É sob esta interjeição divina que um Teatro S. Luiz cheio foi abençoado para assistir ao regresso do “menino bonito de Kansas City“, adjectivado desta forma pela Galeria Zé dos Bois, que celebrou desta forma o seu 25º aniversário. Não houve bolo nem velas, mas sim, um Kevin Morby bem acompanhado e um piano e uma guitarra prontas para celebrar em palco, com um concerto único.
Nuvens, rosas, piano, ação. É um cenário bem epicurista que aguarda Kevin Morby que regressa a Lisboa, já que esteve no Mexefest de 2016, não muito longe (na Estação de Comboios do Rossio), e depois de ter cá estado ao ano passado no Vodafone Paredes de Coura. No domingo o ambiente quente e a acústica o favoreceram muito mais. Com o casaco com a expressão “Oh My God” nas costas, título que dá nome ao último trabalho, é exactamente ao piano que começa as festividades com este tema. Tiro e queda para a primeira grande ovação do S. Luiz praticamente cheio.
É num misto de contemplação e letras cantadas baixinho que o público vai observando tanto Kevin como o trompetista que o acompanha, Hermon Mehari. É exactamente o trompetista que vai ajuda a arrebatar mais o público com o seu contributo virtuoso. Piano, Guitarra, Voz e Trompete. Quatro partículas que enchem todos os átomos do Teatro.
O Oh My God é o grande mote do concerto, com temas como o Savannah, o Piss River, o Congratulations ou ainda o hipnótico No Halo. Entre vários obrigados à audiência, Kevin Morby fala de como é incrível juntarmos todos num auditório, como que tivéssemos sentados à volta de uma fogueira para assistir a um concerto, a uma partilha entre estranhos. Com a música dedicada ao público, esta foi a premissa para mais um bonito momento do concerto com o Beautiful Strangers, tema que constou num EP lançado em 2016, mas que rapidamente se tornou numa das músicas mais acarinhadas pelo norte-americano. E pelo público também, como se pode observar pelos aplausos.
Já nesta altura do concerto, o artista estava acompanhado pela igualmente talentosa Katie Crutchfield, que com a sua voz leve foi acrescentando segundas vozes e solos, enchendo assim as várias músicas que participou, como Dark Don’t Hide It ou ainda Downtown’s Lights.
Já no regresso do encore, fomos brindados com o No Place To Fall, também partilhado com a Katie, tema que não é geralmente tocado durante a tour, aliás, como Kevin Morby indicou. Para o final estavam guardados o bucólico Parade e o contagiante Harlem River.
Ovação de pé como mandam as regras e pelo meio do concerto a promessa que um regresso em breve. É claro que estaremos lá para assistir mais uma vez.