Enquanto acontecem os festivais de verão, outros, os de inverno, anunciam também os seus cartazes. Um desses casos é o Misty Fest’18, que nos últimos meses tem anunciado vários artistas que passaram a compor o seu cartaz.
O primeiro anúncio para 2018 foi o de Scott Matthew que trará Ode To Others ao Tivoli BBVA, em Lisboa, ao Theatro Circo, em Braga e Casa da Música, no Porto, num novíssimo concerto que tem arrancado os mais veementes elogios da crítica internacional. Os concertos acontecem nos dias 31 de Outubro (Porto), 2 de Novembro (Braga) e 4 de Novembro (Lisboa).
Outra das confirmações anunciadas é a de Anna von Hausswolff. Pode argumentar-se que os tons noturnos da música de são condizentes com um presente que, pelo menos do ponto de vista dos grandes media, não é o mais animador com conflitos em vários pontos do mundo e ameaças globais de vária ordem a imporem ao mundo o peso de uma sombria realidade.
Dead Magic, o mais recente e aclamado trabalho da artista sueca, nascida em Gotemburgo, tem carimbo editorial da prestigiada etiqueta City Slange conta com produção de Randall Dunn, colaborador habitual dos mais notórios embaixadores do chamado drone metal, os aclamados Sun0))). Apoiando-se sobretudo nas texturas solenes e algo fúnebres do orgão, instrumento cuja sonoridade tanto o tornou em essencial recurso para os compositores que assinaram requiems como para os autores de bandas sonoras que escreveram peças para filmes de terror, Anna von Hausswolff conta ainda com a sua voz de soprano, que já lhe valeu comparações a Kate Bush, como uma das mais distintivas marcas da sua arte.
Com canções longas e profundas, Anna von Hausswolff parece explorar, em disco como em palco, os mais obscuros recantos da alma humana. O britânico The Guardian descreveu o mais recente trabalho de von Hausswolff como o mais negro e profundo da sua carreira e como “um ópus ambicioso”. Escutá-la ao vivo é uma das mais arrebatadoras experiências que a música contemporânea pode proporcionar. Estará no Porto no dia 20 de Novembro, em Coimbra no dia 21, em Lisboa no dia 22, e finalmente dia 25 de Novembro em Loulé.
O espantoso em Andrea Motis é que apesar da sua tenra idade – a trompetista e cantora de Barcelona soma apenas 23 anos – ela já conta com um álbum em nome próprio na prestigiada etiqueta Impulse! -Emotional Dance foi editado, perante aclamação generalizada, em 2017 -, variadíssimas colaborações com o seu mentor, o baixista Joan Chamorro, o primeiro dos quais, Joan Chamorro presenta Andrea Motis, quando contava meros 15 anos de idade. A esse registo somam-se mais uma dezena (!!!) em colaboração com o seu mentor ou com o colectivo Sant Andreu Jazz Band, uma marca impressionante de um talento fora do comum que logo em 2007, quando Andrea tinha apenas 12 anos, se começou a manifestar em palcos de forma muito séria.
No seu período formativo, Motis, que também é uma executante sólida no saxofone alto, tocou trompete – que considera o seu primeiro instrumento, ao lado de grandes nomes do jazz mundial como o trombonista Wycliffe Gordon, os saxofonistas Jesse Davis e Dick Oatts ou o clarinetistaBobby Gordon. “Tocar trompete”, explica, revelando uma sabedoria bem mais ampla do que a sua idade deixaria antever, “é como meditar. É parte importante da minha vida. Mas não quero apenas escolher um lado, porque gosto de tudo”, confessa, referindo-se ao facto de ao lado de Chamorro ter igualmente descoberto a sua voz como instrumento.
Naquele que é já o seu segundo registo para a Impulse!, Emotional Dance, a sua voz ocupa um espaço de eleição. Comparada tanto a Billlie Holiday como a Norah Jones, Andrea Motis revela uma voz alto, com fraseado sucinto, mas imaginativo, bem expresso logo no tema de abertura, o standard “He’s Funny That Way”. A propósito deste álbum, John Fordham escreveu no Guardian que Motis tem aparência de grande estrela desde a adolescência e descreve o resultado final como “uma sessão que nos prende”. Será igualmente assim em palco, num concerto em que a jovem Andrea Motis poderá mostrar que o talento e a capacidade de encantar não precisa do peso dos anos para se manifestar. Poderemos assistir ao seu concerto dia 15 de Novembro no Porto e dia 16 de Novembro em Lisboa.
Pianista, compositor, arranjador e diretor musical de nomes como Phoenix ou Sebastien Tellier, o carismático e talentoso Christophe Chassol assinou uma peça artística que desafia as classificações. As suas composições articulam vozes, música, sons e imagens em novos objectos audiovisuais. O resultado tem um nome: “ultrascore”.
Nascido em 1976, Chassol descobriu a música aos quatro anos. Filho de um saxofonista amador, este miúdo negro ingressou no Conservatório como outros vão para a tropa. Passou lá 16 anos, começando por aprender harmonia, escalas e melodia como base essencial para o que se seguiria. Traumatizado ainda jovem pela banda sonora do filme A Torre do Inferno, o pequeno Chassol percebeu rapidamente que não editaria o seu primeiro álbum aos 20 anos. De facto, não aconteceu. A publicidade ocupou boa parte da sua concentração durante os anos seguintes. Entre a produção de jingles para publicidade, Chassol encontrou tempo para se tornar maestro entre 1994 e 2002 e depois descobriu o mundo da música pop quando acompanhou Sebastien Tellier e os Phoenix em Politics (2004), trabalho para o qual o jovem sósia de Jean-Michel Basquiat criou a maior parte dos arranjos.
Uma das consequências de tais trocas é que criam confusão entre a vanguarda e a ambição da própria pessoa. Tanto discípulo da escola minimalista de Steve Reich ou John Adams como entusiasta da cultura pop, este parisiense gosta de afastar dos caminhos mais percorridos, tal como se percebe olhando para a sua carreira. Aceitou encomendas de museus de arte contemporânea, assinou peças para filmes e depois começou a criar os seus próprios filmes, como Nola Chérie ou Indiamore. Oportunidades para trabalhar matérias tão distintas como as marchas da cidade berço do jazz ou as luxuosas orquestrações indianas para cinema. Big Sun foi o seu projeto seguinte, uma investigação das Índias Ocidentais: “Fui à Martinica capturar elementos da identidade musical da ilha, filmei carnavais, paradas, bandas, procissões e desfiles militares, linguagem, crioulo, sotaques, ambientes noturnos, o som da chuva, pássaros a cantarem, os sistemas de som, as comunidades rastafári, músicos e cantores, percussão, missas e contadores de histórias, concertos de mar e de ondas”.
Artista completo? Com certeza. E a descobrir urgentemente agora que apresenta ao mundo os seus Ultrascores II. Tocará dia 15 de Novembro em Lisboa e dia 17 de Novembro em Coimbra.
10 mãos e um piano preparado. Quem diria que um conceito que teve, por exemplo, em John Cage um dos seus grandes criativos – o de intervir sobre a mecânica sonora do piano através da adição de objetos a ele estranhos – poderia ter uma vida tão diferente?
É essa a proposta dos brasileiros da PianOrquestra, grupo singular que toma o piano como um quase infinito universo de possibilidades. O Globo nomeou o seu espetáculo como um dos melhores do ano e o histórico João Bosco, que fez uma digressão dedicada a Pixinguinha com a PianOrquestra, descreveu-os como “uma surpresa” e classificou o espetáculo conjunto como “maravilhoso”.
O grupo, que garante produzir, “música instrumental brasileira como nunca ninguém viu ou ouviu” inclui o consagrado pianista Claudio Dauelsberg que se apresenta ao lado das também pianistas Mariana Spoladore, Priscila Azevedo e Anne Amberget além da percussionista Masako Tanaka. Neste formato, a PianOrchestra tem pisado os mais conceituados palcos mundiais arrancando sempre os mais efusivos aplausos e elogios.
Em Portugal, a PianOrchestra convida Luísa Sobral para com eles subir ao palco num espectáculo que promete muitas emoções fortes e algumas supresas. A premiada cantora e guitarrista terá a oportunidade de revisitar alguns acarinhados momentos do seu reportório com um acompanhamento inédito, surpreendente e até divertido.
A PianOrchestra subirá ao palco do CCB a 6 de novembro e três dias depois apresenta-se em Coimbra no Convento de São Francisco. a 12 de novembro será a vez da Casa da Música receber este extraordinário concerto.
Artur Fernandes, Filipe Cal, Filipe Ricardo e Francisco Miguel, quarteto que possui uma longa carreira assinada como Danças Ocultas, preparam-se para apresentar um novo espectáculo no âmbito do Misty Fest de 2018.
Depois do EP gravado com Dom La Nena em 2014 e do álbum Amplitude que resultou da colaboração estreita com a Orquestra Filarmonia das Beiras, os Danças Ocultas rumaram ao Brasil para trabalharem com Jaques Morelenbaum num novo registo que deverá ser lançado em setembro.
“O concerto”, explica Artur Fernandes, “será baseado essencialmente no novo reportório embora não nos escusemos a revistar alguns momentos anteriores da nossa obra”.
Pela primeira vez irão ter uma nova formação em palco: com os Danças Ocultas estará o próprio Jaques Morelenbaum no violoncelo e a sua filha Dora, na voz. “Teremos ainda um sétimo elemento em palco, mas para já é surpresa”, adianta também Artur Fernandes.
Os Danças Ocultas praticam uma espécie de música de câmara a partir da original exploração das concertinas, um instrumento tradicional para o qual criaram um reportório único com que têm corrido mundo recolhendo aplausos nalgumas das mais prestigiadas salas e festivais internacionais.
“Para o novo disco que contém composições em que temos vindo a trabalhar desde 2012”, revela Artur Fernandes, “pretendíamos uma abordagem mais contemporânea e urbana e daí a colaboração com o Jaques que deu uma lufada de ar fresco ao nosso som com arranjos com muitas percussões e cordas em que participaram algumas lendas da música brasileira”.
O novo concerto, promete enfim o grupo, mostrará por isso um novo som, uma série de novas obras e uma nova atitude, sempre ancorada na larga experiência recolhida ao longo de mais de duas décadas de carreira e na reconhecida genialidade técnica e artística de cada um dos membros do quarteto. 31 de Outubro em Coimbra, 3 de Novembro em Lisboa, 4 de Novembro em Aveiro, e 21 de Novembro no Porto.
A cantora e violoncelista brasileira Dom La Nena e a cantora franco-americana Rosemary Standley (leader da banda de rock Moriarty) juntaram se em 2012 com o nome de Birds on a Wire, com o objetivo de realizar um songbook de canções que as acompanham desde a infância.
Como dois pássaros sobre um fio, voz e violoncelo, o duo explora com grande fineza e delicadeza um repertorio eclético, que nos faz viajar de Claudio Monteverdi a Leonard Cohen, passando por Violeta Parra, John Lennon, Gilberto Gil ou Tom Waits.
Após mais de 100 espetáculos com salas constantemente esgotadas e um disco com mais de 25 000 unidades vendidas, o duo apresenta-se em Portugal pela primeira vez. Só poderia ser no Misty Fest! Apresentam-se no dia 31 de Outubro em Lisboa e dia 2 de Novembro em Espinho.
+info em www.misty-fest.com
Promotor – UGURU