Às dez da noite de sábado quem passasse à porta do MusicBox dificilmente imaginaria a dificuldade que seria sair dali cerca de duas horas depois. Estava anunciado que os Wand entrariam em palco às 22h30 e apesar de não terem cumprido rigorosamente o horário a verdade é que não fugiram muito ao mesmo. A sala do Music Box encheu-se rapidamente, e quanto os Wand entraram em palco estava praticamente lotada.
O quinteto de Los Angeles que vem a Portugal com duas datas para promover Plum, já não é novo nestas lides e já por cá passou anteriormente.
Começaram de forma morna mas arrojada inicialmente centrados nas músicas do mais recente disco de originais editado em 2017, Plum. High Rise, White Cat e Bee Karma entusiasmaram o público mas a plateia pedia mais que entusiasmo. A esta altura pensei mesmo que o público não entrasse no ritmo da banda. Apesar dos sorrisos e dos corpos ondularem suavemente faltava qualquer coisa, e a união entre a banda e o público ainda não se havia sentido realmente. Os Wand ainda passariam alegramente por Charles de Gaulle até chegarem finalmente ao encontro do público com 1000 Days do albúm homonimo de 2015. Ou seja o público precisava de voltar atrás para seguir em frente. É Flying Golem que arranca os primeiros sorrisos da teclista dos Wand que até ali se havia mantido serena, ao ver a sala do Musicbox entrar em convulsão e abraçar o caos. É a partir desse momento que a sala não deu descanso à banda. Floating Head e Melted Roap continuaram a corrente de energia que percorria pelo menos a parte da sala mais próxima do palco.
No entanto o inesperado seria mesmo o encore ruidosamente solicitado pelo público e gentilmente cedido pela banda. Energicamente pegaram novamente em tudo e recomeçou a confusão morna que grassava no público que receber Self Hypnosis in 3 Days e Paranoid dos Black Sabath que os californianos atacaram com uma garra fenomenal.
Não os podíamos deixar sair assim, nem pensar e gritou-se ainda mais, mas não foi preciso insistir, algumas palavras de dois elementos do público bastaram para os convencer…E tocam novamente Paranoid debaixo do delírio da maioria do público. Mas o público não desistiu e continuou a pedir apesar da banda insistir que já há muito haviam ultrapassado o horário combinado e novamente nos brinda com Paranoid…parecia já uma brincadeira e sim era de facto, a banda ria o público sorria também e sairam sem terminar a terceira volta a Paranoid… A surpresa da maioria das bandas ao chegar a Portugal é esta, a de encontrar um público com tanta vontade de os ouvir como eles têm de tocar. E como disse no inicio do texto…quando lá entrei não imaginei o quão difícil seria sair porque a sala encontrava-se repleta e o público pronto para tudo menos para sair, numa ténue esperança de que os Wand ainda regressassem ao palco para mais um par de músicas. Soube a pouco e apesar do começo ter sido algo morno a verdade é que deixaram a sala a escaldar!!
Texto – Isabel Maria
Fotografia – Luis Sousa