Quinta-feira à noite o Sabotage Club recebeu a comemoração do vigésimo quinto aniversário da edição de “Dread”, álbum de estreia dos portugueses Lulu Blind.
Há 25 anos atrás, sem internet e apenas com alguns sítios como o Johnny Guitar a darem espaço ao rock n’roll, não era fácil entrar no circuito dos concertos ou mesmo editar um disco. Os Lulu Blind conseguiram quebrar esse enguiço pela mão de Marta Ferreira e da El Tatu, editora dos Xutos & Pontapés, e convidaram Zé Pedro para produzir “Dread”. Em 1993, no auge da invasão do grunge de Seatle, tocaram na primeira parte dos Sonic Youth e nas rádios rodava Rita Hot Pussy. Muita água correu debaixo da ponte desde 1993. Os meninos rebeldes perderam os traços de meninos rebeldes, são homens crescidos, assim como o era quase todo o público nessa noite. Gente crescida com a alma jovem e naquela noite ainda mais rejuvenescidos.
A primeira parte esteve a cargo dos The Brooms a quem coube a tarefa de animar a casa que aguardava impaciente por rever os Lulu Blind em palco.
Sabíamos de antemão que o concerto não seria muito longo, mas foi bom voltar atrás sem o fazer realmente e perceber que muito do que se fez há 25 anos atrás em Portugal continua de certa forma actual. As imagens projectadas durante toda a noite mostravam aqui e ali recortes de jornal, bilhetes de concertos, fotos de um tempo que não volta, mas que mal ou bem foi fulcral para muito do que se faz hoje.
As escolhas da noite recairam sobre Fast Guy Fucker, Go And Die, Dirty Money, Killer, Surf Zombie, Dread Monsters e o inesquecivel Rita Hot Pussy, interpretadas de forma quase fiel ao original.
Não foi o mesmo que há 20 anos atrás, foi diferente. Foi diferente porque nós estamos diferentes, porque o mundo está diferente.
Quando tudo terminou, parecia que apenas tinha sido um ensaio para algo muito maior, tal como o foram os Lulu Blind na sua década, um ensaio para outros momentos que viriam a definir o futuro, que é agora o presente da nossa música. É esse o legado dos Lulu Blind e de todos os que os vieram aplaudir, e que a Rastilho tão acertadamente decidiu celebrar.
Texto – Isabel Maria
Fotografia – Luis Sousa