2017 Backstage Festivais Reportagens SonicBlast Moledo

Orange Goblin, Os gigantes gentis

Aproveitámos a visita dos Orange Goblin ao SonicBlast em Moledo no passado mês de Agosto para uma conversa informal com os elementos da banda.

No activo desde 1995 e com mais de uma dezena de álbuns, Ep’s ou colaborações com bandas como os Alabama Thunderpussy ou Electric Wizard, continuam a fazer uma festa por onde passam com a alegria contagiante com que se tratam e se dão ao público.

Uns autênticos senhores, simpáticos e divertidos a viver a vida um dia de cada vez e a aproveitar o melhor que esta tem para lhes oferecer.

Falámos da sua recente nomeação para melhor banda do Reino Unido, algo que não os parece ter impressionado muito, porque esse não é o seu objectivo. Foi uma conversa barulhenta com os Sasquatch na mesa do lado a trocarem galhardetes com os Orange Goblin, divertidos e sorridentes.

Um daqueles momentos plenos de felicidade no cenário idílico de Moledo onde actuaram nessa noite no palco principal.

Música em DX (MDX) – Estamos muito felizes por ter Orange Goblin de volta a Portugal e desta vez em Moledo! Acabaram de chegar?

Orange Goblin  Não, não, chegámos por volta das dez da manhã, mas como não podíamos fazer check in logo, ficámos por ali mesmo a relaxar.

MDX – Gostaram da paisagem e das praias?

Orange Goblin – Só passámos pelas praias, não deu para ver muito bem, mas pareceram-nos muito aprazíveis.

MDX – Vi uma entrevista vossa há algum tempo em que falavam de terem sido nomeados para um prémio…podem falar-nos um pouco sobre isso?

Orange Goblin – Sim, fomos nomeados para melhor banda do Reino Unido, mas não ganhámos…afinal somos só uma banda do Reino Unido, não somos a melhor banda do Reino Unido…(Risos)

MDX – Mas terem sido nomeados significa que existe reconhecimento por parte do público do vosso valor e do vosso papel na música nos últimos 20 anos. Isso também é bom!

Orange Goblin – Andamos nisto há cerca de 22 anos, e sim de facto é sempre bom ser nomeado, ser reconhecido. Até porque havia lá bandas com uma presença muito maior que a nossa nos meios de comunicação e na internet, e o voto é do público.

MDX – No fundo a escolha está directamente relacionada com a visibilidade e a presença nos media, mas não foi o público que vos nomeou, certo?

Orange Goblin – Não, não, foi a revista. E isto decerto que está relacionado com a cena da Metal Hammer. Nós ajudámos a recolher fundos quando eles perderam a revista e os trabalhos deles. Angariámos bastante para os apoiar e no fundo acho que é um agradecimento público deles. Mas não há problema.

MDX – E porque haveria de haver problema?

Orange Goblin – Ah é porque somos fantásticos isso é de certeza!!! Se não prestássemos para nada eles não nos nomeavam, não é? Mas não ligues é que sempre fomos um bocado auto depreciativos da nossa cena…é uma cena nossa.

MDX – Mas se andam aqui há 22 anos a dar-nos música de certeza que estão a fazer isto bem!

Orange Goblin – ou estamos a fazer qualquer coisa bem ou não estamos a fazer nada  bem, que é na realidade o que fazemos bem, que é fazer tudo mal! Se estivéssemos a fazer bem já não o estaríamos a fazer ao fim de 22 anos.

MDX – Nesse caso ainda estão a aperfeiçoar?

Orange Goblin – Sempre!!!

MDX – O vosso último disco, Back from the Abyss saiu em 2014, já tem planos para um sucessor?

Orange Goblin – Nós temos as gravações mais ou menos marcadas para Janeiro de 2018 para lançar  em Maio ou no início do verão… esperamos conseguir escrevê-lo porque por enquanto só temos algumas ideias, talvez o esboço de umas quatro ou cinco músicas. O disco deve ter umas oito ou nove por isso….estamos lançadissimos e está tudo a correr lindamente!

A questão não é escrever e compor…nós até escrevemos bem, mas apenas sob pressão.

MDX – A pressão de cumprir um prazo ajuda?

Orange Goblin – Nós sabemos que vamos estar no estúdio num determinado dia, e deixamos tudo suspenso até ao ultimo minuto, sempre a queimar os prazos. Mas é a forma como funcionamos melhor. Sempre foi.

MDX  – Isso reflecte-se também no vosso estilo e na vossa forma de estar?

Orange Goblin – Sim, não gostamos de fazer músicas e deixá-las andar até gravar passado um ano…porque senão quando as gravamos já estamos completamente fartos daquilo.

MDX – Como se já não vos fizesse qualquer sentido?

Orange Goblin – Um bocado isso também, porque já não estamos a sentir a mesma coisa, porque já não é aquilo que queremos dizer, ou simplesmente porque já não é novidade!

E quanto mais cedo começamos mais alterações fazemos porque depois estamos sempre a mexer e a alterar coisas…e quando gravamos aquilo já não tem nada a ver com a ideia inicial.

Assim é mais excitante; dizem-nos: “Tem dois meses para gravar isto!” E nós gravamos. É mais fresco, mais excitante correr contra o tempo.

Gostamos de fazer as coisas sem pensar demasiado nelas.

MDX  – Estiveram cá em 2015 no RCA em Lisboa…

Orange Goblin – Yeah!!! Foi espectacular! Foi a única data em Portugal nessa tour e o público fez daquilo uma festa brutal!!! Por isso é que gostamos de voltar cá!

MDX – Temos imensa gente à vossa espera hoje!

Orange Goblin – Ah Já descobriste o truque da pressão! (Risos)

MDX – E estão a gostar de Moledo?

Orange Goblin – Sim! O ambiente é espectacular! Vê-se que está toda a gente a adorar! O sitio é lindíssimo…e nós não temos vontade nenhuma de ir embora amanha! Acho que nos vamos mudar para cá …(risos), toda a gente parece relaxada e completamente dentro do espírito do festival. Estão cá 4000 pessoas, ouvi dizer que começaram há sete anos com cerca de 250 pessoas, vê-se que estão todos felizes e é óptimo fazer parte de um evento destes!

MDX – Sim está esgotado! Conseguiram ver alguma banda hoje?

Orange Goblin – Íamos ver os Sasquatch, mas mandaram-nos vir comer! (risos)

MDX – Algumas palavras para o público que vos aguarda daqui a pouco?

Orange Goblin – Obrigado! Temos sido sempre muito bem recebidos em Portugal! Provavelmente não vimos cá tantas vezes quantas as que os fãs desejariam mas sempre que voltamos é uma loucura!

MDX – Obrigada pelo vosso tempo e até já!!

Entrevista – Isabel Maria
Fotografia – Daniel Jesus