Não são muitas as vezes que se tem a oportunidade de ouvir uma voz assim. Mas sexta feira o Coliseu de Lisboa teve casa cheia para receber Buika, que deu uma lição de amor, poder e (en)canto. Se a noite de sexta já estava quente, o Coliseu ficou a escaldar.
Concha Buika, ou simplesmente Buika, não é uma cara desconhecida para os portugueses. Já uma presença recorrente por Portugal, desta vez a artista natural de Guiné-Equatorial, mas exiliada em Palma de Maiorca, passou por Lisboa para apresentar alguns temas do disco que ainda vai ganhar vida este ano, mas também uma pequena viagem por uma carreira que só conhece pontos altos desde 2000.
Embora tenha admitido que estava nervosa, foi esse nervosismo que capultou-a para um concerto impactante. Com uma voz poderosa, cheia de energia, fez estremecer o maior dos descrentes com temas como Ñina de Fiesta ou Vete que te quiero. Numa símbose que vai do flamenco ao jazz e ao funk, tudo são instrumentos que ajudam a emanar toda a energia que habita dentro da Buika. E também é um percurso pelas diversas histórias de amor que a cantora partilha a partir do palco.
Death is not the end é por exemplo a história do fim de uma relação mas que não significa o fim de uma pessoa. É só uma outra vida que se ganha. Citando Lavoisier, “nada se cria, tudo se transforma“.
E foi isso que presenciámos com Buika. As suas vivências e histórias de zonas fora de conforto, como ela conta, dão azo a músicas extraordinárias, em que a voz vive em harmonia com o Saxofone, com as Teclas, com o Baixo e com a Bateria. Todas interpretadas por uma banda feminina, o que mostra muito bem o talento e o empoderamento feminino que está construído e alcançado em torno da artista.
Mas foi uma noite que foi rica em pontos altos e também em arrepios na pele. Por exemplo, Jodida pero contenta, em que revela uma caixa torácica fora do normal. Ou então o tributo com o Sôdade da Cesária Évora em que muitos com certeza acompanharam o refrão com a Buika no seu português quase perfeito.
Um concerto que pecou por durar apenas uma hora e meia, mas como Buika referiu numa das suas músicas, “Si Volveré“. E se ela volta, o mais provável é que nós estejamos todos à sua espera batendo palmas de pé, como aconteceu a 31 de Maio de 2019.