Foi através de um indie pop com contornos psicadélico, que Jacco Gardner ganhou notoriedade no passar dos últimos tempos. Houve, inclusive, quem considerasse o músico holandês como uma autêntica lufada de ar fresco.
Na tentativa de continuar a destacar-se de um meio que prima pela inovação constante, Jacco Gardner surpreendeu tudo e todos com o seu mais recente Somnium, um trabalho em que o músico se desprende totalmente do seu icónico estilo e abraça uma nova faceta: a electrónica experimental.
Sábado passado, mais concretamente no dia 13 de Abril, este novo projecto de Jacco Gardner foi apresentado, na íntegra e em exclusivo, ao público português, enchendo o Teatro Ibérico para a ocasião.
Apesar de se autoproclamar como um teatro, a verdade é que a arquitetura da sala era algo reminiscente a uma casa; quiçá a escolha do local não esteja relacionada com a relação entre Jacco e Portugal, ou não tivesse o músico tomado o nosso país como residência.
Fundamentando esta premissa, veio o convite do manager do artista em convidar membros do público para que se dispusessem pelo próprio palco, rodeando o vasto cardápio de utensílios electrónicos – teclados, sintetizadores, … – que se encontravam no centro.
No momento em que o Teatro Ibérico imergiu pela penumbra, nunca mais encontrou o caminho para a claridade. Em vez disso, a sala percorreu a mente de Jacco Gardner; naquele momento, o véu que nos privava de conhecer a intimidade do holandês cessou de existir.
Ao longo de 45 minutos, Jacco Gardner abriu as portas pelos mistérios de Somnium, com a plateia do teatro Ibérico a apaixonar-se por tão belas epopeias. No meio dos feixes de luz, a mesa de Jacco revelava a presença de María Pandiello, revelando-se como peça fulcral nesta orquestra de sons electrónicos, que suscitava todo o Teatro Ibérico a viajar pelo mundo de Jacco Gardner.
Graças ao esforço repartido entre Gardner e Pandriello, cuja colaboração levou a que a recriação de Somnium fosse imaculada, a sala imergiu por um estado de transe intenso, transparecendo a ideia que 45 minutos fossem, na verdade, umas efémeras duas horas. E, fossem mais quatro ou mais seis, a beleza daquela instância não levaria ninguém a querer sair mais cedo.
Galeria completa do concerto Jacco Gardner