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Selma Uamusse, Esperança rima com dança

É um grande espírito de comunhão que nos esperava no Lux Frágil, na passada quinta-feira, 7 de Março. Muitos sorrisos, muitos rostos familiares, todos prontos para ver Selma Uamusse no palco, para mostrar Mati. Um concerto cheio de intensidade e vida, que com certeza não deixou ninguém indiferente.

No início do espectáculo a primeira dúvida surgiu na cabeça (acredito que tenha sido várias pessoas com o mesmo pensamento). Quantas pessoas é que já tiveram no palco do Lux, ao mesmo tempo? Em princípio o resultado terá sido batido, quando começámos a ver cerca de 30 pessoas a subir, neste caso o Gospel Collective. Fora o trio de sopros, percussão e teclas que acompanha Selma. Ao tema de Hope, é o mote para uma noite que é um constante diálogo espiritual, mas também um exercício para libertar pressão e sermos felizes ao som de ritmos mais mexidos.

Isso acontece com o Mozambique, o No Guns (que já está a ser trabalhado para o disco de 2020) ou então o afamado e que dá nome ao disco, Mati. Uma celebração da água e da vida. É uma comunhão que existe entre público, banda e Selma. Os que cantam (mesmo desafinados), os que observam, estoicos, mas que não tarda são desafiados para dançar. Porque, “se não dançam com esta, não dançam com mais nenhuma”. Com Funkier than a Mosquito’s Tweeter que vemos que o Lux foi feito para dançar. Bem ou mal são adjectivos que não entram nesta equação. Queremos é ver todos a mexer e temos Selma a deambular pela plateia, reconhecendo rostos familiares, que incentiva a cantar e a dar mais vida a uma quinta feira onde normalmente estaríamos em casa a descansar para mais um dia de trabalho.

A performance de Selma é de agregação, de aproximar público, banda e todos. Porque estamos todos ali para nos divertirmos, sentirmos especiais com o dom que a Selma partilha connosco. Acima de tudo para celebrar a vida, e isso verifica-se com Malian ou Mónica, temas mais espirituais, de reflexões com Deus, sempre muito presente nos temas e no próprio discurso de Selma nas suas interações com o público.

Acompanhada por Eduardo Lála, João Cabrita e Jéssica Pina na secção de sopros, e pela banda com Augusto Macedo, Gonçalo Santos, Iuri Oliveira e Nataniel Neto na banda, Selma vai deixando o seu tributo às suas raízes com Ngono Utane Vana Kadima (cantado em coro também com o público), Song of Africa e Baila Maria, numa despedida cheia de cor e alegria.

O encore, ou o “só mais uma” é feito com uma versão mais curta do Mati. Tema singelo para terminar uma noite de celebração e magia no Lux Frágil. Selma mostrou num pequeno concerto que a casa não é realmente uma morada fixa. Mostrou-nos as suas raízes, a sua história e o seu dom que tem a partilhar com o mundo. Se calhar, é isso que nos importa no final de todo. À despedida, deixou-nos com um “boa noite e sejam abençoados“. Assim fomos. Obrigado, Selma.

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