O quarteto das Caldas da Rainha prometeu e cumpriu. O segundo álbum de originais já está cá fora para fazer as delícias dos fans e oxigenar o panorama português da música independente. Depois do último ensaio dos fresquíssimos temas de “Punk Academics”, e antes do início dos concertos de lançamento integrados no circuito Super Nova, estivemos à conversa com os Cave Story em Lisboa. Até Dezembro os Cave Story irão percorrer o país e, em Novembro, estarão em várias salas europeias.
Música em DX (MDX) – De um registo mais pop, passaram para o rock’n roll mais puro e agora um punk mais cru. Falem-nos um pouco desta viagem.
Cave Story – O título do álbum engana. Não nos encaixamos em nenhum registo concreto, no punk ou no pós-punk. Não é a “garagem” porque não é exactamente igual, e isso é um estilo em si. Brincamos com o título, e isso aconteceu no “West”. Não é pós punk, o único festival que conheço nesse estilo é o “Entre muralhas” e não iam achar piada se fizéssemos a primeira parte de Peter Murphy (risos). Quisemos explorar isso com o título, não tanto como género musical, mas mais pelo punk clássico, como a independência das editoras, p.ex. Punk Academics é a maneira de fazermos as coisas, é explorar o “punk” como um adjectivo, de todas as suas formas, não é um género. É o contrário disso, é o que nos diferencia. No outro dia numa entrevista pediram-nos alguns exemplos de eventos culturais, e nós falamos de música electrónica (risos).
MDX – Mas vocês gostam de música electrónica?
Cave Story – Depende. No outro dia o Ricardo foi por música e passou música electrónica. Mas por exemplo no Sabotage nunca o faria (risos)!
MDX – “Punk Academics” é um disco mais crú comparativamente ao “West” que é um álbum encorpado e “limpo”, sem arestas. Qual foi a vossa intenção?
Cave Story – Fomos buscar uma música mais antiga. Fomos compondo à medida que fomos gravando. Por exemplo “Hill so white” só tocamos a estrutura final quando gravámos, e no primeiro take. Aliás quase todas foram gravadas no primeiro take, não foram muito ensaiadas.
MDX – Como foi o processo de composição?
Cave Story – Foi o processo contrário. Ou seja, deixamos esse processo para o acidente, a intenção do erro faz parte dessa composição. Somos nós próprios que gravamos e isso ajuda à liberdade de produção. Nunca questionamos em ir gravar outro take. Já tivemos essa experiência em 3 discos, e gravamos por pistas em take directo. O processo é diferente.
MDX – O que podemos esperar da tour Super Nova?
Cave Story – Acabámos os ensaios hoje (risos). É mais intenso fisicamente do que o “West”, o alinhamento é mais físico. Se algum de nós ficava mais cansado o resultado ficava pior.
MDX – Então é melhor os temas mais fortes ao início?
Cave Story – A intensidade está distribuída. Vamos tocar o álbum todo, queremos renovar o set para fecharmos um ciclo. Queremos tocar músicas novas, e sabemos que o primeiro take é sempre o melhor (risos).
MDX – Apesar de tentarmos não as ter, no fundo temos sempre…quais as expectativas em relação à receptividade de “Punk Academics”?
Cave Story – Sinceramente, não estamos a pensar nisso. Estamos entusiasmados para tocar coisas novas. Preferíamos fazer a tour europeia (que será em Novembro) antes do disco sair. Os concertos de apresentação são mais à flor da pele. Todos os sítios são diferentes e acaba por ser sempre bom. Mesmo que faças 6 horas de viagem e toques 1 hora, já valeu a pena! A dada altura ligas o piloto automático e tudo flui, tudo está bem oleado. Mas em relação ao disco, se as pessoas o ouvirem pelo menos uma vez, já ficamos contentes.
MDX – Daquelas perguntas disparatadas: vocês são de Inverno ou de verão?
Cave Story – Somos de Fall (risos).