Um dos regressos há muito aguardados, Black Rebel Motorcycle Club foram um dos melhores concertos no Palco NOS, no NOS Alive que decorreu na passada semana.
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Antes do concerto que já deixa muitas saudades, o Música em DX teve uma conversa com o Robert Levon Been, em que revelou uma outra faceta neste álbum em comparação ao anterior e uma viagem interior que levou à criação deste.
Música em DX (MDX) – Nós somos “Wrong Creatures?”
Robert Levon Been – [risos] Se fomos todos… Bem não vou querer ser um otário, mas é contigo. Depende de como as pessoas interpretam esse título. Nós temos tentado ser os mais vagos possível. Por isso, não me destruas logo à primeira pergunta. [risos] Mas eu não sei, há dias, há pessoas, coisas que são mais certas, noutras que é tudo mais errado. Eu gosto dessa pergunta, da resposta nem por isso. [risos]
MDX – Tenho uma mais fácil então. Para ti, qual é a maior diferença entre o The Spector at the Feast e este álbum?
Robert – Hmmm. Escrever o Spector veio numa altura muito difícil para todos. Nós estávamos a recuperar uma perda pesada, então este álbum viveu muito à sombra desse acontecimento e se tornou muito difícil para escrever. E foi uma tour muito emocional. Não na boa maneira que se espera, numa expressão para tentar fazer o bem. Já este álbum foi muito mais livre para deixar o pesado e tocar o que sentimos. Apenas tocar música rock de uma maneira nova, talvez. Foi mais libertador nesse sentido. Não mais fácil, apenas diferente, no que toca a criar. A maior diferença se calhar foi… Originalmente em Wrong Creatures, nós escrevemos demasiadas canções e gravávamos imensas. No último minuto acabámos por cortar algumas das melhores músicas. [risos] E pusemos algumas numa pequena cassete preta, que pusémos juntamente com o vinil. Mas a maioria das pessoas apenas ouve um lado da moeda. Eu penso que isso é diferente para mim. O Spector foi todos os lados da moeda, a virar constantemente. Este álbum parece que consegue ficar de um lado da face por mais tempo. O que é bom.
MDX – Isto relaciona com outra questão que tenho. Quando estás a criar, tu “crias” o momento para transmitir o que estás a sentir ou é aparece naturalmente?
Robert – Usualmente, começa naturalmente. Como um sentimento, um pensamento, um som. Nós apenas caímos sem pensar. Tropeçamos numa melodia e as palavras aparecem sem pensarmos, mas nunca vemos a fotografia completa. Apenas temos meio retrato daquilo que é. Tu sabes o que é, mas não sabes como acabar. E então, muito do tempo tu tentas fingir como ser natural, para acabar a história. Tu acordas de um sonho e só lembras de metade dele. E então tens de pensar como acaba. Tu pensas como te sentiste, e tentas tomar o sonho como realmente. Por isso sim, é como estimular um sentimento natural. A primeira parte é verdade. A segunda parte é pretender que se mantém verdade.
MDX – E de onde vem este interesse por sons indianos e bass drums?
Robert – Os tribais? Eu não sei… Qualquer um pode sentar os rabos e tentar tocar qualquer coisa. [risos] Nós tentamos criar sempre algo mais. Um ritmo, um set. Eu não sei onde arranjamos. Tentamos influenciar em diferentes lugares, mas às vezes é suficiente manter as coisas simples. Mas nós tens criar mais, se pudemos.
MDX – E consideras-te uma pesssoa intensa?
Robert – Intensa… As pessoas pensam que sou uma pessoa mais envergonhada ou reservada, mas musicalmente, não sou assim tanto. Mas não sei. Tu até podes ser mais intenso que eu. Apenas és melhor a escondê-lo.
MDX – E tens alguma mensagem que queiras mandar ao público português? Alguma chance de voltarem a Portugal?
Robert – [Risos] Sim, se houver alguma oportunidade irá certamente chegar até ti. Por isso escreve aos promotores até porque adoramos tocar aqui. E gostávamos de ter a oportunidade de tocar num espaço interior. O ambiente de festival até é divertido… durante um determinado tempo. Por isso, não temos muitas oportunidades de tocar o novo álbum e seria bonito mostrar mais do que ele é e tocar mais músicas do outro álbum. E tocar do outro também. [risos]
MDX – Então espero ver-te no Coliseu brevemente.
Robert – Eu espero também.
Entrevista – Carlos Sousa Vieira | Eliana Berto
Fotografia – Luis Sousa