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Entrevista a Cícero, “A música é um processo coletivo”

Do Brasil para o Mundo, Cícero é uma das certezas da música popular brasileira contemporânea. Inspirado por Caetano Veloso, Gilberto Gil, saudade, Rio de Janeiro ou São Paulo, é toda esta mescla de temas que fazem do jovem brasileiro um dos artistas mais amados quando trata de visitar Portugal. Em vésperas de mais uma tour por solos portugueses, o Música em DX teve uma conversa telegramática com o cantor e autor de Cícero e Albatroz.

Música em DX (MDX) – O que é que este último álbum Cícero e Albatroz significou para ti?
Cícero –  Um momento criativo de troca entre amigos. Um processo coletivo.

MDX – Que mensagem quiseste passar?
Cícero –
Uma fotografia do que vejo e vivo em comum com o que vemos e vivemos todos no cá no Brasil nesses tempos.

MDX – Qual é a importância de tocar ao vivo?
Cícero –
Levar a música fisicamente para uma experiência coletiva.

MDX – Tocas muitas vezes a solo mas também com a banda Albatroz. Preferes tocar sozinho ou com banda?
Cícero –
São duas coisas bem diferentes. É como dançar sozinho ou em grupo, são sensações diferentes e ambas prazerosas, difícil escolher.

MDX – Porque é que fizeste agora este álbum com os Albatroz?
Cícero –
Porque identifiquei nesse grupo de pessoas uma unidade criativa, uma intimidade musical.

MDX – Pergunta difícil: Rio ou São Paulo? Sei que já viveste nas duas cidades. O que é que te dizem as duas cidades? O que é que significa para ti o Rio ou São Paulo na hora de compor.
Cícero –
Sou do Rio de Janeiro. Nasci, cresci e vivo aqui, então sou íntimo da cidade, me reconheço. Em São Paulo morei dois anos e vou sempre, ainda tenho a sensação da descoberta lá, é estimulante. Em São Paulo me sinto interessado por tudo, no Rio de Janeiro me sinto em casa.

MDX – Tens alguma outra cidade que gostavas de viver?
Cícero –
Sim, Lisboa.

MDX – O que guardas de Portugal? Já tiveste oportunidade de fazer uma tour por cá e até de gravar um vídeo. O que é tem de especial a terrinha?
Cícero –
Muita coisa, me sinto calmo e criativo em Portugal. Minha ansiedade diminui, fico mais atento às belezas, acho que morar aí uns tempos me faria bem, até para entender o que é isso de especial que você me perguntou.

MDX – Qual o impacto que a saudade tem no teu trabalho?
Cícero –
É uma palavra ainda misteriosa pra mim. Não sei dizer, de tudo que eu sinto, o que é saudade.

MDX – Para além de ter sido gravado em cidades diferentes, qual é a maior diferença que encontras em este último disco e o A Praia?
Cícero –
O Brasil teve fortes emoções nesse meio tempo. Fui afetado por isso, o disco atual fala com menos inocência.

MDX – O que é que conheces da música portuguesa? Tens algum artista que oiças ou acompanhes?
Cícero –
  Gosto muito do Manel Cruz, do Capitão Fausto, do B Fachada, de bastante gente.

Entrevista – Carlos Sousa Vieira
Fotografia – Eduardo Magalhães | Cícero