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Hip-Hop: a Tendência que o NOS Primavera Sound Desabrochou

O NOS Primavera Sound sempre se destacou da restante concorrência festivaleira pela sua vasta oferta eclética de estilos presente no seu cartaz: desde shoegaze ao indie, passando por electrónica ou pop e não esquecendo o post rock, há sempre de tudo um pouco para se ouvir pelo Parque da Cidade. Contudo, com o passar dos últimos anos, o evento do Porto tem vindo a apostar fortemente numa nova tendência: o hip-hop.

Foi neste mesmo festival que Kendrick Lamar, um dos rappers de maior sucesso da atualidade, se estreou em Portugal. Foi também pelo NOS Primavera Sound que o nosso país deu de cara, pela primeira vez, com The Weeknd. Tanto um como outro partilham a peculiaridade de terem voltado anos mais tarde, agora na capital, com estatuto de cabeças-de-cartaz e em festivais da concorrência, com ambos a esgotarem os seus respetivos dias.

A presença destes dois artistas veio então mostrar que o NOS Primavera Sound não tinha medo em apostar no hip-hop, provando que este tinha um forte público no nosso país. Ao longo dos anos, o festival do Porto continuou a trazer mais artistas do estilo a Portugal, estreando-se no nosso país em primeira mão, como foram os casos de Run The Jewels e Freddie Gibbs.

Foi no ano passado que a oferta de hip-hop pelo Parque da Cidade começou a querer dar indícios de mudança: ao regresso de Run The Jewels, juntou-se o ascendente Skepta e o versátil Flying Lotus. Depois de manter a tendência em trazer um único artista do estilo em cada edição do evento, o NOS Primavera Sound trouxe reforços de peso no ano de 2017, numa aposta que viria a (re)compensar, ou não tivessem os Run The Jewels e Skepta sido duas das mais aplaudidas prestações nesse ano.

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Ao longo dos anos, a tendência dos festivais portugueses, pelo menos os de maiores dimensões, em não apostar no hip-hop tem-se dissipado aos poucos, com o NOS Primavera a ter dado início a esta corrente em 2012 e a levantar voo em 2016 quando se juntou o Super Bock Super Rock na demanda, começando a assegurar um cabeça de cartaz de hip-hop em cada uma das edições que se seguiu; Kendrick Lamar em 2016, Future em 2017 e Travis Scott sucederá este ano.

Contrariando o festival do Parque das Nações, que tem vindo a criar dias (quase) únicos a esse registo, o NOS Primavera Sound contrabalança o seu festival eclético de modo a que haja sempre um estilo diferente a ecoar pelo Parque da Cidade. Todavia, 2018 marcará o ano em que a representação do hip-hop no cartaz do festival do Porto atingirá o seu auge: no total, serão sete os artistas que recitarão rima atrás de rima ao longo de três dias.

Para este ano o grande destaque recai no segundo rapper a encabeçar o festival, A$AP Rocky, nome que há tempo faz parte do livrete de ‘desejos-de-artistas-que-se-quer-em-Portugal’ para os amantes do estilo. A juntar-se a este artista emergente, é impossível não destacar também dois outros novos nomes em ascensão no universo do hip-hop: Tyler, The Creator e Vince Staples finalmente pisarão território luso, ambos carregando dois dos mais aclamados álbuns do ano passado.

Com a disposição dos artistas por dias e palcos a ter visto o seu anúncio ontem, é notória a importância que o hip-hop terá este ano no cartaz do NOS Primavera Sound, manifestando-se com peso nos palcos de maior afluência e em timeslots consideráveis. À partida, com base no feedback nos anos anteriores e da qualidade dos artistas que marcarão presença no festival, a aposta significativa no hip-hop que se verifica para esta edição do evento do Porto tem tudo para ser uma jogada certeira.

Passados quase dez anos de existência, parece que as sementes de hip-hop que o NOS Primavera Sound tem vindo a cultivar ano após ano irão finalmente desabrochar em todo o seu esplendor já nos dias 7, 8 e 9 de Junho. Agora, resta esperar que esta tendência se continue a propagar pelo nosso país para que, num futuro não tão distante, o hip-hop não só se encontre fortemente representando em grande parte dos festivais portugueses como também em concertos em nome próprio.

Texto – Nuno Fernandes