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Super Bock em Stock 2018, os concertos que não vais poder perder

Nos primórdios, começou a assinar como Super Bock em Stock. Mudanças de nome levaram a que passasse a dar a cara, até ao ano passado, como Vodafone Mexefest. Já para este, o festival da Avenida da Liberdade volta às origens no último fim-de-semana de Novembro, pronto para causar reboliço por mais de dez salas ao longo de uma das mais movimentas ruas lisboetas.

Entre garagens, salas de cinemas, estações de comboio ou o ilustre Coliseu dos Recreios, o Super Bock em Stock toca um pouco por toda a cidade, levando concertos por salas que nunca antes tinham tido as suas portas abertas para o feito. Ao longo de dois dias, cinquenta serão os concertos que terão o seu decorrer pela Avenida da Liberdade, com o público festivaleiro a ter que andar – literalmente – de porta em porta para não perder pitada do festival.

Todavia, a sobreposição de concertos sempre foi o ‘tendão de Aquiles’ do festival, obrigando a duras escolhas sobre quais os concertos a ver. Com o intuito de ajudar os nossos leitores, a Música em DX elabora aqui uma pequena lista daquelas que considera como alguns dos concertos essenciais do festival e, como consequência, alguns daqueles que não pode mesmo deixar de ver.

Charles Watson
Cinema São Jorge, Sala Manoel de Oliveira – Dia 24, 20h45

Irónico como um membro de uma banda de garage rock – The Surfing Magazines – é uma das vozes mais apaziguadoras e ternurentas desta edição do Super Bock em Stock; falamos de Charles Watson.

Na sua estreia por caminhos a solo, Voices Carry Through The Mist é um disco de introspeção, da exposição de Charles no seu estado mais fraco e vulnerável. Porém, o teor pesado da mensagem do disco em nada faz jus à sonoridade do mesmo, ou não fosse este repleto harmonias curiosas e experimentais que tornam o nosso primeiro contacto com Charles Watson numa espécie de amor à primeira vista.

Não é, de todo, um dos nomes mais sonantes do cartaz, mas quem vai ao Super Bock em Stock sabe que, por vezes, a maravilha deste festival reside mesmo em descobrir artistas que nunca antes se tinha ouvido falar e perdermo-nos de amores; com Charles Watson, esse caminho fica logo meio feito.

Johnny Marr
Coliseu dos Recreios – Dia 23, 22h45

A par de Morrisey, foi graças a Johnny Marr que os The Smiths se tornaram numa das bandas mais emblemáticas bandas de todo o sempre, com muitos dos seus temas a serem dos mais acarinhados no repertório da década de 80.

Apesar das possibilidades de uma reunião entre a banda serem praticamente nulas, há vida para além de The Smiths com Johnny Marr, com o icónico guitarrista a ter dado continuidade à genialidade da sua composição numa carreira a solo que sempre foi de vento em poupa.

Depois de quatro anos desde a sua última passagem por Portugal, o regresso de Marr faz-se pela porta grande do Coliseu dos Recreios. Apesar da previsão ser a de uma noite dedicada ao mais recente Call the Comet, lançado este ano, os fãs dos The Smiths não ficarão de braços a abanar, com o alinhamento do artista a contar com uma ou outra jóia da banda inglesa. Afinal, quem nunca sonhou em cantar a “There is a Light That Never Goes Out” em plenos pulmões num concerto?

Jungle
Coliseu dos Recreios – Dia 24, 00h30

São presença assídua em Portugal já há uns anos, tendo inclusive já tocado cá este ano, mas será no Super Bock em Stock que os Jungle terão a sua primeira experiência em tocar um concerto em sala fechada por terras lusitanas.

Cabeças de cartaz incontestáveis do segundo dia, os Jungle têm tudo para ser um dos concertos mais concorridos do festival. Com For Ever, segundo disco de carreira, ainda na fresca, a soul electrónica e dançante dos Jungle promete deixar todo o Coliseu rendido e sem vergonhas para soltar uns quantos pezinhos de dança.

Com a elevada produção de um concerto de Jungle, desde os elaborados jogos de luzes até à presença de cerca de uma dezena de músicos em palco, a encontrar o par ideal no Coliseu dos Recreios, seria difícil pedir melhor desfecho para a edição deste ano do Super Bock em Stock, prevendo-se que o término do festival se faça em festa.

Masego
Cineteatro Capitólio – Dia 23, 23h25

Soul fundida com R&B: é esta a premissa de Masego, jovem jamaicano que assina como Micah Davis. Como seria de esperar, está-se perante uma das sonoridades mais refrescantes para este ano de 2018, com o estreante Lady Lady a caminhar a passos largos para se afirmar nas listas dos melhores do ano.

Mesmo munido de uma voz bem mais madura e pesada do que a idade dá a entender, Masego dá cartas ainda na composição dos seus temas, embarcando por momentos instrumentais semelhantes à jazz fusion atualmente popularizada pelos BadBadNotGood, impondo um clima de tranquilidade e descanso necessários na correria que um festival como o Super Bock em Stock acata.

Sendo conhecido como um festival que opera como uma rampa de lançamento para muitos artistas, tudo indica que a estreia de Masego em Portugal terá tudo para ser um dos pontos altos do Super Bock em Stock este ano e, quem sabe, motivo para nos gabarmos daqui a uns quantos por se ter estado por lá.

Nahkane
Casa do Alentejo – Dia 23, 22h

A Casa do Alentejo sempre foi das mais intrigantes salas para se ver um concerto no Super Bock em Stock, ora fosse pela arquitetura da sala ou pela oferta de concertos. Para este ano, a sala voltará a repetir dose com o fascínio que é Nahkane.

Numa sonoridade que, na falta de melhor, teria que ser descrita como sendo uma art pop com fortes influências africanas, a pop de Nahkane consegue tanto reunir momentos intimistas como frenéticos. Porém, por mais divergentes que sejam as canções, todas se encontram na complexidade do timbre de Nahkane, absorvente do início ao fim.

Mesmo enfrentando a dura concorrência de Conan Osiris, quem optar Nahkane certamente que não sairá desiludido podendo, quiçá, estar perante uma das maiores surpresas de todo o festival.

Public Acess T.V.
Cinema São Jorge, Sala Manoel de Oliveira – Dia 23, 20h30

Não são todas as edições do Super Bock em Stock que apresentam um nome de new wave no seu preenchido cardápio musical. Para este ano, a liderar esta frente estão os Public Acess T.V., quarteto americano que tem sido rompido de elogios por entidades como a NME, The Guardian ou a Rolling Stone.

Apesar das semelhanças a nomes como The Killers e Franz Ferdinand serem uma constante, o mais recente disco dos Public Acess T.V., Street Safari, fez questão de pôr essas comparações de parte e deixar ponto assente que a banda norte americana está mais do que pronta para fazer nome por si própria.

Apesar da escolha do Cinema São Jorge ser uma escolha um pouco dúbia para acolher uma banda tão ‘rockeira’, não há dúvidas que os Public Acess T.V. farão com que toda a sala se levante do seu lugar para dançar ao som deste rock enérgico e pronto para causar estragos.

Reijie Snow
Cineteatro Capitólio – Dia 24, 22h50

Desde há dois anos para cá que o Super Bock em Stock tem apostado fortemente no hip-hop, especialmente com a adição do Capitólio ao repertório de salas presentes no evento. Para este ano de 2018, o grande destaque vai para Reijie Snow.

Oriundo da Irlanda, não é descabido dizer que Reijie é já o nome mais sonante do hip-hop feito no país da Guiness. Em 2013, o seu EP Rejovich tomou a tabela de vendas de hip-hop iTunes de assalto, superando nomes como os Kanye West ou J. Cole. A partir daí foi sempre a subir, com o culminar desses alucinantes cinco anos fazer-se ao som de Dear Annie, o mais recente disco do artista.

Contando com colaborações com alt-J, Kaytranada, King Krule ou Joey Bada$$, Reijie Snow é um uma bomba pronta para aterrar em Lisboa e fazer do Capitólio a sua zona de guerra… uma em que ninguém sai de lá com ferimentos, claro.

SOAK
Estação Ferroviária do Rossio – Dia 24, 21h45

Foi ainda na fase da juventude pré-vinte anos que a irlandesa SOAK lançou o seu primeiro disco, Before We Forgot How to Dream, valendo-lhe logo uma nomeação para o prestigiado Mercury Music Prize.

Num folk ingénuo, ou não se tratassem de canções assinadas por uma rapariga que só queria dar voz aos pensamentos profundos típicos de uma adolescente, Bridie Monds-Watson abriu as portas de um mundo que fala sobre questões de insegurança e solidão de uma forma tão pessoal que quase se torna impossível não nos revermos nas suas palavras.

Três anos depois da sua estreia, o segundo disco de SOAK terá luz verde em 2019, com os avanços do mesmo a indicarem uma evolução do género, aventurando-se agora por um dream pop que retém o toque de sinceridade e gosto fácil que a tornaram, em 2015, como uma das mais promissoras cantoras da sua geração. Será no Super Bock em Stock que o véu do sucessor de Before We Forgot How to Dream será finalmente levantado.

The Saxophones
Cinema São Jorge, Sala Manoel de Oliveira – Dia 24, 23h45

Nas noites frias de Novembro que acompanham o Super Bock em Stock, cai sempre bem encontrar um refúgio capaz de oferecer uma calorosa e aconchegante pausa. Na confortabilidade da Sala Manoel de Oliveira, estarão os The Saxophones, dupla constituída pelos apaixonados Alexi Erenkov e Alison Alderdice.

Haverá música mais honesta do que aquela assinada por um casal? Mais pura e sincera? No cerne desta questão está o casal Alexi e Alison. Apesar de o nome da dupla induzir ao erro que se está perante um projecto de jazz, o instrumento de sopro em que se inspiraram nunca chega a dar o ar de sua graça, optando antes pelo sopro do coração melancólico que reside no dream pop.

Numa relação que reúne um multi-instrumentista e uma voz ternurenta, a única coisa a voar mais alto do que as possibilidades desta sonoridade encantadora só apenas o amor nutrido pelos The Saxophones.

Tudo o que precisas de saber sobre a edição de 2018 do Super Bock Em Stock está aqui .

Promotor – Música no Coração