Depois de em Setembro de 2016 terem lançado “Pensar Faz Emagrecer”, a Festa Galgo IV teve como objectivo apresentar “Quebra-Nuvens”, o mais recente disco dos Galgo. Marcado para dia 20 de Abril no MusicBox Lisboa, o festejo contou também com Iguana Garcia na primeira parte.
João Garcia entra na pele de Iguana Garcia por volta das 22:40, quando subiu descontraidamente para o palco de uma das salas mais emblemáticas do Cais de Sodré. Rodeado pelo seu sintetizador, guitarra, pedais e microfone, estas foram as únicas ferramentas necessárias para meter o público a gritar “Bora Iguana!”. Com os loops, beats e a fusão dos 4 elementos anteriormente referidos, a densidade sonora da sala foi crescendo há medida que o intérprete passava por temas como “Não sendo nómada”, de “Cabaret Aleatório”, álbum de estreia lançado em Setembro de 2017. Remetendo-nos ora para um sítio exótico, ora para um sítio algures no futuro, o ambiente envolvente fazia com que cada vez mais pessoas começassem a dançar, e o espectáculo de luzes só podia ajudar. As notas sintetizadas de Iguana Garcia ficam de tal modo dentro de nós que, daqui a alguns dias, podemos muito bem dar por nós a fazer como certos membros do público que cantavam as melodias de cor, mostrando que nem sempre precisamos de palavras para nos exprimirmos. Para terminar a sua atuação ouvimos a famosa “60KF” a deixar o público de tal forma animado, que se a noite acabasse por ali, toda a gente iria embora satisfeita.
Mas a noite ainda agora tinha começado e faltavam os protagonistas da noite, os Galgo, que entraram em palco e começaram de uma forma nada subtil. Nem a meio da primeira música estavam, e já o público estava completamente ao rubro, e a prova é que pela segunda música já se viam pessoas do público a fazer crowdsurfing. A verdade é que foi uma noite muito produtiva em termos de crowdsurfing, pelo menos 10 pessoas diferentes andaram a passear por cima do público.
O concerto que tinha como objectivo apresentar o álbum “Quebra-Nuvens”, encheu a sala onde se sentiu uma subida de temperatura ao longo da noite. E mesmo o álbum só estando disponível há 4 dias (desde dia 16 de Abril), os presentes sabiam exatamente a que ritmo haveriam de bater o pé, bater palmas, saltar e gritar, algo difícil de se adivinhar quando se trata de uma banda de ritmo tão inconstante como os Galgo. A explosão musical foi total. O MusicBox não aguentava mais volume sonoro dentro dele do que aquele que estava a ser produzido. O público estava num estado psicadélico tão acentuado que, de tempo em tempos, um mosh pit era formado no centro da sala.
Houve imagens a serem projectadas no palco e nas paredes laterais, saltos constantes, e um agradecimento por parte de Alexandre Moniz (guitarra, teclas e voz) ao público, enquanto Joana Batista (bateria e voz) se ria de João Figueiras (baixo e teclas) e Miguel Figueiredo (guitarra) que fingiam estar a jogar ténis com os seus instrumentos mandando o som de um para o outro. Houve o novo álbum tocado na íntegra, assim como a passagem por algumas canções anteriores como “Skela”, “Torre de Babel”, “Balanço” ou “Dromomania”. E sobretudo, houve uma noite bem passada, cheia de boa música nacional.
Fotografia – Ana Pereira
Texto – Luisa Pereira