raison”, num pop melodicamente meloso. Um cantar de ouvido mudo, “hey enough for you to feel like crying for no reason.” Um sopro de esperança no saxe que trilha o caminho sinuoso do crescimento, “Hope for the Best” leva-nos a um universo de revivalismo da infância. “The Road” é um momento fugaz, de passadas seguras num acorde repetido da acústica. Surgindo timidamente o piano intercalado com pequenas sonoridades da guitarra eléctrica, sugerindo avanços e recuos no percurso.
“There is a house for me (…) there is a house where you are”, um tema sem complexidades de arranjos, onde a voz de Márcia o torna numa espécie de hino familiar. O terceiro tema instrumental “Land at the Bottom of the Sea” encerra este trabalho de músicas doces, introspectivas e comprometidas com um estado de alma. O álbum de estreia de Tomara estreia-se no degrade de cinzentos, envolto no cheiro meloso do nevoeiro das guitarras.
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Texto – Carla Sancho
Fotografia (Capa) – Estelle Valente