Os Moon Duo, duo de São Francisco, voltam durante este próximo fim de semana a solo nacional para protagonizar uma série de 4 concertos de norte a sul do país, desta vez em clubes, ao contrário do que aconteceu nos últimos anos em que nos visitaram apenas em festivais de grande dimensão. Assim temos 4 datas a abarcar um fim de semana de festa; Braga (gnration, 9/2), Coimbra (Salão Brasil, 10/2), Leiria (Texas Bar, 11/2), Lisboa (Music Box 12/2).
O duo que conta já com uma mão cheia de discos, o primeiro em 2009, editou em 2017 dois álbuns que são, conforme explicam, um pouco fruto do acaso, mas um acaso do qual souberam tirar o melhor proveito criativo; Occult Architecture Vol. I & II.
Como se lançar dois álbuns não fosse suficiente nos primeiros dias de 2018 chegaram até nós duas versões que a banda habitualmente toca nos seus concertos e que sentiu vontade de imortalizar de uma forma mais formal; No Fun dos The Stooges e Jukebox Baby dos Suicide, tudo isto com uma ligação a Sintra, também ela fruto do acaso de Sonic Boom (Spacemen 3 e Spectre) por aí estar a residir, concretizando uma vontade antiga do duo de gravar com ele.
Já não existem muitos bilhetes, o que não é de espantar porque é uma excelente oportunidade de rever uma banda que quase desde o inicio tem sido muito acarinhada pelo público português, e para mais rever assim desta forma, em alguns dos clubes de rock mais emblemáticos do nosso país!
Música em DX – Os Moon Duo tocaram em Portugal algumas vezes nos últimos 4/5 anos, mas quase sempre em festivais como o Reverence Valada, Paredes de Coura ou o Primavera Nos Sound. Desta vez vamos ter o prazer de vos rever mas em clubes, como das primeiras vezes que nos visitaram. O que podemos esperar destes concertos?
Moon Duo – Andamos a fazer a tour dos nossos últimos discos, Occult Architecture Vol. I & II, e estamos a tentar passar pelo maior número de países possivél, antes de fazermos uma paragem por algum tempo. Além disso acabámos de lançar o 12” que gravámos com Sonic Boom (Spacemen 3 e Spectrum) em Sintra. Portanto o nosso set vai centrar-se aí e a maioria das músicas serão desses discos.
MDX – Nunca percebi bem se os Moon Duo começaram por ser um projecto paralelo a outros que tinham ou se eram mesmo algo diferente. Podem clarificar um pouco essa ideia?
Moon Duo – Nunca percebemos bem essa ideia dos projectos paralelos… temos uma série com quem vamos trabalhando de tempos a tempos, pessoas diferentes com quem gostamos de tocar. Não preciso de os hierarquizar, ou dar mais ou menos importância a qualquer um deles.
MDX – Dito por vós, chamam à vossa música rock de repetição e, de alguma forma, existe relação com certas sonoridades xamânicas…Os vossos concertos induzem-nos um pouco a um estado de transe pela repetição.
Moon Duo – Acho que é um aspecto de toda a música dita social, seja ela música de dança, rock ou trance. Os seres humanos já estão bastante programados para isto…e nós estamos muito atentos por tocarmos tanto ao vivo. Resume-se tudo ao ritmo.
MDX – Em 2017 editaram dois discos que pareceram um só mas com duas faces diferentes. Como surgiu esta ideia de dois discos como se fossem duas abordagens diferentes?
Moon Duo – Começou com a ideia de fazermos um disco mais “negro” durante o inverno no noroeste do Pacífico – um tempo muito obscuro. A consequência disso, que agora nos parece óbvia em retrospectiva, foi que acabámos com um monte de material que não se encaixava, e que representava um aspecto mais leve da nossa música. Então, decidimos fazer um registo “pesado” e um registro “leve”, que são Vol. 1 e 2, respectivamente.
MDX – Mais recentemente saiu também um disco com interpretações vossas de algumas músicas dos The Stooges e dos Suicide. Porquê estas duas bandas?
Moon Duo – Tanto os Stooges como os Suicide são duas grandes influências. Já tocávamos ambas as músicas nos nossos sets e pensámos “Porque não gravar?”, e fizemo-lo durante uma pausa em Lisboa. Além disso também foi uma boa desculpa para gravarmos com Sonic Boom que agora está em Sintra.
MDX – Como escolheram as músicas?
Moon Duo – Pediram-nos para tocar uma música do Iggy na BBC6 por ocasião do seu septuagésimo aniversário e nós já sabíamos mais ou menos tocar o No Fun, que acabamos por adionar aos nossos sets. O Jukebox Baby é uma música que o nosso técnico de som não parava de cantar nas nossas viagens de carro, então decidimos criar uma versão para ele. Além disso achámos que seria um bom tributo ao Alan Vega que nos havia deixado recentemente.
MDX – No inicio os Moon Duo eram a Sanae Yamada e o Ripley Johnson. Desde 2014 que se juntou a vós um baterista nos vossos concertos. De que forma se alterou a vossa forma de criar com a intervenção de mais um elemento?
Moon Duo – Mudou um pouco, mas o nosso processo criativo não mudou muito…A presença do baterista tornou foi as actuações ao vivo mais dinâmicas.
MDX – Quais as bandas ou artistas que mais vos influenciaram?
Moon Duo – No inicio inspirámo-nos em outros duos como os Suicide, Silver Apples, Cluster ou Royal Trux.
MDX – Que bandas ou artistas consideram ser os vossos clássicos?
Moon Duo – Mais ou menos as mesmas que as do resto do mundo, coisas dos anos 60 ou 70’s: Velvet Underground, Neil Young, Link Wray, 13th Floor Elevators, Blue Cheer, Ash Ra Tempel.
MDX – E guilty pleasures musicais tem alguns?
Moon Duo – Não vejo a música dessa forma, ou gosto ou não gosto, não me sinto culpado ou assim… mas talvez os Beach Boys.
MDX – Se tivessem uma máquina do tempo, quando, onde e com quem gostariam de tocar ou que concerto gostariam de ver?
Moon Duo – Acho que gostaria de tocar nos festivais mais infames…Altamont, Monterrey Pop, Rainbow Bridge, Trips Festival, Oz Days, the Acid Tests.
MDX – Conhecem algumas bandas portuguesas?
Moon Duo – Sim! Somos fãs de Jibóia, Gala Drop e Black Bombaim.
MDX – Qual foi a última música que ouviram?
Moon Duo – Foi Tennessee Jed dos the Grateful Dead.
MDX – Obrigada pelo vosso tempo! Vêmo-nos em Lisboa!
Entrevista – Isabel Maria