Depois de um primeiro dia de Capote Fest – na realidade, o segundo do festival – dedicado a registos mais pesados e intensos com os Lâmina como headliners, chegava o nosso segundo dia, terceiro e último de festival Capote Fest no Monte Alentejano em Évora. O nosso dia tinha sido de descanso, passeatas pela cidade e publicação do artigo do dia anterior quando nos começamos a preparar para uma última noite mais virada a rock e seus derivados mais próximos. Do blues dos Momma T & The Cameltoes, ao registo criativo e desconcertante dos Conjunto!Evite, passando pela riqueza lírica do rock em português dos Prana, ao rock musculado e enérgico dos Dapunksportif, tínhamos a certeza de uma noite que seria animada.
Chegados ao Monte para jantar, somos recebidos primeiro pela simpatia e calorosa recepção de toda a produção Capote Fest’18 como no Alentejo e em poucos lugares em Portugal somos capazes de encontrar, e depois pelas deliciosas iguarias da Dona Alzira que nos tinha preparado uma mesa própria de uma “Ceia Real”. Terminado o repasto, era hora de preparar o palco para a recepção aos festivaleiros mais corajosos – convenhamos, o frio que fazia não convidava a abrir uma janela, quanto mais sair de casa – quem ficou em casa a assistir ao declínio da nossa performance “eurovisivofestivaleira”, perdeu.
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Eram cerca de 23h00 quando os Momma T & The Cameltoes entram em palco para a primeira, e a mais curta também, performance da noite. Cerca de 30 minutos chegaram para perceber que, apesar de jovens, há potencial para rapidamente se transformarem numa banda de destaque neste registo em crescendo no nosso país – vejam-se os casos de festivais como o BB Blues Fest ou o Porto Blues Fest que a cada ano que passa tem atraído a presença de mais fãs portugueses e grandes nomes do Blues europeu e mundial. Atitude não falta, e acreditamos que podemos rever Momma T e seus companheiros nos próximos tempos em planos de maior destaque.
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Os Conjunto!Evite não viriam de Rio Maior a Évora para brincar. Não nos são estranhos, e quando há dois anos nos cruzámos com a banda no Sabotage Club em Lisboa já destacávamos a autêntica tareia instrumental da qual tínhamos sido alvo nesse concerto. Contínua incrível o sincronismo entre todos os elementos da banda, a variação de registos e ritmos que nos atropelam, e a velocidade estonteante das teclas, sentimos no entanto alguma falta de projecção na voz que acompanhasse toda a energia que saía de palco. Sem que prejudicasse a atuação da banda, foram 40 minutos de concerto que passaram a voar.
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Era quase 1h da manhã quando os Prana entram em palco. Atuação interrompida por momentos breves para resolução de pormenores técnicos, os Prana de Miguel Lestre (voz e baixo), João Ferreira (guitarra) e Diogo Leite (bateria) estavam com a adrenalina própria de quem estava a iniciar uma viagem numa montanha russa. Sanjoanenses dos sete costados – com tudo o que de bom isso trás – o “à vontade” em palco especialmente demonstrado pelo Miguel é uma das marcas da banda. Artistas e performers de corpo inteiro, tiveram a difícil missão de fazer esquecer por quase uma hora que a banda mais aguardada chegaria a seguir. Sabemos também que desafio mais difícil é, cantando em português, e num estilo que definitivamente “não está na moda” – verdade, somos um país em que as “modas” raramente perdem – acreditamos que, estes rapazes que fazem da sua bandeira a riqueza lírica das suas canções, os arranjos simples mas certinhos do excelente rock clássico cantado em português, e a presença já carismática do Miguel Lestre, nos vão atravessar em breve de novo pela frente. Foi um gosto.
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Finalmente, o último concerto da edição de 2018 do Capote Fest’18. Iniciado por volta das 2h00, não conhecemos muitas bandas capazes de arribar público depois de três dias seguidos de festival, os dois últimos a acabar pela madrugada dentro.
Os Dapunksportif, banda de Peniche e já com vários anos de estrada, tomaram a melhor decisão das suas vidas quando em 2017 decidiram reencontrar-se após 6 anos de inatividade. Entre outros projetos em alguns elementos da banda estiveram envolvidos nesse interregno – Lena d´Água & Rock n Roll Station e Ladrões do Tempo – regressam bem reforçados com a presença de Fred Ferreira (Orelha Negra, Banda do Mar) para gravar novos temas e lançar em Fevereiro deste ano o novo trabalho “Soundz of Squeeze’o’Phrenia”.
Esta foi a principal base do concerto, trabalho que ainda ferve e está em digressão pelo país desde então. Cerca de 1h15m de concerto com direito a encore – que causou o pânico da organização devido ao adiantar da hora – os Dapunksportif mostraram que o rock’n’roll não morre à custa de novas tendências ou outras modas impostas por algumas produtoras. Com estes penichenses respira-se (e transpira-se) o Rock que faz levantar o pelinho mais pequeno que temos no corpo, que nos torna difícil a missão de nos concentrarmos para conseguirmos escrever um texto que seja legível. Adrenalina passou para lá das grades que separam o palco do público, contagiou todos os resistentes, e, apesar de não estarem perante um público numeroso, os Dapunksportif nunca desiludiram. Rock On!
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Fechamos a nossa presença na edição de 2018 do festival Capote Fest com uma palavra de apreço por todos os que por lá nos receberam, em especial à Capote Música. É impossível ficar indiferente à energia de quem faz coisas por amor e com o único objetivo de, por três dias que sejam poucos num ano, tornar a sua terra um dos melhores sítios do mundo para se viver. Assinaríamos de cruz já neste preciso momento a nossa presença em 2019 sem saber que cartaz tem para nos propor. Sabemos que as coisas não acontecem assim desta forma simples com um estalar de dedos, até lá há muito trabalho por fazer, e só desejamos que não percam a vontade, motivação, e paciência de, ano após ano, edição após edição, fazer crescer um festival que tem tudo para ser a referência no cantinho de paz – e em especial, de muita e boa música – que é o Alentejo. Aguardemos, contem connosco para andarmos por aí. Até lá!
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DIA 11 MAIO
Capote Fest’18, transe pela madrugada dentro
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DIA 12 MAIO
Último dia de Capote Fest’18, o rock foi a nossa festa
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Texto – Carla Santos
Fotografia – Luis Sousa