Depois de um álbum duplo cheio de convidados em Maio do ano passado, The Dirty Coal Train voltam 180 graus e apontam novamente agulhas noutra direcção: um LP em formato trio gravado maioritariamente ao vivo com overdubs de voz pontuais, em 2 dias em São Paulo, Brasil, durante uma das suas tours pela América do Sul.
O duo levou algumas ideias para trabalhar com Marky Wildstone (Dead Rocks, uma das primeiras bandas surf rock do Brasil, e The Mings, projecto com o Holandês Dead Elvis e o inglês Hipbone Slim) e captar tudo do modo mais cru e directo possível por Luís Tissot (produtor e músico na cena lo-fi e punk de garagem brasileira e argentina: Backseat Drivers, Human Trash, Jazz Beat Committee, Jesus & The Groupies, Thee Dirty Rats, Fabulous Go-Go Boy From Alabama). Única excepção no tema “Dead end street” em que Ricardo andou a tirar lições dos discos de Suicide e substitui a bateria de Marky por uma caixa de ritmos manhosa.
Destaque também para o primeiro original do grupo escrito em português “Ronda da noite” e para a conotação política em temas, interlúdios (“Selvajaria“) e até em baladas como “The boy with the jello heart” (em que a banda considera urgente a criação de novas utopias e paradigmas de vida).
O tema em português fala em apatia e individualismo perante a necessidade de acção. A tais temáticas não é alheio o facto do clima sentido no país (Brasil) aquando da gravação e composição. Espaço ainda para 4 versões (para originais dos The Shandells, Dead Moon, Thee Mighty Caesars e Murphy & the Mob). No geral, um álbum “ao vivo em estúdio” sem rócócós e bastante mais cru que o anterior.
Arte da capa novamente por Olaf Jens e edição, dia 31 de Maio, tripartida entre Groovie Records, Hey Pachuco Records e Vinyl Experience.
+info The Dirty Coal Train
Fotografia (capa) –Tommaso Donghi