Barco encalhado no Tejo, árvores arrancadas com o vento, destruição em toda a parte. E saudades do verão e dos festivais. Chega a esta altura do ano e o nosso desejo é que o verão chegue rapidamente. Como ainda não podemos avançar no tempo, a solução acaba por ir para o LX Factory para assistir ao regresso dos Milky Chance a Portugal.
O duo, antes de subir ao palco, contou com a primeira parte do jovem Connor Youngblood.
Tímido, de guitarra ao peito, o norte-americano que andou a acompanhar na tour europeia os alemães, aqueceu o público ao som dos seus últimos temas lançados avulso no último ano e do EP, The Generation of Lift, entre mais alguns temas, como o The Warpath. Não terá sido um concerto que ficasse na memória, mas sim, daqueles que serve para aquecer o público enquanto vai entrando mais e não chega a hora do início do concerto desejado.
Pouco passava das 22h15, quando Clouds começava a ressoar pelas paredes do armazém principal do LX Factory. O duo alemão acompanhado também por teclas e bateria, veio apresentar o Blossom, álbum lançado ao ano passado, digno sucessor do Sadnecessary, álbum que deu a fama mundial dos Milky Chance. Um recinto à pinha, com o pessoal aos saltos e com os telemóveis no ar para registar o concerto.
De forma competente, os alemães iam estimulando o público, com Ego, Blossom ou Firebird, temas do álbum mais novo. O Down By The River, um dos temas vencedores e contagiantes da banda de Clemens Rehbein e Phillip Dausch, fez a passagem de testemunho para tocar os temas mais antigos. Embora haja claramente mais conhecimento de causa dos temas mais conhecidos, a verdade é que não se distinguiu falta de entusiasmo entre os dois álbuns.
Também a energia contagiante fazia esquecer o temporal que acontecia lá fora. Essa energia vinha toldada de influências folk, também graças à harmónica do Phillip ou os êxitos como Cocoon ou Stolen Dance, o big hit da banda, que tocaram já no final do concerto.
Já de regresso a casa, a reflexão foi que não seria de estranhar se tivéssemos a oportunidade de voltar a ver a banda novamente por Portugal, talvez num festival de verão perto de nós.
Texto – Carlos Sousa Vieira
Fotografia – João Rebelo