Na passada quarta-feira à noite o Sabotage Club no Cais do Sodré, recebeu no seu palco o projecto de Eric Quach, thisquietarmy. Este projecto de one-man-band existe desde 2005 e Eric Quatch já editou mais de 20 trabalhos ao longo destes 13 anos, tendo colaborado com outras bandas que já passaram por Portugal como os brasileiros Labirinto. Desta vez, no âmbito da Eurasian tour passou por Viana do Castelo, Porto e Lisboa.
Na quarta-feira à tarde quando partilhei o evento de thisquietarmy disse apenas, “Depois do sol, isto.” Agora depois de ter assistido ao concerto percebo o quão correcta foi aquela expressão para o que se seguiria.
Passo a explicar, os nossos dias consomem-se qual fósforo de uma forma demasiado rápida. Sao efémeros e apesar de ao acordar sentirmos por vezes a angústia de saber esses mesmos dias a passar pelo corpos sem marca evidente, as noites podem por vezes transfigurar essa monotonia. Ou quebrá-la, ou afinal serem uma continuação dessa angústia entrecortada por momentos. thisquietarmy, mais nao é, ou mais que tudo é uma dissociação dos dias e das noites da nossa paisagem e vida normal.
É uma paisagem sonora que tanto se pode esbater na frigidez e no calculismo dos dias como tornar-se a contra corrente do quotidiano. Pode ser um rasgo nos dias ou a hemorragia interna de uma humanidade dormente. Depende tudo isto da predisposição do corpo e da alma. O público embora não enchesse total o clube, aglomerou-se junto ao palco. A curiosidade parecia dominar a maioria dos presentes. É de facto excitante ver a forma como o músico manipula a guitarra e todos os efeitos, loops e pedais que torcem e distorcem o som.
O concerto resumiu-se a uma peça só, durante a qual a maioria se manteve em silêncio e apenas no final se deu a ovação esperada.Não é fácil entrar na sonoridade de thisquietarmy, mas uma vez lá dentro, o próprio nome faz sentido. Certos momentos parecem realmente conter em si um exército de sons quietos mas densos. É uma viagem por um caos tranquilo que ora nos tira o fôlego, ora embala numa quietude serena. Foi um concerto simples e sincero, capaz de emocionar aqueles que já há algum tempo interiorizaram o trabalho de Eric Quach e que sem dúvida parece ter agradado aos que aqui se dirigiram nesta noite chuvosa para quebrar a semana.
Texto – Isabel Maria
Fotografia – João Rebelo