Ao longo dos anos, têm sido presença assídua pelos festivais portugueses, como o NOS Alive ou o Rock in Rio Lisboa, mas apenas ontem, dia 16 de Fevereiro, é que os Snow Patrol estrearam-se (finalmente) estrearam-se em nome próprio por Portugal, e logo no Campo Pequeno.
Apesar de a mais recente passagem da banda irlandesa por Portugal ainda estar bem recente na nossa memória, ou não tivesse a banda subido a palco do NOS Alive no ano passado, isso não impediu que os Snow Patrol não tivessem a casa cheia, com o Campo Pequeno a estar praticamente lotado.
Porém, antes de o público matar as saudades da banda que chegou a milhares com “Chasing Cars”, a primeira parte ficou encarregue a JC Stewart e Ryan McMullan, dois promissores músicos irlandeses.
Com registos bem semelhantes, isto numa encruzilhada entre o pop-folk de massas de Ed Sheeran e a indie-folk traquina de Vance Joy, ambos os músicos mostraram alguns dos seus temas para uma plateia que ainda se ia compondo. Sem dúvida, uma boa escolha para entreter o público, assim como aumentando a antecipação para com Snow Patrol.
Tal como aconteceu pelo festival de Algés, Wildness, sétimo álbum de originais da banda, serviu de mote para o concerto, com Lisboa a ser a cidade anfitriã para o término da tournée europeia de divulgação ao disco. Porém, a noite arrancaria ao som dos êxitos do passado, como “Take Back the City” e “Chocolate”, com esta última a arrancar as primeiras cantorias da noite.
“Empress” e a falsa balada “Don’t Give In” foram os primeiros vestígios de Wildness da noite. Apesar de recentes, a recetividade do público foi o autêntico oposto do que se registou no NOS Alive, com a última a chegar mesmo a registar um tímido sing-along. Ao longo das suas passagens por Portugal, os Snow Patrol sempre foram injustiçados ao antecederem os headliners da noite (Muse, Arctic Monkeys, …), mas lá está, quando se trata de um concerto em nome próprio, o caso muda logo de figura, com a banda liderada por Gary Lightbody a finalmente ter um público que foi todo seu do início ao fim. “Open Your Eyes”, com direito a palmas do palco em uníssono, foi apenas um exemplo da diferença que é celebrar-se uma canção com uma plateia totalmente conquistada do que com uma que está a fazer um frete.
Já a meio do concerto, e sem qualquer surpresa, “Run” viria a ser uma das mais celebradas da noite, com a luz de quase 10 mil telemóveis a ofuscar os Snow Patrol. Se este cenário só por si era bonito de se contemplar, o que dizer quando o Campo Pequeno se uniu a uma só voz para acompanhar Gary Lightbody no refrão do emblemático tema?
Porém, após um momento tão simbólico, ficou a sensação de estagnação na segunda parte da noite, com temas como “Life on Earth”, “Called Out in the Dark” ou “Heal Me” a não conseguirem encher as medidas de uma plateia que queria cada vez mais e mais. Todavia, “Shut Your Eyes”, resgatado de Eyes Open, lá que causaria a sua mossa.
Durante esta instância mais morna, é impossível não saudar a produção nesta tournée dos Snow Patrol, desde a enorme tela que repartia a imagem dos cinco elementos da banda em simultâneo até o excelente efeito de luzes, com os strobes sempre coordenados com as melodias de cada tema. Afinal, a brincar a brincar, os irlandeses celebram vinte-cinco anos de carreira em 2019…
Com o final da noite a aproximar-se a largos a passos, as primeiras notas de “Chasing Cars”, tema que catapultou os Snow Patrol para a ribalta, quase que fez o Campo Pequeno desabar, com o público portugueses a acompanhar Lightbody ao longo de cada palavra da canção, com o vocalista a ceder mesmo o microfone à plateia, para que Lisboa mostrasse os seus dotes vocais. Passámos com distinção, diria.
Na repescagem para o encore, a balada “What if This is All The Love You Ever Get?” e a quase pop “Just Say Yes” encerariam a tournée dos Snow Patrol com chave de ouro; “Apesar de estar triste de terminar esta tour, não poderia estar mais feliz do que o seu fim fosse por Lisboa” confessaria Gary Lightbody, antes de prometer estar de volta a Portugal já neste Verão. Cá estaremos para os acolher de volta.
Promotor – Everything Is New