Primeira parte a cargo de Meg Baird & Mary Lattimore, guitarra e harpa. No dia anterior actuaram na ZDB em nome próprio, e iniciaram o concerto de Kurt Vile com pouco mais de 30 minutos de actuação. A harpista Mary Lattimore disse-nos que é a primeira vez que visita Lisboa e adorou. Pena o som não ajudar o timbre bonito da voz de Meg e a sonoridade da harpa de Mary.
Meia hora para montar o aparato de guitarras do cantor-compositor folk americano Kurt Vile. De volta a Portugal com os Violators para dois concertos em Lisboa e no Porto, depois de aparições em festivais de verão, o ex- The War on Drugs está pronto para olear as faixas de Bottle It In, o seu sétimo álbum de originais. Duas teclas, em que uma delas esteve ao longo da actuação praticamente imóvel, uma bateria, uma guitarra e um baixo. Uma equação simples. Pelo sem número de caixas de som em cima umas das outras, geometricamente arrumadas ao longo do palco, prometia um espetáculo de som no mínimo bom. Às 22h30m (em ponto) Kurt Vile subia ao palco com os The Violators, sem demoras (não estava atrasado!) e com movimentos de quem tinha pressa de começar a tocar, ajeitou a primeira guitarra da noite e prendeu os cabelos atrás das orelhas. Soltou um “Hey guys!” num americano arrastado, afinou os dedos e deu início a hora e meia de mais de uma dúzia de estórias melodicamente cantadas.
A troca de guitarras em cada tema obrigou a presença permanente de duas pessoas da produção que, a única função que ali tinham, era afinar as muitas guitarras que se encontravam alinhadas na lateral esquerda do palco. Bottle it in editado muito recentemente pela Matador Records, foi gravado nos EUA durante três anos ao longo das suas tours. A crítica norte-americana não deu a maior das aclamações, classificando-o como monocórdico e longo, considerando 80 minutos uma duração excessiva. “Bassackwards” o tema mais falado do álbum, com quase 10 minutos de poesia hipnótica entrou no alinhamento logo no inicio e foi acompanhado com a guitarra acústica. Escolheu 6 temas do novo álbum e as restantes 9 intercaladas com os outros longa duração, Waking on a Pretty Daze (2013), Smoke Ring for My Halo (2011) e b’lieve i´m goin down… (2013).
“I love you now”, num jogo de palavras entre o refrão e a vontade de dizê-lo ao púbico (?). Ficaria pela primeira apreciação. Um “Came on boy” nasalado, trabalhando diferentes sonoridades dentro do mesmo tema, milagres das caixas de ritmos e da perícia das falanges de Kurt Vile. Incrível! Apresentações entre as músicas dos Violators, iniciando com Jess Trbovich (guitarra, baixo), e quase já no final Rob Laaks (guitarra, baixo) e Kyle Spence (bateria). Nota positiva para os técnicos de som que ajudaram a brilhar, ainda mais, a cristalina voz do americano. “Goldtone” com a presença da harmônia, onde falava num canto meio doloroso. “Wild imagination” nuns riffs de arrepiar, trocando a guitarra eléctrica pela acústica e a conseguir a proeza de fazer os mesmos acordes! Soltou uma voz de cantor de heavy metal e provocou uns gritos metaleiros nas cordas da acústica, os outros músicos sorriram e voltou tudo ao normal.
No Lisboa ao Vivo (LAV), Kurt Vile esteve entregue às suas composições de um modo visceral. Pouco falou do último álbum, apresentou um tema ou outro e deixou-nos no ouvido os provocadores gritos, “Uau” e “Yeah”.O encore apenas com um tema,“Pretty Pimpin”, aquela que todos estavam à espera! Um concerto muito bom do principio ao fim. Uma folk-indie a virar muito para um folk-rock, numa reconciliação com os riffs das guitarras eléctricas.