Já está disponível o novo disco dos Black Bombaim. Dois anos após a edição do longa duração colaborativo com Peter Brötzmann, o trio juntou-se a três músicos e produtores nacionais num ciclo de residências artísticas que reinventou o processo criativo da banda.
Jonathan Saldanha (HHY & The Macumbas), Pedro Augusto (Ghuna X) e Luís Fernandes (peixe:avião) responderam afirmativamente ao desafio lançado pelos Black Bombaim para desenvolverem uma peça original a ser interpretada, em conjunto, pelo compositor e pela banda. Desconstruindo o habitual processo de criação, os Black Bombaim entregaram a composição musical a três figuras da música exploratória portuguesa, num processo que culminará com a edição de um disco e de um documentário.
Na génese do projecto “Black Bombaim w/ Luís Fernandes, Jonathan Saldanha e Pedro Augusto” está uma ideia incerta, exploratória no sentido mais profundo do termo, de veículo. Nele, a construção de uma identidade musical depende de uma banda, com uma matriz definida dentro de territórios, já de si expansivos e geograficamente indeterminados, que é reconfigurada enquanto hóspede de uma vida larvar, multiplicadora de realidades especulativas, processos de sentido e discursos sonoros.
A música psicadélicados Black Bombaim é aqui submetida a um propósito de uso do som enquanto portal de múltiplas ficções, como se os músicos se transformassem em figurantes de si mesmos, transfigurados pelo espelho do outro, ou seja, por visitações artísticas exteriores que se apropriam de uma forma de uma linguagem pré-existente para criar uma miragem – ou, por outras palavras, a possibilidade de criar uma nova forma de vida.
Nos seus três momentos, protagonizados por três compositores diferentes, o projecto foi sendo sedimentado como um ciclo de criação e transformação registado em filme. Com realização de Miguel Figueiras e argumento de Manuel Neto, o documentário evocará as três fases primordias de evolução da humanidade: a ideia do ser lançado no “Mundo“, numa viagem pelas possibilidades do real; a confrontação com as revelações e as neuroses da “Ruína e a Memória“; e, por último, a ambição do “Espaço Sideral” enquanto hipótese de sobrevivência para além do tempo – diferentes andamentos de uma partitura feita de parábolas e sugestões poéticas de um tempo electrificado pela desterritorialização e pela ucronia. O documentário tem data de saída apontada para o segundo semestre deste ano.
Após a edição do novo disco, os Black Bombaim estarão em digressão pelo pais e pela Europa.
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Fotografia (capa) – Joaquim Durães