Depois do pontapé de saída dado por Boogarins e convidados, na passada quarta-feira, no b.leza, o verdadeiro certame começou na quinta-feira com as bandas a tomarem de assalto praticamente todos os bares e espaços musicais do Cais do Sodré, dando assim o verdadeiro início do MIL. Boogarins, Best Youth, Corine ou Moullinex eram pesos pesados numa noite que se quis movimentada.
Núria Graham
Uma chegada atribulada a Lisboa (perder a guitarra duas vezes em 48 horas não é fácil para ninguém, muito menos para um músico) não impediu Núria Graham de dar um concerto no Tokyo. Num espaço que se viu apertado, mas onde todos cabem, foi um aquecimento simpático para o resto da noite. Ao som de temas de um álbum novo, mas não tão novo (porque já tem um ano de existência), Does it ring a bell? e também Bird Eyes, escutámos a 45 minutos de histórias de personagens desenhadas pelas melodias da jovem artista. Uma voz que não se mostrou inibida nem triste pelos acontecimentos antecedentes, e que foi agradavelmente surpreendente antes do jantar.
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Candeleros
A noite seguiu movimentada e em ritmo de festa. Às 20:15 o Sabotage Club entrava na roda viva do MIL com os espanhóis Candeleros em palco. Seis músicos em palco a criar uma cumbia diabólica e contagiante de camisas coloridas, um dos percursionistas com uma t-shirt de Rolando Bruno, o rei da cumbia trash num concerto que começou com umas timídas 20 pessoas na sala e acabou completamente intransitavél porque todos os que chegavam não ousavam voltar a sair. Agarrados pela cumbia dos Candeleros, naquele que foi já um belo dia de primavera a noite dificilmente poderia começar de melhor forma, a dançar a alegria da cumbia.
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O Gringo Sou Eu
Ainda tínhamos uns minutos até ao próximo concerto e mesmo ali à porta do Tokyo decidimos espreitar O Gringo Sou Eu. O Tokyo quase às escuras, ainda mais que o habitual, pelo menos era o que parecia. O Gringo Sou Eu, só em palco, desafia com as suas palavras duras, provoca o público e percorre a sala. As músicas de Frankão, é ele o Gringo, são absurdamente directas e vão sempre tocar na ferida, seja ela qual fôr. Vale a pena ver pela interação/estupefação/reacção da maioria do público até porque parece que é daí que Frankão retira a sua energia provocadora!
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Best Youth
Ao entrar no Musicbox, já se descobre que perdemos uma faixa ou outra. Afinal, é uma correria entrar e sair pelas várias “capelinhas” do Cais. Ao entrar no caloroso Musicbox, somos contaminados por uma parceria saudosa de 2013, quando Best Youth e We Trust se juntaram e criaram o There Must Be a Place, e ouvimos da voz de Catarina Salinas o Nice Face. Num concerto preenchido de sensualidade e luz baixa, Ed Rocha Gonçalves e a vocalista mostraram-se numa complicidade e química como já é apanágio, e embora os temas ouvidos já fossem conhecidos por parte do público, o ponto alto foi mesmo o Midnight Rain, tema lançado ao mês passado e que figurará no próximo álbum, que está mesmo para breve. Longa vida para este par vindo do Porto.
Phoenician Drive
O encanto e a mística dos seis músicos oriundos de Bruxelas reside sobretudo na utilização de instrumentos tradicionais do Médio-Oriente. Fomos encontrar os Phoenician Drive no b.leza, como se tivéssemos sido atraídos a um oásis no meio do deserto. Também aqui o concerto começou devagar e com muito espaço na sala, levando a que várias pessoas dançassem livremente inspiradas pelos ritmos da banda. Um concerto delicioso e inspirado com o Tejo como pano de fundo, onde os seis músicos criaram uma atmosfera de mil e uma noites de dança num pedaço de 45 minutos.
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Moullinex
Era no b.leza que estava guardado um dos grandes concertos do primeiro dia. Se é azar ter de escolher entre The Legendary Tigerman e Moullinex, que fique bem claro que qualquer um dos concertos seria uma grande escolha. Para quem preferiu ir para o clube plantado junto ao rio, levou com o Hypersex com todo o seu dinamismo e impacto, como já seria de esperar. O trabalho que já explorou os quatro cantos do mundo voltou a passar por Lisboa e a festa fez-se com saltos, dança, e todos os movimentos que são de esperar. Numa festa sob o tema do amor, política e o mundo, não somos só guiados pelo Luis Clara Gomes mas também por Ghettoven, que brilhantemente dá ainda mais vida a uma viagem pela música eletrónica e pop. Para o fim, o Take My Pain Away, dos poucos temas que não faz parte do Hypersex, é a receita perfeita para um dos melhores concertos do festival.
Corine
A loucura dançante apoderou-se do Sabotage Club mal Corine e a sua cabeleira loira espreitaram da porta. O boogie grave e denso abanava os corpos todos. A voz de Corine sensual como a sua música, consegue ser descomplicada e extravagante com um ritmo quente a servir de manto à sua voz suave. O boogie invadiu o Cais do Sodré, encheu o Sabotage Club que dançou ao som de Pourquoi Pourquoi ou Cocktail de olhos fechados e sorriso na cara. Uma autêntica festa que poderia ter durado um pouco mais.
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Black Snake Moan
Black Snake Moan é o senhor que segue. Fomos encontrá-lo no Tokyo com a sua guitarra e a sua bateria. É um blues melancólico e sentido, cuja cadência rítmica nos baixa a respiração e nos mostra horizontes emocionais. É denso mas não na sonoridade, é denso na emoção que transmite, forte e dramática.
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The Zephyr Bones
Terminámos a noite no Sabotage Club ao som dos Zephyr Bones e das suas vozes suaves e juvenis, que tão bem encaixam nas guitarras brilhantes com aquele toque cintilante de shoegaze. Juvenis e frescos, a estrearem-se esta noite em Lisboa fizeram-nos ficar ainda um bom bocado por ali a sentir toda aquela jovialidade a espalhar-se pelo público. A noite podia ter começado naquele momento no meio de toda aquela sentimento optimista que nos faz crer capazes de conquistar o mundo outra vez.
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A noite não perdoa, e também não termina. Depois dos concertos quatro festas; Lounge, MusicBox, Tokyo e Sabotage; na promessa da continuação da noite até ao dia seguinte com uma série de outras conferências, projecções e ao cair da noite mais concertos.
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MIL’18 dia 5, Mil e um concertos para descobrir
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Texto – Carlos Sousa Vieira e Isabel Maria
Fotografia – Luis Sousa e Ana Viotti (Best Youth | Moullinex)