É sem dúvida alguma um dos nomes mais conceituados e acarinhados no panorama musical português: Bernardo Cruz Fachada, imortalizado como B Fachada ou até simplesmente Tio B. Foi há dez anos atrás que Viola Braguesa, um dos primeiros EPs assinados pelo artista, viu a luz do dia, e consequentemente, catapultou-o para um patamar por muitos invejado.
Na passada sexta-feira, em prol do Jameson Urban Routes, o MusicBox abriu as portas para celebrar os dez anos de Viola Braguesa, numa noite onde os clássicos do passado, daqueles que certos fãs de B Fachada nunca tiveram o gosto de os ouvir num palco, rechearam um serão muito bem passado.
Pouco passava das 21h30 quando MARIA, uma das caras metades de Pega Monstro, apresentou o seu projecto a solo. Com um EP homónimo já cá fora, “Insensível”, “Narciso” e “Preguicite” embalaram um MusicBox em crescente enchente. Fosse ao som de uma viola braguesa ou de uma guitarra elétrica, Maria aqueceu a alma dos presentes, com música fácil de ficar entranhada nos ouvidos e abrir o apetite para uma noite que tinha tudo para brilhar.
Acolhido sob uma calorosa chuva de palmas, de roupas simples que quase diriam que tinha acabado de sair da cama e vestiu a primeira coisa que lhe apareceu à frente, a entrada risonha de B Fachada lá que aconteceu, com o seu sorriso, genuíno e contagiante, a ser o melhor cartão de boas vindas que se poderia pedir. Já com a dita viola braguesa em punho, Bernardo abriu o seu ilustre cancioneiro de clássico, mas antes houve tempo para se ouvir uma versão ‘à lá B’ de “Branca”, pedida emprestada a Maria Reis.
Que a noite era de Viola Braguesa, era sabido por todos, mas certamente que a revisão de outros clássicos caiu como uma agradável surpresa para um MusicBox completamente esgotado, como “Boa Nova” e “Há Festa na Mouraria”. De realçar, também, a forma sábia como estas foram intercaladas com “Anda que está Dura” entre outras pérolas, sempre bem recebidas por um público que se mostrava tão bem disposto como o próprio Tio B.
Oscilando entre um alegre folk característico, como “Tradição”, e baladas melancólicas que davam por nomes como “Balada a Mariana”, B Fachada demonstrou toda a sua versatilidade enquanto cantor, com um timbre que viajava rapidamente entre o 8 e o 80, como o doce toque de “Canção da Mimi”, cujo arranque quase ameaçou “Contramão”, ou a perda de controlo em “Os Fantoches de Kissinger”, versão de Zeca Afonso, houve música para todos os gostos.
Infelizmente, por motivos de força maior, não nos foi possível ficar até ao final do concerto, embora tenha ficado a certeza que o resto do concerto manteve a reta ascendente de celebração que se implantou desde o início da noite. Por mais noites destas, oh Tio B!
Fotografia (capa) – Ana Viotti | Musicbox Lisboa
Promotor – CTL | Musicbox Lisboa