O ano de 2018 está prestes a fechar, e tal como tem sido hábito nos anos anteriores, pedimos aos nossos repórteres que comentem com os nossos leitores os seus destaques do ano que agora finda. Ao contrário do que é costume nesta altura, não pretendemos fazer tops de excelência ou mediocridade sobre concertos, ou álbuns de bandas – já o fazemos durante o ano inteiro – apenas dar a palavra na primeira pessoa a quem anda no terreno sobre o que mais gostariam de destacar.
“Tentarei fazer um resumo alargado da minha escolha sobre os momentos mais intensos musicalmente deste ano de 2018 e começo pelo intimismo grandioso e emocionante vivido com Scott Kelly & John Judkins (Sabotage); a cerimónia de celebração de 4 anos de MDX com The Quartet Of Woah! e Acid Acid (Sabotage); a beleza harmoniosa de Erlend Oye (Capitólio); a intensidade de Theodore (Sabotage); a festa potente de LCD Sondsystem (Coliseu dos Recreios); a nostalgia da adolescência com o Sex Symbol Lenny Kravitz ou o poder de Ozzy Osbourne (Altice Arena); as energias negativas da EIN aquando da entrevista a BRMC. Antes que comece a faltar o ar: o concerto do ano que me tirou o chão e levou ao céu – NIN (MadCool); o aperto no coração mais belo com DIIV (Vodafone Paredes de Coura); o incrível momento de fusão de Dead Combo com Mark Lanegan (Vodafone Paredes de Coura); a loucura saciante de The Cavemen (Rodellus e Sabotage); o momento único do Indigente Live (LAV); a insanidade boa que é o Barreiro Rocks e o marcante e histórico concerto dos The Pretty Things (Sabotage). Que venha mais um ano grandioso!”
“Há algo único nas deslocações/travessias que fazemos quando vamos a um concerto ou festival. Em 2018, Yob, Bell Witch e Sonicblast encheram-me as medidas e formaram um sorriso parvo com algumas descargas salgadas. A pluviosidade e a temperatura mínima sentida no Centro Cultural do Cartaxo, numa sessão especial Cartaxo Sessions, foram excelentes e apropriadas variáveis que aprimoraram a noite. Conhecer pessoalmente Dylan e Jesse tornaram a experiência do concerto mais densa, memorável e profunda. Agradecimento super especial à Ana e ao João por insistirem.
Em condições atmosféricas diferentes, Sonicblast Moledo recebeu-me com o seu, já tradicional, amor. É verdade que as minhas visitas sazonais só se tornaram frequentes nas últimas três edições mas há algo palpável e convidativo neste festival, que a ida obrigatória já nem é tanto pelo lineup. Talvez seja pela constante evolução; a melhoria das condições; pelo cartaz mais orgásmico do ano; à nomeação do prémio “Toxic Shock” anual; rever aquele grupo de pessoas; haverá sempre algum motivo para regressar. Saudações sónicas ao Ricardo e à Telma.
Para fechar esta “trilogia odisseia”, finalizo com Yob no Porto. Tudo o que “Our Raw Heart” reflecte e cria, ao vivo foi exponencial. As previsões dos concertos anteriores referiam experiência ímpar e marcante. No fim, não tive palavras, ou pelo menos as palavras certas, apenas consegui reagir o suficiente para agradecer a Mike em silêncio. Amplificasom a mostrar novamente que sabe.
Início do ano houve tempo para exposição de fotografias no Museu Nacional da Música. Os culpados das chapas do costume, do colectivo MDX, a mostrarem que há arte e magia na profissão. Deste pseudo, escolhi dois símbolos de um género monocromático, Rui Sidónio (Bizarra Locomotiva) e Fernando Ribeiro (Moonspell). Expor as fotos é por si só, um marco pessoal sem descrição. Mais, pelo facto de não ter sugerido ou sequer ter feito referência, colocaram ambas as fotografias lado a lado a simbolizar a amizade real. Agradecimentos aqui seriam demasiado longos pelo que terei de agrupar: Luís Sousa e o restante bando de escribas e chapadores. À Cátia e família. Na verdade, a todos pois incentivaram e opinaram para a evolução do sujeito com máquina.
Momento do ano foi mesmo conhecer pessoalmente (!) John McMurtrie. A naturalidade e simplicidade como se comporta no pit, e fora dele, é topo da cadeia alimentar. O autógrafo complementou a situação mas as dicas que me confidenciou mexeram no meu esírito groupie. John McMurtrie is my spirit animal.”
“2018 foi um ano estranho, e sem pensar muito sobre o assunto a verdade que é que existiram muitos concertos bons; O Musicbox a abarrotar para ver The Metz, Moon Duo, Cosmic Dead, Acid Mothers Temple, Mão Morta, ou a meio gás com os 10 000 Russos, foram noites memoráveis em todos os aspectos. Uns fresquíssimos Slift ou os Moonwalks e as L.A. Witch no Sabotage Club. Os poderosos Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs na Galeria Zé dos Bois e os encantadores Kikagaku Moyo à tarde na igreja. Experimentar as Cartaxo Sessions com uma dose massiva de Oresund Space Collective também é inolvidável. Ver e entrevistar os Causa Sui e assistir ao fantástico concerto dos Naxatras e dos 1000Mods no SonicBlast Moledo deste ano também, Por isso seria demasiado injusto escolher”.
“Se nos lembrarmos do que era a relação dos músicos com os seus seguidores antes da chegada das redes sociais, vem-nos à memória, por exemplo, aquelas lendárias imagens dos Beatles a fugirem das suas fãs completamente histéricas. O fosso entre os fãs e os seus ídolos era tremendo, quase da distância entre um ser terrestre e alguém com existência divina. Mas tudo mudou com o advento das redes sociais. Os músicos viram aí uma excelente ferramenta de promoção, ainda por cima sem qualquer custo. As bandas em vez de fugirem, passaram a alimentar elas próprias o contacto direto com os respetivos seguidores. O evento do passado dia 4 de dezembro, protagonizado pelos The Dead Daisies na sala Lisboa ao Vivo, é revelador dessa mesma realidade, com a banda a promover um meet & greet e um concerto acústico, onde a distância entre eles e nós foi reduzida ao mínimo. Sinais dos tempos!!!”.
“Num ano complicado do ponto de vista pessoal e profissional, decidir o que mais destaco no Música em DX – o hobby que mais tempo me ocupa desde há quatro anos – é sem qualquer dúvida uma tarefa difícil para mim. No entanto, tendo lançado o desafio ao team MDX, eu não poderia faltar com o meu testemunho.
Como mentor do projeto Música em DX, e também como parte integrante da sua equipa operacional, acho que devo sempre avaliar de duas perspectivas diferentes. Por um lado, o que diz respeito à sua gestão. Aqui começo por destacar o quanto foi difícil gerir a nossa disponibilidade em vários momentos. Tendo em conta que o Música em DX é um hobby para todos nós, “fazer lego” na nossa agenda é a nossa prática diária ao longo de um ano. Nada de estranho, já nos habituámos a fazer muito com pouco (no caso, tempo disponível), e só tenho a agradecer a boa vontade de uma equipa em querer manter este sonho vivo; A destacar também, a nossa festa de 4º aniversário num dos locais que tem sido com a nossa “casa” – o Sabotage Club em Lisboa. Quem me conhece sabe que andava a “fugir” de uma festa de aniversário há algum tempo, mas por insistência de vários colaboradores Música em DX lá levámos este dia muito especial avante, onde contámos com a enorme generosidade do Sabotage, do Tiago Castro (como Acid Acid) e dos The Quartet Of Woah!. Neste dia concretizámos também a nossa 1ª exposição fotográfica apenas com registos de concertos no Sabotage. Foi bonito;
Especial também foi o convite que nos foi endereçado pelo Museu Nacional da Música a fazermos a Exposição “Sons de Palco” onde o tema principal é a música portuguesa. Se partirmos do principio que a grande maioria do espólio exposto no museu é essencialmente clássico, levarmos a expor fotografias de concertos com reportagens nossas demonstra claramente a abertura do museu a novas abordagens sobre a música atual e por isto jamais poderíamos recusar.
Para finalizar, não menos importante foi também o lançamento da 2ªversão do nosso website. Quatro anos de vida é muito tempo no mundo online, e por isto já se tornava necessário “lavarmos a cara” à ferramenta que dá corpo ao nosso trabalho.
A segunda perspetiva que me leva a analisar 2018 diz respeito aos trabalhos realizados. Quando, em 365 dias de um ano, estamos 109 dias em reportagem numa atividade que continua sendo um hobby, é realmente complicado distinguir momentos especiais. Ainda assim, destaco ter iniciado e terminado o ano com uma das minhas bandas do momento, os Linda Martini (Lux e Musicbox). Depois, outros concertos que jamais esquecerei ter feito reportagem. Tricky, Slowdive e A Place To Bury Strangers com a At The Rollercoaster; Marilyn Manson, Lenny Kravitz, Kiss, Megadeth, e Idles, com a Everyhing Is New; Llima e Paul Jacobs na ZDB; Orchestral Manoeuvres In The Dark, The Jesus And Mary Chain, e Peter Murphy com a Lemon Live; Van Morrison e David Byrne com a Live Experiences; Wand, Protomartyr, Acid Mothers Temple, Emma Ruth Rundle no Musicbox; Beach House com a Ritmos; Feist e Sevdaliza com a Sons em Trânsito; Slift, Sextile, The KVB, Human Tetris, The Parrots, Lulu Blind, Urso Bardo, My Master The Sun, J.C.Satàn ou The Cavemen no Sabotage Club; Sobre festivais, boas surpresas com o Capote Fest em Évora, o A Porta em Leiria, e o MIL em Lisboa; NOS Primavera Sound, NOS Alive, EDPCooljazz, Bons Sons, Super Bock Em Stock, e o sempre apaixonante Barreiro Rocks, foi também por onde andei neste ano que agora termina. Como se costuma dizer, para 2019 desejo que, se não for melhor, que seja igual. Mas a verdade é que nunca é igual, e sem querer adiantar já detalhes, posso dizer que vêm aí boas coisas para o Música em DX.”
“A terminar um dos melhores de 4 anos na DX e traçando-se um 2019 igualmente rico de boa música, no entanto, consigo destacar um ou dois concertos que marcaram o meu trabalho como fotógrafo neste 2018. Um espectáculo em que nos foi dada total à vontade e liberdade, onde a criatividade de tudo o que aconteceu em palco e excelente produção fizeram as delicias dos fotógrafos e do público, foi o concerto dos 30 Seconds to Mars. Não posso deixar de destacar, também, no Super Bock Super Rock, The Parkinsons, não só pela familiaridade que já tenho com a banda, mas também pelo estrondoso espectáculo a que os fãs já estão habituados. Fora dos palcos, gostaria de fazer um destaque para o 4º Aniversário da MDX no Sabotage, juntamente com um agradecimento especial à iniciativa das exposições colectivas que foram proporcionadas aos fotógrafos neste mesmo aniversário e no Museu Nacional da Música. Esperando e desejando para a MDX que o próximo ano seja tão bom ou melhor que este passado.”
“2018 foi ano chorudo ao que à música diz respeito. Com o mercado internacional, tanto a nível de concertos em nome próprio como de festivais, a nunca ter registado uma procura tão elevada pelo público português, a oferta foi rica e diversa ao longo destes últimos doze meses. Aliás, foi logo em Janeiro que as celebrações a 2018 se prolongaram, com a estreia dos alt-J (Altice Arena) em nome próprio no nosso país. Um mês depois, o dos enamorados, contou-se com a sempre ‘boa companhia’ de Luís Severo (MusicBox), a dar voz às palavras das dezenas de casais que esgotaram um MusicBox em pleno Dia dos Namorados. Março e Abril contou com dois dos melhores concertos que aconteceram por Portugal este ano: Benjamin Clementine e Arcade Fire, ambos pelo Campo Pequeno. Junho marcou o arranque dos Festivais de Verão, mas uns dias antes, em Maio, houve tempo para se celebrar a música portuguesa através do EA Live 2018 (Coliseu dos Recreios). Já em época festivaleira, é impossível não mencionar o NOS Primavera Sound e o (quase) perfeito concerto de Nick Cave & The Bad Seeds, um daqueles que ficou para história do festival. Ainda sobre festivais, mas agora naquele conhecido como ‘o festival de inverno’, o Super Bock em Stock voltou à Avenida da Liberdade, com Johnny Marr e Jungle a aquecerem o espírito do público português em pleno Outuno. Finalmente, para o último mês do ano, é impossível não falar dos Linda Martini (MusicBox) e da sua tournée ‘Agora Escolha’, em que os fãs tiveram a oportunidade de escolher o alinhamento dos concertos. Um ano em grande, sem dúvida. Que venha um 2019 capaz de superá-lo!”
“Resumir o ano de 2018, no contexto da minha actividade como colaborador da Música em DX num parágrafo, é um esforço imenso para mim. Primeiro, porque sou uma pessoa muito descritiva e mesmo que pouco tivesse escutado e visto, ficaria aqui a falar disso até ao Dia de Reis. Por isso, e a bem do poder do “resumo” vou escolher para aqui três ou quatro ou mais momentos e, certamente que aconteceram muitos mais. Começo com uma das noites do V aniversário do Sabotage, em Maio, a noite fabulosa com The KVB com Ricardo Remédio na primeira parte, fico ainda no mesmo mês e detenho-me na passagem dos The Jesus & The Mary Chain pelo Coliseu de Lisboa a mostrarem que estão vivos e que ainda sabem fazer e tocar boas canções em palco. Avançando já para Setembro, (pois lembrei-me do) excelente e bonito concerto dos Beach House na mesma sala, e volto atrás a Junho para recordar a apresentação (em registo) – sou o vosso melhor amigo mas também sou amigo do Lucifer -, de King Dude no Sabotage, e volto a Setembro porque me lembrei dos velhos, mas não cansados Iron Maiden naquele que foi o único concerto de heavy metal que fui ver e logo no Altice Arena, e que bem que me soube estoirar os tímpanos numa das últimas noites de Verão… .E ainda regresso a Novembro e lembro-me de Peter Murphy e David J e restante banda a percorrerem ao vivo o catálogo dos Bauhaus em viagem nostálgica no LX Factory. Volto atrás a Abril, ao Sabotage novamente, com os Human Tetris, russos de nascença que recordo, deram um animado concerto com todas as pontuações post punk no sítio – , e é o que mais quero ver em 2019: diversidade. E é isso, aconteceram muitos momentos mas, 2018 foi mesmo um ano de diversidade.”
Resta-nos agradecer a quem nos lê que o continue a fazer. O Música em DX é acima de tudo um projeto que resiste devido à carolice de alguns amigos musico-maníacos. Não tem qualquer patrocínio, retorno ou dependência financeira de outrem, o que nos permite continuar a ser isentos com poucas revistas online o são em Portugal. Para o próximo ano cá estaremos, a divulgar mais música e a fazer reportagem de qualidade como sempre. Até 2019!