Maria Concéption Balboa Buika (Concha Buika), a poderosa voz das baleares subiu ao palco do Coliseu de Lisboa nos últimos dias de Setembro. Dois anos volvidos do bem sucedido “Vivir Sin Miedo” (CD 2015), quando Buika lança o último EP (Maio) “Para Mí”. Foi este que nos trouxe num único concerto em Portugal.
Atraso na entrada dos músicos em palco (…e na publicação desta reportagem), para uma plateia expectante e a meio gás. Ainda sem nos ofuscar o brilho do vestido da diva, já se ouviam as palmas do público. Uma entrada emocionalmente seca, que ia sendo regada com breves goles numa bebida escura saída de um copo de plástico. “Quiero vivir sin miedo”, afirma Buika enquanto nos confidencia o quanto foi difícil estar em Lisboa naquele dia. Seguindo o mesmo raciocínio, dedica o segundo tema ao “nosso esforço e trabalho com muito amor”. Mas esse “amor” não passou com a intensidade esperada e, somente em “Nostalgia”, sentimos o fulgor da dor cantada.
Única na mistura de ritmos melódicos, onde o jazz, o blues e o flamenco levitam em comunhão. Um reaggae sacado no quinto tema da noite, seguido de uma perda do coração em que o remédio é mesmo “esquecer”. Buika foi “sacando de dientro todas as meleitas”, com o tema “Mi niña Lola” e “Te Queiro” o último do alinhamento (9 temas?). Entre as frases pouco perceptíveis, lá percebemos o seu discurso sobre “Te Quiero”, onde repetia as palavras e se dirigia a Santiago (trompetista), e “às paredes deste teatro”. No final despede-se com um “hasta pronto”, porque “no se dice adíos”. Volta ao palco, acompanhada pelos seus músicos, Santiago Valverde (teclas e trombone), Ricardo Montiel (guitarra acústica), Ramón Escobar (segunda voz e percussões) e Josue Fernandez (baixo eléctrico). Os temas escolhidos para o encore, “Ni contigo ni sin tí” e “Jodida pero contenta” contribuíram subtilmente para salvar a hora e meia de concerto.
Um percurso invejável, com uma discografia brilhante mergulhada numa alma de flamenco. Contudo, esta noite ficou muito aquém das expectativas, onde nada disse sobre o EP que justificou a sua actuação em Lisboa. Uma voz sublime, mas que não entrou en nuestros coraziones, transformando-se em certos momentos em gritos destorcidos. Há momentos assim, em que saímos cabisbaixos e a pensar que esta não foi definitivamente a noite.
Texto – Carla Sancho
Promotor – UGURU