Na sexta feira passada, já completamente engolidos pelo feriado e tudo o que ele representa, nem que isso signifique apenas a folga extra, o Sabotage Club abriu as portas a duas bandas portuguesas que vivem no limite. Viver no limite pode significar muitas coisas.
Para os Panado de Diogo, Bernardo e Lourenço significará possivelmente fazer apenas o que se quer. Aparentemente eles querem muita coisa. Lançaram este ano o albúm Juventude Coxa e enquanto esta resenha saía e não saía, no dia 25 de Dezembro lançaram mais um EP, Sentido Rato que podem encontram no bandcamp da banda.
Ousadia de sobra e ritmos frenéticos, numa incerteza entre o que se cantar, canta-se em português e por vezes em inglês e por vezes em ambos os idiomas. Assistir a um concerto dos Panado obriga a um bater frenético do pé, sem descanso do principio ao fim. Músicas como Preguiça (“Esqueço-me sempre da vontade em casa, uma preguiça que não baza”) de uma honestidade desarmante, retrato sincero e fácil de coisas que já todos nós sentimos em algum momento propiciam uma identificação das dores de crescer e ser crescido misturadas com a vontade de perpetuar a juventude. A casa não estava cheia mas isso não os impediu de dar tudo e como já tinha dito anteriormente, parece que é mesmo isso que o trio pretende.
A noite continuou com a saga natalicia dos The Jack Shits que por estas alturas aproveitam para uma mini digressão a reboque do regresso de um dos seus elementos. O trio continua cheio de força, e nem mesmo as algumas paragens que foram acontecendo durante o concerto esmoreceram essa força e garra. Aliás parece que tudo estava programado. Das pausas ás piadas a normalidade dos Jack Shits é esta.
A rolar as músicas de Tape Ex Machina e Chicken Scratch Boogie, o ritmo aquece, e vai aquecendo até termos os três Jacks sem t-shirt. De repente até parece que é verão, quem ali entrasse a meio do concertopoderia realmente ficar com essa impressão e não tem apenas que ver com a parca indumentária, tem sim tudo que ver com a atitude, digna de derreter icebergs. Mesmo sem tocar juntos a maior parte do ano a cumplicidade é mais forte que qualquer distãncia e essa sente-se claramente.
Agora que já passaram dois anos desde o ser último registo será que podemos esperar novidades? Esperemos que sim. Que voltem com as vossas piadas e sorrisos a cantar e a tocar mais vezes no ano que se avizinha.
Texto – Isabel Maria
Fotografia – Luis Sousa