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Há mais nove nomes para o Milhões de Festa

São mais nove nomes que se juntam esta semana ao cartaz da décima primeira edição do Milhões de Festa. Destaque para o regresso dos Electric Wizard ao festival que os acolheu, pela primeira vez em Portugal, em 2010, às estreias em Barcelos das entidades Circle The Heliocentrics e a novidade 700 Bliss (o mais recente projecto de Moor Mother). Pelos palcos do recinto passarão ainda o punk explosivo do trio russo Mirrored Lips, o stoner de Pharaoh Overlord e o post-rock dos barcelenses Indignu. Cumprindo com a anunciada vontade de reforçar a componente imersiva das apresentações, confirmam-se ainda as estreias do mais recente trabalho de Natalie Sharp (Lone Taxidermist) e o ritual imprevisível dos UKAEA (United Kult of the Animist Endgame Apostles).

Aplaudidos e venerados a cada novo disco, os Electric Wizard são frequentemente descritos como a mais pesada banda do universo. Em boa verdade, serão, hoje, mais do que uma banda. Se é indiscutível o lugar que ocupam enquanto instituição do dooma nível mundial, a discografia e as diferentes encarnações dos britânicos são também um documento histórico para todo um cosmos de manifestações culturais que descobrem os espectros mais negros da arte. Do cinema de Jess Franco à literatura de Robert E. Howard e H. P. Lovecraft, a sua música congela as referências mais emblemáticas de uma subcultura que se alimenta do obscuro, do horror e da bruxaria. Depois do anúncio do fim de carreira dos Black Sabbath, muitos fãs e ainda mais imprensa apontaram-nos como os sucessores óbvios no lugar que se abria. Wizard Bloody Wizard, o mais recente disco, ao mesmo tempo que parece afirmar essa vontade, abre caminho para aquela que será, ao que tudo indica, uma nova era do colectivo, que, segundo afirmam, quer viver além dos créditos do seu riff com marca registada.

Dizem a propósito de si mesmos que: podem não ser a melhor banda do mundo, mas estarão perigosamente próximos de lá chegar. Ultra prolífico colectivo finlandês, os Circle são donos de uma capacidade quase hiperactiva de conquistar terrenos a diversos géneros musicais. Do jazz ao krautrock, do metal aos ambientes mais psicadélicos, parece não haver barreiras para a naturalidade com que resumem e redesenham as mais diversas linguagens da música. Com mais de cinquenta discos editados, o legado destes Circle pode ainda não ter selo de melhor do mundo, mas está, indiscutivelmente, no círculo de bandas de culto com maior longevidade a nível mundial.

O colectivo de jazz psicadélico londrino, The Heliocentrics, surgiu nos anos 90, quando o seu baterista, Malcolm Catto, gravou para as míticas Mo’Wax e Jazzman. O seu álbum de estreia, lançado em 2007 pela Stones Throw, solidificou-lhes o lugar por entre os mais interessantes nomes da música das últimas décadas. Equilibrando o exótico e o “estranho”, o universo dos The Heliocentrics é vasto e evolutivo. A sua discografia é documento de uma viagem por entre as diferentes encarnações do jazz e do funk e a sua incrível lista de colaborações uma espécie de introdução aos nomes que marcaram o movimento pós-Mo’Wax, de MF Doom a Mulatu Astatke, de Lloyd Mille a Orlando Julius.

Projecto colaborativo nascido nas festas e noites undergound de Filadélfia, as 700 Bliss juntam a poesia/spoken-word de Moor Mother (Camae Ayewa) e os beats de dança da produtora DJ Haram. Explorando a história mais obscura dos EUA, marca essencial do trabalho de Camae, estas 700 Bliss apontam o verbo ao afrofuturismo e ao protesto político, fazendo da palavra ponto de partida para uma experiência de purificação. Em Spa 700, a primeira colaboração em disco, edificam a sua mensagem na mais actual música de dança, para, daí, construírem atmosferas que são, em igual medida, terrenas e cósmicas.

Há uma nova geração de artistas a surgir no underground londrino. Explorando o cruzamento entre a música, os rituais de massa e o multiverso linguístico da arte, nomes como Natalie SharpGazelle Twin ou UKAEA desenham experiências irrepetíveis que envolvem a audiência no processo performativo. Trabalhando sobre símbolos pós-internet, reactualizando rituais ancestrais ou mimicando satiricamente comportamentos sociais, estas performances são desenhadas à medida do palco que as recebe, cruzando uma vasta gama de disciplinas artísticas, figuração, vídeo, dança e composições musicais. É este o universo que marcará uma das apostas do Milhões de Festa 2018. Reforçando a vertente imersiva das apresentações, o festival barcelense apresenta, em estreia nacional, BodyVice, um trabalho de Natalie Sharp sobre as conexões entre o corpo humano e a tecnologia, a rave techno-ritualística de UKAEA e o mais recente trabalho de Gazelle Twin.

O festival está de regresso ao Minho, entre os dias 6 e 9 de Setembro, para mostrar alguma da mais interessante música de hoje. Os novos nomes juntam-se aos já anunciados Os TubarõesThe Mauskovic Dance BandWarmduscherKink GongTajak Gonçalo. Mais nomes serão anunciados em breve.

+info em www.milhoesdefesta.com