De volta a Portugal, Cícero renovou as juras de carinho e saudade que tem pelo país irmão. No Capitólio, no passado dia 20 de junho, o artista brasileiro celebrou o novo álbum, Cícero e Albatroz, num concerto que juntou muitos amigos e pessoas que queriam comemorar este trabalho.
Depois de mais uma tour por Portugal, a segunda depois de 2016, onde percorreu Portugal de lés a lés, Cícero voltou mais uma vez sendo que parou obrigatoriamente em Lisboa, cidade que, conforme contou numa entrevista ao Música em DX, “gostava imenso de viver”. Com o carinho mostrado ao longo do concerto, entendeu-se o porquê. Uma comunhão e amizade entre plateia e músico, que mostra que este tem mais do que motivos para vir, e rapidamente.
Quanto ao concerto dito, podemos dividi-lo em dois momentos. Um relacionado com o dito álbum Cícero e Albatroz e o outro mais ligado com os temas mais antigos e por consequência, mais familiares para a plateia ali presente. A Grande Onda foi o tema de abertura de um concerto que, embora tenha começado 20 minutos depois da hora, de um modo geral soube a pouco. Soube a pouco, no sentido de ter passado rápido.
A banda disposta ao longo de todo o palco mostrou também que a Música Popular Brasileira está bem viva e que nos dias de hoje está também bem entregue. Cícero e Albatroz tem a curiosidade que, ao quarto álbum de originais, é o primeiro que conta com a colaboração direta da banda que o acompanha em muitos dos seus concertos até então, os Albatroz. Esta fusão de ideias faz com que se note claramente que há uma fase antes e depois do último álbum, com maior destaque dos instrumentais em grande parte dos temas, como A Ilha. A Cidade, A Deriva foram também outros temas que, ou suscitavam grandes ovações por parte do público ou então era respondido com coro.
Nem com a corda partida a meio do concerto, Cícero se amedrontou. Embora se revele como um músico muito introvertido e consequentemente não se comunique muito com o público, não é preciso muito para mostrar que a relação entre estes é próxima. O Tempo de Pipa é a prova maior de que o legado do Cícero já começa a ser grande por este lado do Oceano Atlântico.
“Quando venho a Lisboa tenho sempre uns temas novos, mas tem uns temas antigos que gosto de tocar“
,confidenciou-nos. E ainda bem. De Passagem, A Praia e o já citado Tempo de Pipa foram alguns dos casos. Aí, o público já é segunda, terceira, quarta voz.
À hora de saída, discutíamos de zero a fofo, o quão o concerto foi. A estranha chuva de junho tinha ficado à porta, mas o calor não. De coração quente regressamos a casa, com a certeza que vamos voltar a encontrar para ver o que o Cícero poderá escrever sobre Lisboa, se um dia ele vier viver cá, de facto.
Texto – Carlos Sousa Vieira
Fotografia – Luis Sousa