20171019 - Chk Chk Chk @ Lisboa Ao Vivo
Concertos Reportagens

!!! (Chk Chk Chk) no Lisboa ao Vivo: he’s got the moves like Jagger

He’s got the moves like Jagger, a fazer lembrar a canção dos Maroon 5, poderia ser uma excelente forma de definir o concerto da banda dos três pontos de exclamação – também conhecida por Chk Chk Chk – na sala Lisboa ao Vivo, que teve como objetivo central a promoção do seu mais recente registo – Shake the Shudder, lançado em maio.

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Um concerto dos Chk Chk Chk estar marcado para as 21h é algo que não soa lá muito bem, já que ainda é demasiado cedo para estarmos num evento que transforma os respetivos espaços em autênticas discotecas, a que há a acrescentar o estômago cheio, consequência do jantar ocorrido pouco tempo antes, o que é pouco propício para andar aos pulos. Assim, a essa hora a sala ainda se encontrava relativamente vazia, fazendo com que a atuação dos nova-iorquinos só arrancasse uns bons minutos depois, numa altura em que o espaço já estava muito bem composto.

Os Chk Chk Chk são formados por Nic Offer (voz), Mario Andreoni (guitarra e baixo), Dan Gorman (teclados), Paul Quattrone (bateria) e Rafael Cohen (baixo, guitarra e percussões), e ao vivo fazem-se acompanhar da cantora Lea Lea. No fundo, todo o espetáculo e todas as atenções estão viradas para o vocalista, cabendo à banda o papel de tratar, de forma eficiente, da parte instrumental – a exceção é Dan Gorman, que por vezes também alinha na festa –, que serve de trampolim para que Nic Offer dê largas à sua forma de estar em palco. Ele é a estrela central de todo o espetáculo e é também alguém que não para quieto um único segundo, numa lógica, com gestos e movimentos, que por vezes, demasiadas vezes, lembra o vocalista dos Rolling Stones – Mick Jagger –, introduzindo aqui e ali alguns laivos de atitude punk.

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Nic Offer entra em palco de calções curtos e sapatinhos calçados e começa desde logo a gastar calorias de uma forma poucas vezes vista no universo dos concertos. O homem movimenta-se como se fosse plasticina. No entanto, em muitos dos momentos o protagonismo é partilhado com Lea Lea, senhora dona de uma magnífica voz e de uma excelente forma física. Também ela não para quieta e os dois envolvem-se por mais que uma vez ao longo do espetáculo, chegando ao ponto dos cabos dos dois microfones se enrolarem por completo um no outro. Nem o membro da crew, que os foi socorrer, passou despercebido a Nic Offer, que de imediato se agarrou a ele.

Juntamente com a atitude e a irreverência dos dois vocalistas de serviço, temos uma música servida com porções generosas de funk, dance music e house, com os tais temperos punk que por vezes surgem um pouco do nada. Toda esta caldeirada leva a que seja praticamente impossível ver alguém na sala que não esteja a dançar e a deixar-se levar pela sonoridade dos Chk Chk Chk. Até porque por mais do que uma vez, Nic Offer, sendo numa delas acompanhado por Lea Lea, salta para o meio da plateia e juntamente com o público dança e salta à grande.

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Lea Lea por vezes sai de cena, deixando o palco totalmente entregue a Nic Offer, mas a sua participação no concerto é da maior importância. Ela tem a voz que ele não tem, para além de ser um suplemento de energia. Assim, a senhora natural de Hackney (Londres) merecia mais do que “desaparecer” na parte final do espetáculo, não surgindo em palco nem para o momento das despedidas.

Como seria de esperar, Shake the Shudder foi o centro da set-list apresentada, não faltando no entanto alguns dos grandes momentos dos registos anteriores, com especial destaque para “One Girl/One Boy”, sem dúvida o tema mais bem recebido da noite.

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Depois de uma hora de concerto, vêm os dois encores “exigidos” pelo público. No final, fica-se com a ideia de que ninguém sai de um concerto dos Chk Chk Chk desiludido ou com a moral em baixo. A banda é competente e, acima de tudo, Nic Offer, com o apoio de Lea Lea, é um mestre-de-cerimónias que se entrega de alma e coração. A energia que coloca nas suas prestações é fora do vulgar, contagiando qualquer pessoa que esteja na sala. Mas também é verdade que chegados ao fim, ficamos a pensar que talvez o espetáculo ficasse a ganhar se não fosse tudo tão repetitivo, algo que está inerente ao estilo de música que desenvolvem.

Esta foi a primeira noite da digressão europeia de promoção de Shake the Shudder, que depois de Lisboa ainda teve mais duas datas em terras portuguesas, uma no Fundão e outra no Porto.

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Texto – João Catarino
Fotografia – Luis Sousa
Promotor – Lemon Live Entertainment