Depois de dias de ansiedade que, creio ser geral, chegam, finalmente, os dias de plena felicidade no nosso querido Vodafone Paredes de Coura. É estranha a sensação de liberdade e leveza que nos espera quando saímos do carro em Paredes de Coura e é com esse astral de leveza que enfrentamos uma jornada de quatro dias de música, este ano com um lineup um pouco mais descuidado ou, talvez, pouco metódico.
Já com quatro dias de Festival Sobe à Vila para trás é, na quarta-feira dia 15, que as portas do recinto se abrem para mais uma edição, 26ª no caso.
Marlon Williams revelou-se de imediato uma fonte condutora de satisfação auditiva. O aconchego e conforto consumaram-se à primeira nota tocada e, a voz sensual e consistente tal Elvis, fez com que nos víssemos com vestidos glamourosos num baile qualquer dos anos 50 ou até no banco de trás nas viagens de férias com os pais. As guitarras cruzavam melodias com o baixo e a sensualidade extravasava… quer pela harmonia instrumental quer pela postura de Marlon. “Vampire Again”, a balada “Nobody Gets What They Want Anymore” (dedicada à ex-namorada) e “What’s Chasing You” deixaram-nos todos mais próximos e encantados.
Os carismáticos Linda Martini entram em palco mais fortes que nunca. Disco após disco, revelam uma maturidade digna daquilo que são. Este Homónimo, para além de forte, mantém a essência deles e isso transpareceu neste concerto, apesar da qualidade do som não estar muito apelativa. “Gravidade”, “Caretano” e “Boca de Sal”, tal como introduzem o álbum, introduziram o concerto e levamos logo como uma força que quase nos abalou e atirou ao chão. O poder que estes 4 elementos carregam consigo transmite-se para cada pessoa que os vê e a poesia livre de complexos mistura-se com os flashes instrumentais que tão bem trabalhados são nas cordas e na bateria. Há um véu de sujidade crua nos seus arranjos e tudo isto faz com que cada concerto deles seja uma boa explosão de todos os males que trazemos connosco. “Panteão”, “Unicórnio de Sta. Engrácia” fizeram belas delícias, também e a intensidade desbravou com “Mulher-a-dias”, “Belarmino”, “Cem Metros Sereia” e “Amor Combate”, todo o público gritava, o mosh começava e o crowdsurfing também. O concerto termina com a Cláudia nos braços do público. De relevar a homenagem a Phil Mendrix na bateria de Hélio.
O concerto mais aguardado da noite tornou-se o concerto da noite e um dos concertos do festival. Os King Gizzard & The Lizard Wizard são um fogo que nunca se apaga, uma força inabalável onde vamos buscar uma transfusão da força que precisamos. É tudo transcendente e electrizante e, por diversas vezes, perdemos o norte. Ao subir ao palco Stu afirma com os pulmões cheios que o festival é maravilhoso e agradece o regresso, 2 anos depois. As imagens psicadélicas, cheias de néons e jogos de sombras esquizofrénicos fazem com que nos percamos da realidade. A bateria siamesa perfura-nos o peito e as distorções abanam-nos a mente. Tudo se compõe para nos transportar por uma viagem a um mundo cósmico com demasiados raios e obstáculos por desviar. Adrenalina no seu estado mais puro! A densidade que constroem com distorções magnéticas e alucinógenas das guitarras arrepia-nos até aos ossos e tudo se sente com demasiada intensidade. Poucas pausas há entre as músicas e a estrada fica cada vez mais apetecível, tocando num nível profundo de transe. O diabo está-lhes no corpo e no nosso também, naquele momento. Em pouco mais de uma hora conseguiram criar mundos paralelos, faíscas, abanões e viagens profundas tudo com a poesia magnética de quem elabora uma ode às forças da natureza. “Vomit Coffin”, “Rattlesnake”, “Sleep Drifter”, “Cellophane”, “Crumbling Castle” e “People-Vultures” são um exemplo das maravilhas que nos passaram pelos ouvidos.
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De seguida viria The Blaze e, com eles, o caminho para casa.
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Texto – Eliana Berto
Fotografia – Jorge Buco | Hugo Lima (Vodafone Paredes de Coura)
Evento – Vodafone Paredes de Coura’18