Por diversas vezes já referi que os Domingos não servem só para ficarmos em casa de robe ou de chinelo. Há Domingos que nos oferecem programas especiais que nos podem dar um boost de energia para encarar a semana. Falo do passado Domingo, dia 1 de Julho e da nossa ida ao Altice Arena para ver o carismático Lenny Kravitz.
Por um palco ligeiramente chegado à frente, entram os MF Robots, pioneiros desta noite. Os MF Robots apresentam um palco cheio de pessoas e instrumentos! Em conjunto, constroem ritmos quentes e tropicais com muita soul, algum jazz e duas vozes femininas. Durante 45 minutos espalharam um certo charme latino que passou ao lado de muitos, dado que não era o concerto esperado.
Seriam 21h45 quando Lenny Kravitz entrou em palco com a sua inconfundível imagem de carapinha e olhos tapados por óculos escuros. Apareceu no centro de um anel que se encontrava mais atrás a romper o silêncio e a escuridão com “Fly Away”. De imediato os pêlos se puseram em pé e um saudosismo pela a adolescência se apoderou. Era tudo igual, a voz, ele e o seu carisma, como se nós fossemos os únicos que ficámos mais velhos.
Um belo jogo de luzes e de cintura (apesar do caminhar desengonçado que lhe é característico), anteviam um espectáculo brilhante e envolvente. A majestosa “Dig In” logo de seguida e pouco depois “American Woman” a remeter-nos para um verão californiano. Aqui entram dois saxofones e um trompete e Lenny faz uma transição maravilhosa para “Get Up, Stand Up” de Bob Marley, terminando com o apelo de que precisamos de gerar amor, mais que nunca! “It’s Enough” e “Low” músicas novas que em nada fogem ao seu registo rock’n’sexy. Os olhos fechavam-se para receber “It Ain’t Over Till It’s Over” e um solo de guitarra delicioso, sem saber a dimensão do sentimento e intensidade que viriam a seguir. “Can’t Get You Out Off My Mind” trouxe a melancolia dos amores de verão que pensávamos, sempre, serem para a vida toda. “Belive” transportava para a lembrança de que não pode estar sempre a chover! E, para terminar a emoção, “I Belong To You” e o seu sensualismo bem apurado mexia com cada molécula e levava ao leve mordiscar de lábio. Para terminar, as explosões de “Mamma Said” e “Where Are We Runnin’?” relembrando-nos das faixas que sempre adorámos e que em algum tempo fomos esquecendo. O Altice Arena dançava de uma ponta a outra, como se cada frame e segundo fossem os únicos que podíamos viver.
“Again” encerrou o concerto defraudando a versão de estúdio, sem qualquer magia, e Lenny abandona o palco enquanto a música termina, aplaudindo o público.
O encore trouxe com ele “Let Love Rule” e “Are You Gonna Go My Away”. A primeira tinha uns novos arranjos e estava a soar mais a blues, um rendilhado instrumental carregado e forte que perdurou algum tempo. O tempo suficiente para que Lenny desse uma volta ao pavilhão no meio do público!
A acompanhar todo a envolvência sentida, um jogo de cordas estrondoso com riffs energéticos e sensuais, distorções intrigantes e um cheiro a rock clássico que se entranhava. A juntar a estas cores, teclas intimidadoras e a voz rouca e charmosa de Lenny confirmando que o sex symbol do rock dos anos 90 continua em forma e a tocar rock, sensualmente, como ninguém!
Texto – Eliana Berto
Fotografia – Luis Sousa