A noite de sábado dia 30 de Junho levou-nos até ao Centro Cultural do Cartaxo para mais uma sessão especial Cartaxo Sessions. Os Øresund Space Collective estiveram em Portugal na terceira edição do Reverence Valada onde actuaram debaixo de um sol escaldante de setembro para uma plateia completamente rendida.
Desta vez o colectivo dinamarquês, liderado pelo carismático Dr. Space, apresentou-se na escuridão da noite do Cartaxo com os portugueses Talea Jacta.
Os Talea Jacta, duo portuense composto por Pedro Pestana na guitarra (10000 Russos, Tren Go! Sound System) e João Filipe Pais na bateria (HHY & The Macumbas, Sektor 304, Montanha Magnética, Paise), teve a seu cargo a entrada da noite que se deu por volta das 23 horas. O local não se encontrava repleto de gente no entanto, todos os que lá se encontravam vinham em busca da redenção pela música. Assim, foi num ambiente bastante intimista e para um público muito restrito que aconteceu toda a noite de sábado.
Os Talea Jacta enfeitiçaram a audiência com a batida tribal da bateria de João Filipe e a guitarra cósmica envolta em loops constantes de Pedro Pestana. O som tribal e evocativo que nos levou numa viagem aos nossos primórdios, que nos transportou do espaço ao centro da terra em pouco mais de 50 minutos.
Após uma breve paragem para respirar a surpresa da noite, seria mesmo a entrada em cena dos Øresund Space Collective, com Dr. Space vestido de mago, e a adição de Pedro Pestana ao colectivo. O colectivo dinamarquês que lançou recentemente o seu vigésimo oitavo álbum, Chatoyant Breath e apesar de três dos membros residirem actualmente em Portugal, continua a não ser fácil de ver por cá, assim não deixa de espantar o Centro Cultural do Cartaxo não estar mais composto.
A viagem que nos prepararam, não foi de facto preparada. A mística dos Oresund é exactamente essa ausência de plano. Acontece o que acontece porque assim deveria de acontecer e não porque assim se decidiu. Fomos brindados com quatro jam’s que totalizaram mais de hora e meia de viagem cósmica, em que por vezes parecíamos embalados na vertigem, outras vezes parecíamos ser nós a própria vertigem. Dr. Space observava muitas vezes o público tentando talvez perceber qual o próximo passo a dar.
A maneira despojada e sincera com que a música que produzem nos atinge chega a ser inesperada, mantém-nos submersos no som até aprendermos a respirar novamente ao mesmo ritmo. Os corpos balançam-se, alguns ao ritmo da bateria, outros enfeitiçados pela guitarra, outros simplesmente em transe vagueiam. Um sentido de humor extraordinário e uma vontade fabulosa de criar ambientes, leva-nos ao nome de um dos discos; Give your brain a rest from the Matrix, porque sim, podemos de facto deixar levar e por duas breves horas esquecer tudo o resto, especialmente se fôr ao som deste colectivo.
Depois desta noite única resta-nos aguardar pela próxima visita do Colectivo Espacial.
Para os que pelas mais diversas razões não estiveram presentes e para os que estiveram e gostariam de reviver o momento, podem aceder ao site da banda, onde podem encontrar o concerto na integra.
Texto – Isabel Maria
Fotografia – Jorge Pereira | Cartaxo Sessions