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Dead Combo, o tributo e a homenagem à vida

Cada concerto dos Dead Combo é sempre especial. Seja pelo ambiente, pelo disco, pelo recinto onde tocam, todas as vezes que o duo sobe ao palco, é para celebrar a vida. Desta vez, decidiram subir ao Coliseu dos Recreios acompanhados. Acompanhados pela banda que os acompanha desde do lançamento do Odeon Hotel e também por Mark Lanegan e Alain Johannes.

Já são muitos os anos de estrada de Tó Trips e Pedro Gonçalves, ora a dois, ora com as Cordas da Má Fama (se o leitor foi um dos privilegiados a assisti-los no Convento do Carmo, os meus sinceros parabéns), ora agora com uma banda que os tem acompanhado agora que o Odeon Hotel foi erguido.

Este ano tem sido à volta de muitas emoções. Seja pelo próprio lançamento do disco, que pela primeira vez juntou grandes nomes da música lá fora, e deu outro contorno à música da dupla lisboeta, pela própria condição física do Pedro que o levou a ausentar-se durante alguns meses, seja pelo facto que a banda está a celebrar os seus 15 anos, todos foram ingredientes para que a noite fosse ainda mais emotiva.

A noite inicia-se às 21h40, imperativamente. Com o ritmado Deus me dê grana e o Mr and Mrs Eleven, somos transportados para a imagética que está em nós. A imagética de Lisboa, uma Lisboa mais ritmada e não tanto saudosa. Porém as saudades são muitas quando é hora de dedicar o The Egyptian Magician a um velho conhecido dos Dead Combo e da música portuguesa, o Zé Pedro.

Se há uma característica que define Portugal e a música dos Dead Combo é a diversidade. De duas guitarras pode sair um mundo de sons, de sonhos e ideias, e vamos para ritmos mais latinos, mais antigos, com o As Quica as You Can, o Rumbero ou o Cuba 1970.

Embora a banda esteja muito bem oleada, temos um exemplo de liderança de Tó Trips que cativa com cada “pontapé” que dá no chão, a marcar o seu ritmo, mas na verdade o dono e senhor da percussão, Alexandre Frazão, acaba por ser o homem das operações a marcar o passo da situação.

O Dear Carmen Miranda é o antecendente de um dos primeiros grandes momentos da noite. Uma ovação em pé à vida. Tó Trips anuncia “vamos dar entrada à outra metade dos Dead Combo“. E isto é o sinal para Pedro Gonçalves entrar em palco. Ovacionado de pé durante largos minutos, é o reconhecimento merecido a todo o seu trabalho.

É com um arrepiante Esse olhar que era só teu que já não era tocado pelos dois juntos desde Agosto e Povo que cais descalço, tocados a dois que vemos a comunhão de dois amigos, que tratam a música por tu e que na verdade, os dois complementam-se.

Embora seja especial ver Dead Combo em todas as ocasiões, a verdade é que só a partir destas duas músicas é que todas as peças do puzzle se encaixaram. E foram o mote para uma noite que se acrescentou de cerejas no topo de vários bolos.

Pouco depois subiram ao palco dois vultos do mundo musical, vindos diretamente dos Estados Unidos. Mark Lanegan e o produtor do Odeon Hotel, Alain Johannes subiram ao palco. Com uma presença muito sui generis por parte de Mark, vimos um registo mais agressivo e rock dos Dead Combo, com o Fire of Love, Wedding Dress e I Know, I Alone. Sem cumprimentos, nem acenos, foi chegar, ver e vencer.

Já vamos sensivelmente a meio do espectáculo mas é tempo de vaguearmos por temas tanto do Odeon Hotel, como o Desassossego, ou o Mr. Eastwood (ambos com acompanhamento do Alain Johannes, mas também o Lusitânia Playboys, que tem uma interpretação brilhante do instrumento teremim.

Para além da excecional banda que os acompanhou também há que ser dado destaque à presença dos figurantes que estiveram nas costas do palco, que fizeram também parte da capa do mais recente trabalho.

A despedida (ou pelo menos, a primeira despedida) foi feita com a Elétrica Cadente e a Theo’s Walking. Mas no encore e com todos os figurantes espalhados pelo palco, vestidos à anos 20, foi dançado com Menina Dança, Miúdas e Motas e por fim o grande clássico, Lisboa Mulata.

Os Dead Combo estão diferentes, evoluíram, até à imagem de Lisboa, mas não quer dizer que tenham perdido a identidade e o estilo que se distinguiram. À saída do concerto, ficava com uma ideia na minha cabeça. Qual é a melhor banda portuguesa a atuar ao vivo? Se pusermos todos os pratos em cima da balança, de consistência ao longo dos anos, banda a acompanhar e aparato visual, devem ser excepcionais casos os que batem Dead Combo.

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