O cantor, compositor e multi-instrumentista australiano Xavier Rudd esteve ontem, domingo, dia 14 de outubro, na Aula Magna, em Lisboa, para apresentar Storm Boy, o seu mais recente álbum, editado este ano. Estes dois concertos em Portugal, ontem em Lisboa e hoje no Porto, no Hard Club, marcam o fim da sua digressão pela Europa de promoção do seu mais recente registo, seguindo agora para a Austrália, sua terra natal.
Enquanto se olhava para as pessoas que iam enchendo a Aula Magna, apercebíamo-nos de que a média de idades andava por ali à volta dos “entas”, ou lá perto, e quem não conhecesse o trabalho do australiano (que faz questão de colocar uma bandeira do seu país no palco, junto da bateria), estaria com certeza à espera de um espetáculo musical com caraterísticas um pouco diferentes daquelas que depois marcaram a sua atuação. Também de realçar a presença cada vez maior de estrangeiros nos eventos que decorrem em Lisboa e neste, tal situação também foi bem percetível.
O concerto estava marcado para as 20h30 e a informação que se tinha era que seria o australiano quem iria subir a essa hora ao palco. Desta feita, foi com grande surpresa que em vez dele, quem apareceu foi o português Frankie Chavez. O público foi assim surpreendido (tendo inclusive numa das pausas entre canções perguntado como se chamava, ao que ele respondeu de forma pronta e simpática) com uma primeira parte de que não estava nada à espera e Frankie Chavez acabou por ser também ele surpreendido, mas no seu caso por uma Aula Magna a abarrotar de gente disposta a ouvi-lo e a envolver-se com a sua música. A atuação só durou meia hora (tempo suficiente para usar uma série de guitarras bem distintas, tantos são os estilos abordados nas suas canções), mas não haverá grandes dúvidas de que a mesma lhe terá sabido a mel, terminando-a com “Fight”, um dos seus temas mais conhecidos, que deixou a sala à beira da loucura, abandonando o palco com uma plateia atrás de si de pé a bater-lhe palmas.
Seguiu-se uma pausa e alguma impaciência por esta ter demorado mais tempo do que o desejado. Enquanto isso a sala ia enchendo-se de fumo oriundo do cenário montado para a ocasião, até que por volta das 21h30 Xavier Rudd e a sua competente banda (formada por uma baterista, um baixista e um teclista) deram início às hostilidades. Neste momento apetece regressar atrás neste texto e lembrar a questão da média de idades das pessoas que estavam presentes, é que o concerto arrancou de uma maneira algo “desadequada” perante o público que tínhamos ali, já que os primeiros sons, marcados por toadas reggae, vindos do palco eram talvez demasiado pop e banais para o tipo de público que ali estava. Mas, algo surpreendentemente, as pessoas reagiram efusivamente desde o primeiro até ao último segundo do espetáculo, não deixando, no entanto, de transmitir alguma sensação de contradição, principalmente nos tais temas marcadamente mais reggae, entre a música tocada e o tipo de público que estava a vibrar com ela. Mas a música de Xavier Rudd não é só reggae, é isso e muito mais, viajando por uma série de paisagens bem distintas, e é nos temas mais introspetivos que a sua música atinge outros patamares de qualidade musical.
O público, esse, envolveu-se por completo com o que se ia passando em cima do palco, dançando, e muito, em grande parte dos temas, fazendo até esquecer que a Aula Magna tem cadeiras, que por sinal até são bem confortáveis. Mas era nos momentos em que tocava no seu didjeridu (instrumento de sopro dos aborígenes australianos) que o público presente entrava em autêntica euforia, não faltando muito para quase se concretizar uma “invasão” totalmente pacífica do palco. A propósito, em todo o trabalho deste senhor encontramos uma mensagem de paz e de harmonia, sendo tudo encarado com uma enorme energia positiva.
“Follow The Sun” é o seu tema mais conhecido e foi também aquele que encerrou o concerto, tendo levado o público à loucura e também a obrigá-lo a regressar ao palco para o encore da noite. Foi quando Xavier Rudd regressou que nos foi revelado o que estava, até aí, tapado por um pano preto no cenário. Tratava-se de uma bateria onde o australiano interpretou, em conjunto com o seu didjeridu, “Lioness Eye”. O concerto terminou com Xavier Rudd sozinho em palco interpretando “Spirit Bird”, no final do qual chamou a banda que o acompanha para em conjunto serem aplaudidos de pé por uma sala que encheu para os ver e ouvir e com eles partilhar um momento de paz e de união.
Promotor – Everything Is New