A mítica cidade raiana é o próximo destino do Terras sem Sombra, no fim-de-semana de 23 e 24 de Março. Conhecer as suas raízes portuguesas, escutar algumas das mais belas suítes para viola da gamba na igreja de Santa María del Castillo e ir ao encontro da biodiversidade da serra de Alor são as coordenadas para dois dias de festival.
Do Passado ao Futuro
Olivença é, hoje, uma cidade que não renunciou à tradição lusa, constituindo um símbolo de convivência e diálogo de culturas. A visita que terá lugar na tarde de sábado, 23, a partir das 16h00, sob a orientação de um profundo conhecedor do concelho, Joaquín Fuentes, da Associação Além-Guadiana, permitirá compreender os pilares da história local, assim como os principais monumentos e outros aspectos marcantes do património concelhio e do quotidiano das suas gentes.
A Lira de Apolo: Suítes para viola da gamba
A igreja de Santa María del Castillo, receberá no mesmo dia, às 20h00, o concerto “Uma Viagem Imaginada: Suítes Francesas para Viola da Gamba“. Em palco, quatro dos maiores intérpretes de música barroca da actualidade, Sofia Diniz, Holger Faust-Peters, Josep Maria Martí Duran e Fernando Miguel Jalôto. Trata-se da apresentação, em estreia absoluta, do CD “La Lyre d’Apollon“, dedicado ao primeiro livro de peças para aquele instrumento de Jacques Morel, o célebre compositor do tempo do Rei Sol, e que vai ser lançado pela prestigiada editora alemã Conditura.
Sofia Diniz e os seus convidados apelam a uma digressão pela Paris do século XVIII e a uma descoberta da panóplia de sonoridades da viola da gamba. Ouvir-se-ão andamentos de dança típicos como a Allemande, a Courante, Sarabande e Gigue, Couplets (variações) sobre as folias de Espanha, mas também as muito francesas Pièces de caractère, que ilustram desde os sentimentos mais profundos, como o Plainte (pranto), até pessoas e lugares; escutaremos igualmente uma peça bretã, uma espanhola, uma americana, uma portuguesa e uma italiana. Viajar-se-á, pois, sem sair do lugar.
O concerto em Olivença promete tornar-se um dos acontecimentos marcantes da temporada musical em 2019. Que esta estreia internacional tenha lugar, não em Colónia, onde Sofia Diniz reside e habitualmente trabalha, nem em Madrid ou Lisboa, é um sintoma de que algo tem vindo a mudar no panorama musical, graças a iniciativas, como o Terras sem Sombra, que unem cosmopolitismo e ruralidade, vanguarda e tradição.
Jardim de Deus: A Serra de Alor e a Dehesa
A manhã de domingo, dia 24, a partir das 9h30, vai ser dedicada à biodiversidade do concelho, sob a orientação de dois peritos territoriais, Joaquín Figueredo e Norberto Antúnez, tendo por alvo a serra de Alor.
Lugar-chave da zona, esta elevação atinge 600 m de altitude e possui densas manchas de dehesa (montado) e olivais. Preserva igualmente zonas de mato onde se conservam verdadeiros tesouros botânicos. Entre as espécies raras, destacam-se a peónia, conhecida na região como rosa-albardeira, que cresce em zonas altas, no meio das manchas de azinheiras, carrasqueiras e zambujeiros; o erodium mouretii ou relógio; a anagyris fœtida, única planta europeia polinizada por passariformes, como as felosas; a boca-de-dragão.
É também possível encontrar mais de 15 espécies distintas de orquídeas, entre elas a Barlia robertiana (orquídea gigante) e a Orchis itlaica (erva-do-homem-nu). Este tipo de vegetação protege o solo fértil e sustenta uma notável actividade pecuária: é um paraíso para o porco ibérico, mas também para o gado bovino, caprino e ovino, a caça e as abelhas.
Todas as actividades, são de acesso livre e sem inscrição prévia, partindo o Terras sem Sombra a seguir para Beja, Elvas, Cuba, Ferreira do Alentejo, Odemira, Barrancos, Santiago do Cacém e Sines.
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Fotografias – Terras sem Sombra