Ao longo do dia, a Galeria Zé dos Bois tinha-se enchido de rostos familiares para apoiar a tragédia de Moçambique, mas o final do dia foi marcado com uma chave de pura inspiração e maestria da parte do Norberto Lobo que encerrou, de forma singela, a sua residência artística, com o seu terceiro concerto neste espaço afamado, situado na Rua da Barroca.
É num espaço envolto em mistério, muito denso que encontramos o aquário da Galeria Zé dos Bois. Quem chegou cedo, apanhou cadeira, quem não, ou estava no chão ou lá atrás de pé. Uma audiência simpática assistiu ao último concerto da residência artística de Norberto Lobo.
Durante cerca de uma hora, embarcámos numa viagem feita de cor, de altos e baixos, de intensidade e epicurismo, mas acima de tudo de vida. É nos acordes e nos efeitos da guitarra e dos pedais que encontramos todas as vivências, que Norberto Lobo interpreta como poucos o fazem em Portugal.
Mergulhamos então num caos mas que ao mesmo tempo é uma ordem, dedilhada pelo Norberto Lobo. Prende-nos a atenção, temas virtuosos, sem necessidade de identificar que tema é qual. Aprecia-se o talento, aprecia-se a imperfeição e os testes que vão sendo executados a cada tema.
É uma despedida de residência artística, humilde e subtil aquela que sentimos quando saimos da ZdB. Com um encanto muito sui generis que é muito característico do Norberto Lobo.