Sábado era dia da atração do festival. Muitas das razões que levaram ao festival estar esgotado era por culpa do concerto dos Pearl Jam que se realizava por volta das 23h. Mas mais à frente falamos disso, até porque o último dia não se resume apenas à turma de Eddie Vedder mas também a Jack White, Franz Ferdinand, e até At The Drive In.
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A abrir o Palco NOS do último dia do festival, os norte-americanos The Last Internationale já repetentes no Alive e uma excelente escolha. Delila Paz e Edgey Pires são os rockeiros! O guitarrista Edgey Pires descendente de portugueses, fez questão de vestir a camisola da selecção das Quinas e partilhar que quando Portugal foi eliminado da competição mundial de futebol, também sofreu como nós. Não tocaram a Grândola Vila Morena de Zeca Afonso, mas não deixaram de demonstrar a sua indignação pelas injustiças sociais e radicalismos políticos que continuamos a viver hoje em dia. A Change is Gonna Come foi um dos momentos mais intensos, com Delila a cantar junto ao público. Edgey Pires fez questão de dizer algumas frases em português e rematou com um “Força caralho!”. Apesar de tocarem em toda a Europa, Portugal é sempre o sitio que têm mais prazer, pois o público é muito especial. E assim fecharam com chave d’ouro com a musica mais rockeira do alinhamento, 1968. Os The Last Internationale deram tudo!
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À mesma hora, sensivelmente, quem está no palco Core, o é Primeira Dama. Com apenas uns polémicos 20 minutos de atuação, todos os minutos foram aproveitados para fazer aquilo que Manel Lourenço, como a formosa Rita ou ainda o tributo ao José Mário Branco com o Tiro-no-liro. Da próxima vez, organização por favor dêem os 10 minutos que faltam ao rapaz.
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Alice In Chains era um dos momentos mais aguardados do festival. A atuar numa hora imprópria para roqueiros, quando o sol bate mais forte, não tiveram um Palco NOS vazio. Bem pelo contrário. Embora grande parte já estivesse a marcar lugar para Pearl Jam, não deixaram de aplaudir o português com sotaque abrasileirado do William DuVall.
É sempre impossível esquecer do Staley, mas com DuVall e o resto da banda temos uma entrega ao som dos clássicos que nos transportam até aos anos 90, e revivemos o Man in the Box, o Would? ou o Rooster. Como acontecera com Nine Inch Nails, foi um concerto que pecou pela hora. Era daquelas que devíamos ouvir já a noite fora. Mas quem sabe se eles não regressam num futuro breve.
No Palco Sagres, os londrinos Marmozets tiveram o desafio de actuar há mesma hora de Alice in Chains no Palco NOS. Mas o único apontamento menos positivo a destacar foi tocarem pouco tempo. Aliás essa foi uma nota que a vocalista Becca Macintyre também fez questão de referir. Considerada das bandas punk rock britânicas mais promissoras, e com dois álbuns editados, os Marmozets foram uma explosão em palco! Ao contrário de Delila (The Last Internationale) que apresentou em palco um rigor no figurino, Becca não poderia estar mais casual. A aparente menina simples e recatada sofreu um processo de metamorfose demoníaca! Uma voz magnífica a puxar pelos agudos numa afinação irrepreensível. Gestos de uma sinceridade tão expressiva quanto emotiva, um verdadeiro vulcão em ebulição. Que o digam os fans que não descolaram das grades! Queremos os Marmozets no RCA Club.
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Em dia de registos mais pesados em ambos os palcos (NOS e Sagres), Real Estate refrescou o ambiente do Palco Sagres. Um jangle pop para aligeirar o corpo e provocar movimentos mais relaxantes, os norte-americanos tiveram um público muito receptivo e conhecedor dos temas. Com quatro álbuns de estúdio e um EP, os Real Estate trouxeram a Algés algumas músicas novas do álbum em que estão a trabalhar.
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Esta viagem no tempo continua e voltamos para um passado já um pouco mais recente. Quando falamos de Franz Ferdinand há uma coisa que lembramos logo. Festa. Muitos foram os momentos em Portugal, os suficientes para terem um visto de residência, que a banda nos proporcionou, e era isso que estava subentendido quando começou o concerto. Excepto quando o Do you want to nos soou estranhamente mais baixo e mais lento que o costume. Num ritmo estranho e pouco festivaleiro até para eles, foi ao som do novo Always Ascending que vimos um concerto num sentido descendente. Sem muito para contar até à reta final, quando os clássicos Take me Out e This Fire acabam por fazer pular e arrasar o público. Valha-nos isso, Alex Kapranos.
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Ao início da noite e já depois da banda de Alex Kapranos ter “incendiado em lume brando” o palco principal, os nova-iorquinos Clap Your Hands Say Yeah amenizaram os ânimos no palco Sagres. Nome peculiar e demasiado extenso para uma banda, Clap Your Hands Say Yeah foi tirado de um graffiti numa das ruas de Nova Iorque. O quinteto certamente conquistou novos fans em Portugal, sendo a voz doce e tranquila de Alec Ounsworth uma das suas principais razões.
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Jack White. Por onde começar. Ver Jack White não é só ver Jack White. É ver todo um mundo em palco a acontecer. Quantas vezes na história das bandas temos oportunidades para assistir um homem mas ao mesmo tempo The White Stripes, The Racouteurs e The Dead Weather em palco? Foi isso que aconteceu. Ainda podemos levar com Lazaretto, do último álbum a solo do Jack White, mas quando escutamos Hotel Yorba, é sinal que vamos ter de levar com muito do universo dos The White Stripes (só nos faz falta a Meg – o que é feito de ti?).
Na verdade, o concerto foi quase todo um throwback aos The White Stripes com o Icky Thump, Screwdriver, entre muitos outros até chegar ao hino de estádio Seven Nation Army, que já se sabe leva ao céu qualquer um roqueiro. Agora quando for para voltar, que faça as pazes com a Meg e vamos embora a um regresso dos The White Stripes.
Os Lotus Fever editaram um dos melhores CD´s de 2017, “Still Alive for the Growth”. O casamento perfeito entre o rock psicadélico e o indie. Estiveram há dois anos atrás no mesmo palco, com a diferença que estávamos de óculos escuros postos. A banda de Pedro Zuzarte tem tudo para sair do banco dos suplentes e jogar como equipa principal. A qualidade de som não foi definitivamente um ponto a favor, e o pouco tempo (25 min.) de actuação também não. Resta-nos a esperança de voltar a vê-los em condições condignas.
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Era sábado e ao contrário do que acontecera 5ª e 6ª feira, às 17h00 já o recinto estava muito composto e invadido por t-shirts de Pearl Jam. Muitas eram iguais, o que nos colocou algumas dúvidas na antiguidade da devoção pelos sobreviventes do grunge de Seattle. Seriam os mesmos fans daquele Verão de 1994 em que ouviam “Daughter” (Vs.) em repeat, enquanto a banda cancelava a tour como forma de contestação ao oportunismo do fisco, dos media e dos agentes? Passados vinte e quatro anos pouco ou nada disto interessou, esses são retratos nostálgicos de uma juventude que saboreou o grunge em tragos depressivos.
Em romaria os 55.000 festivaleiros perdoaram a ausência de álbuns e de espectáculos da banda de Eddie Vedder, e colocaram-nos novamente no pedestal da consagração do Rock. Empatia, saudade e amor foi o que sentimos nesta relação. Quinze minutos de espera que poderiam ter sido 30, ninguém arredaria o pé daquela que foi a maior concentração de pessoas por m2 nos 3 dias do festival. Umas linhas escritas em português foram o bastante para os corações se soltarem e se renovarem os votos. E nem o vinho tinto faltou para comemorar esse amor!
Revisitaram todos os grandes hits da banda, deixando o público rendido à prestação magnifica de Myke McCready, um mestre da guitarra. O alinhamento não tem variado muito ao longo da World Jam Tour, as surpresas ficaram para o encore. Já fora de horas, presentearam os fans com covers, John Lenon (Imagine), Pink Floyd (Comfortably Numb) e Rockin’ in the Free World de Neil Young. Este último com a ajuda de Jack White que ainda andava pelo palco. Um encore demasiado extenso, pois o Festival não terminaria no Alive e o line up dos outros palcos ainda prometia boas actuações.
Enquanto Eddie Vedder se entusiasmava com o encore, no Palco NOS Clubbing os portugueses The Gift esperavam para entrar em palco e, segundo Sónia Tavares (vocalista), já estavam no recinto desde as 10h00. Previsto para iniciar à 01h00, começaram quase trinta minutos mais tarde. Com vinte e três anos de carreira, a banda de Alcobaça está mais viva e profissional do que nunca! Sonoridades equilibradas entre a electrónica e a orgânica das guitarras orgulham-se de ter tido como produtor do seu último álbum Brian Eno. “Altar” é o seu sétimo álbum de estúdio, mas os The Gift são sobretudo uma banda de palco. O protagonismo é partilhado entre os músicos, transparecendo uma enorme cumplicidade entre todos eles, mas a presença de Sónia Tavares é tão imensa quanto a sua voz. Acompanhados por uma selecção criteriosa de imagens nos écrans, os The Gift escolheram um alinhamento perfeito para final de noite e transformaram o palco numa gigante discoteca! Uma roupagem diferente em cada tema a qual permitiu um prolongamento e um encaixe perfeito nas passagens, como o caso de “Music”, talvez das faixas que os melhor caracteriza. Infelizmente ficámos por uma mão cheia de músicas, deixando-nos a cantar em uníssono “Can´t Help Falling in Love”.
Meia hora de atraso significou meia hora de concerto a menos. Que significou menos meia hora de porrada. De mosh. De sangue, suor e lágrimas. At The Drive In foi uma equação de gritaria, rock e porrada como há muito não se via pelos palcos do NOS Alive (este mosh entra para a lista de mosh épicos do Alive que inclui também aquele mosh épico durante Refused em 2012).
Relationship of Comand foi o comandante de uma noite que se relevou intensa, com One Armed Scissor, Arcasenal ou Enfilade. No final, a despedida revelou-se muito à rock star, queixando-se de Eddie Vedder e o atraso no concerto. “Os Pearl Jam deram um concerto longo, mas não longo como a minha pila“. Microfone no chão e boa noite.
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Muito perto das 03h00 e com quase uma hora de atraso, os norte-americanos MGMT mudaram radicalmente o Palco NOS. Os festivaleiros mais resistentes (estando grande parte alcoolizada) manteve-se firme para a dança, os jogos de computador e a palmeira! Projecção de imagens coloridas num pequeno ecran no palco, a banda estava concentrada do lado direito do junto da palmeira. Os hits da moda fizeram as delicias do público que pacientemente os esperou, como “Electric Feel”. Cumpriram o alinhamento e ainda conseguiram por mexer algumas ancas e gingar alguns ombros. Um fecho morninho.
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Para despedida do Palco Sagres ficou um momento ingrato da noite. Perfume Genius para menos de metade do recinto, tocou o No Shape às 3 da manhã. Num concerto que tinha os poucos mas bons fãs, Just Like Love, Grid, Sleep Away e por fim, fizeram frente ao concerto de MGMT. Soube a pouco perante a qualidade do artista, da banda e as circunstâncias. Um horário que se viu arrastado até tarde e que os penalizaram.
De caminhada a casa, as saudades de encontrar pessoas felizes, a cantar pelo Passeio Marítimo de Algés já se faziam sentir e já começámos a fazer contas à vida até 11, 12 e 13 de Julho de 2019, data do NOS Alive do próximo ano.
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Texto – Carlos Sousa Vieira e Carla Sancho
Fotografia – Luís Sousa | Arlindo Camacho, João Silva, Sara Hawk e Hugo Macedo (NOS Alive’18)
Evento – NOS Alive 2018
Promotor – Everything Is New