O festival Bons Sons é muito mais que apenas um festival. É a celebração e a união do povo em torno da sua arte e da sua cultura, das suas raízes, e daquilo que mais genuíno temos, a alegria de estarmos juntos em festa.
Na edição deste ano que ocorreu de 9 a 12 de Agosto foram vários os momentos em que comprovámos os sorrisos de quem lá andava. De quem nos recebia, e de quem os visitava. A música portuguesa de lés a lés, em todo o seu esplendor, sem manobras e “fireworks” como diria um dia Salvador Sobral. É a Música Portuguesa, genuinamente, a Gostar Dela Própria – um enorme parabéns ao Tiago Pereira pela iniciativa deste projeto.
+ fotos na galeria Bons Sons 2018 dia 12 Ambiente
É o artista que é deixado em palco comovido e sem palavras. É o coro da aldeia que atua entre o som de uma guitarra elétrica e uma orquestra de foles. São os concertos surpresa à beira de uma janela qualquer. São os Jogos do Hélder espalhados de uma ponta a outra. São festivaleiros que se desconhecem e que se juntam na rua para dançar e cantar. Isto é ou não é bonito? Encontra-se em qualquer outro festival em Portugal? Não. É por estes e outros motivos que todos dizemos que não há outro amor de verão como em Cem Soldos.
Não importa se chegamos ao segundo dia e nos vamos antes que aconteçam os últimos grandes concertos do festival. Não importa. O que realmente importa é lá irmos. É lá estarmos, e comungarmos desta alegria e paixão que nem meninos tontos na rua. É também nos deixarmos molhar pelos borrifos pendurados entre postes. É ainda também nos deixarmos encharcar por alguém que derruba o balde cheio de água. É seguirmos as visitas orientadas pela aldeia. É mais do que tudo, nos juntarmos a todos, artistas e restante staff incluídos, para celebrar Bons Sons de novo. Para fechar a nossa presença na edição deste ano não nos vamos alargar em grandes dissertações sobre as prestações dos artistas. Para quê a sua utilidade, se ainda mantemos todos o sorriso de como se lá estivéssemos? Não importa se se tocaram notas ao lado, se foram dados “pregos”, ou se fotografámos e escrevemos pior que é costume. Não importa! Deixemos essas coisas para o resto do ano. Nestes quatro dias – para nós, três – apenas interessava o lá estarmos. Sem espinhas.
Começámos o nosso domingo, último dia de festival, com a Orquestra de Foles no palco MPAGDP – Música Portuguesa A Gostar Dela Própria. Curiosamente, a Orquestra de Foles, que é um agrupamento que tem como objetivo a promoção do instrumento Gaita-de-Foles e outros instrumentos de percussão, tem origem em Lisboa, e levou até Cem Soldos alguns temas de origem tradicional e popular com arranjos de estilo mais contemporâneo. Foi uma boa forma de iniciar uma tarde quente de Agosto.
+ fotos na galeria Bons Sons 2018 dia 12 Orquestra de Foles
Enquanto nos preparávamos para o concerto de Monday – Cat Falcão, uma das irmãs Golden Slumbers – somos surpreendidos pela presença dos Moonshiners num curto concerto numa das varandas que circunda o largo onde estava instalado o palco Giacometti.
+ fotos na galeria Bons Sons 2018 dia 12 Concerto Surpresa de Moonshiners
Inicia-se alguns instantes depois o concerto de Monday, que nos apresentou ao vivo temas do seu mais recente trabalho “One”. Num registo menos “limpo” que aquele que partilha com a sua irmã em Golden Slumbers, não deixamos reconhecer em palco a sua serenidade sempre encantadora.
+ fotos na galeria Bons Sons 2018 dia 12 Monday
Peltzer era a banda que se seguia, e a primeira do dia no palco Zeca Afonso. Foi provavelmente o concerto com a intro mais criativa que vimos, com a entrada em palco de um elementos staff da banda para anunciar o inicio do concerto como se tratasse do maior espetáculo do mundo. Não se tratou efetivamente do maior espetáculo do mundo, mas, a estreia dos Peltzer em Cem Soldos foi muito positiva. Descontraídos e a “curtir” o calor que ainda se fazia sentir, Rui Gaio e Cató Calado conseguiram fazer levantar os presentes mais preguiçosos para dançar. Foi uma boa entrada do palco Zeca Afonso neste último dia de Bons Sons.
+ fotos na galeria Bons Sons 2018 dia 12 Peltzer
Há artistas que estão na moda e enchem palcos, e um desses casos é Luis Severo. Ainda a puxar dos galões com os temas do último trabalho “Luis Severo” (2017), revelou-se, para além de um performer encantador, o verdadeiro adepto de Marvila envergando a camisola do Clube Oriental de Lisboa. Vimos vários sorrisos numa plateia esgotadíssima, e só por isso já valeu a pena.
+ fotos na galeria Bons Sons 2018 dia 12 Luis Severo
Entre Luis Severo e Dead Combo, encontraríamos mais um momento surpresa, desta feita na varanda da Junta de Freguesia local, por sinal também sede de imprensa para a nossa e restantes equipas. Os intervenientes eram Lena d’Água e Manel Lourenço (ou Primeira Dama, para quem não o reconheça pelo nome). Em mais um mini concerto, convidavam todos a se juntarem no final da noite no palco Lopes-Graça.
+ fotos na galeria Bons Sons 2018 dia 12 Concerto Surpresa de Lena d’Água e Primeira Dama
Apesar de a noite – e o festival – terminarem com os concertos de Moonshiners, Lena d’Água e Primeira Dama, Linda Martini e Foque + Godot, a nossa noite terminaria com Dead Combo e o seu Odeon Hotel. Não querendo menosprezar os restantes, honestamente, por todos e mais alguns motivos, esta nossa viagem até ao último trabalho de Pedro Gonçalves e Tó Trips foi o culminar de toda a portugalidade que representa o Bons Sons, e melhor forma de fecharmos este festival. Sabíamos que os iríamos encontrar dias depois em outro festival, mas já não seria a mesma coisa, ali era o local certo para os revermos.
+ fotos na galeria Bons Sons 2018 dia 12 Dead Combo
O festival Bons Sons já não é só de quem lá vive, é também nosso e nós ficámos a fazer parte deste mundo. A cada ano que repetimos o nosso regresso, mais saudade temos quando acaba. Tudo nos leva a querer voltar, que o próximo Agosto chegue rápido para que possamos viver de novo a Aldeia. Um enorme obrigado a todos os que tão bem nos receberam, em especial à equipa da SCOCS e todos os seus voluntários. Até para o ano!
Todos os artigos estão disponíveis em:
DIA 10
Bons Sons’18, dia 10 – Viagens transcendentais, amor e muita dança
+ Bons Sons 2018 Dia 10 Ambiente
+ Bons Sons 2018 Dia 10 10000 Russos
+ Bons Sons 2018 Dia 10 Sara Tavares
+ Bons Sons 2018 Dia 10 Mirror People
DIA 11
Bons Sons’18, dia 11 – Ao ritmo das baquetas hipnóticas dos PAUS
+ Bons Sons 2018 Dia 11 Ambiente
+ Bons Sons 2018 Dia 11 Homem Em Catarse
+ Bons Sons 2018 Dia 11 Artesãos da Música
+ Bons Sons 2018 Dia 11 Concerto Surpresa Miguel Calhaz
+ Bons Sons 2018 Dia 11 O Gajo
+ Bons Sons 2018 Dia 11 Ela Vaz
+ Bons Sons 2018 Dia 11 Concerto Surpresa Zeca Medeiros e Filipa Pais
+ Bons Sons 2018 Dia 11 QuartoQuarto
+ Bons Sons 2018 Dia 11 Miguel Calhaz
+ Bons Sons 2018 Dia 11 Zeca Medeiros
+ Bons Sons 2018 Dia 11 Sean Riley & The Slowriders
+ Bons Sons 2018 Dia 11 PAUS
+ Bons Sons 2018 Dia 11 Cais Sodré Funk Connection
+ Bons Sons 2018 Dia 11 Conan Osiris
DIA 12
Bons Sons’18, dia 12 – Viver a Aldeia e passar a noite no Odeon Hotel
+ Bons Sons 2018 Dia 12 Ambiente
+ Bons Sons 2018 Dia 12 Orquestra de Foles
+ Bons Sons 2018 Dia 12 Concerto Surpresa Moonshiners
+ Bons Sons 2018 Dia 12 Monday
+ Bons Sons 2018 Dia 12 Peltzer
+ Bons Sons 2018 Dia 12 Luis Severo
+ Bons Sons 2018 Concerto Surpresa Lena d’Água e Primeira Dama
+ Bons Sons 2018 Dia 12 Dead Combo
Texto – Carla Santos
Fotografia – Luis Sousa
Evento – Bons Sons’18