Festival Bons Sons´19, dia 10 - “A Cultura sem dono.”

Logo pela manhã pela quantidade de gente que já circulava no recinto previa-se que o recinto ia encher, assim aconteceu. Este dia teve lotação esgotada.

+ fotos na galeria Bons Sons 2019 Dia 10 Ambiente

No fim do habitual passeio matinal pela aldeia dirigimo-nos ao armazém do lagar de azeite para vermos as Pequenas Espigas. Este projeto foi criado pela professora do 1º ciclo Joaquina Miranda da Escola Básica JI Cova da Moura. Mal subiu ao palco avisou logo que não gostava de falar em público porque atrapalhasse e mete os “pés pela cabeça”. Não há problema Professora Joaquina o importante é o belíssimo trabalho que tem feito na divulgação e dinamização do Cante Tradicional Alentejano com as crianças. Outra peculiaridade é que este grupo é constituído maioritariamente por alunas e alunos afrodescendentes. Isto sim é ensinar e enaltecer o que é nosso. Foi tocante ouvir crianças de palmo e meio a cantar o cante alentejano. No final fomos presenteados com um dança. A mãe de uma das alunas que estava no palco juntou-se a elas e em conjunto dançaram uma morna. Aqueceram-nos o peito. O mundo devia ser como a música. Completamente inclusiva.

+ fotos na galeria Bons Sons 2019 Dia 10 Pequenas Espigas

Acelerámos o passo porque queríamos garantir o nosso lugar na Igreja, Palco Carlos Paredes, para ouvir Valente Maio. No violino Manuel Maio, na viola de arco José Valente. Juntaram os apelidos e surgiu o duo Valente Maio. Para além dos nomes também juntaram os seus dois instrumentos que se complementam na perfeição fazendo-nos viajar entre múltiplos estilos desde o clássico ao jazz. São instrumentistas altamente talentosos e criativos. A interpretação que fizeram de uma música do José Mário Branco foi de uma qualidade e beleza perturbante.

+ fotos na galeria Bons Sons 2019 Dia 10 Valente Maio

Por volta das 15h aconteceu mais um concerto surpresa num palco improvisado, a garagem de um cem-soldense extremamente caloroso. Não só abriu a sua garagem como abriu um pouco da sua casa. Enquanto os artistas não chegavam falou da aldeia, distribuiu ameixas (que estavam deliciosas), animou a malta que se ia concentrando. Nisto aparece a Ana Deus (Três Tristes Tigres) e o guitarrista da banda Alexandre Soares. Tocaram um tema novo, perguntaram se podiam tocar mais uma (claro que sim, agradecemos) e chegou a música “Olho da Rua”. Há músicas intemporais, esta é uma delas.

+ fotos na galeria Bons Sons 2019 Dia 10 Concerto Surpresa de Três Tristes Tigres

Dispersámos e seguimos viagem. Vagueámos pelo recinto para ver a Feira de Marroquinarias e Artesanato que se encontravam espalhadas pelas ruas do centro. Esta montra de artigos de vários artesãos distintos e alfarrabistas nacionais deu cor a Cem Soldos. Terminámos este nosso passeio no Palco MPAGDP e ainda conseguimos assistir a Rezas, Benzeduras e Outras Cantigas. César Prata e Vânia Couto recriam músicas e orações populares utilizando diversos instrumentos, objetos sonoros, pedais de loops, e programações. Fazem uma fusão do tradicional com o contemporâneo provando-nos que a tradição é de ontem, hoje e de amanhã. Infelizmente chegámos tarde e ficámos muito mal posicionados porque aquela hora os espectadores já eram muitos e todos queríamos o melhor sitio.

Às 17h30 o Tiago Francisquinho já estava em palco com o seu didgeridoo pronto para nos deslumbrar. Combinou o som deste instrumento com sons eletrónicos criando uma sonoridade muito singular. A rapidez com que toca é surpreendente. Ingressámos numa viagem pela cultura aborígene e soube bem neste final de tarde mais fresco do que é habitual.

+ fotos na galeria Bons Sons 2019 Dia 10 Tiago Francisquinho

“É sempre Verão no ecrã. E os corpos estão sempre nus. E há tantos gatinhos no ecrã. E sushi. E bolinhos. E coisas boas”. Desta forma os Baleia Baleia Baleia dirigiram-se a nós, dirigem-se ao mundo com este tema duramente realista “Quero ser um ecrã”. Olhando em redor confirmasse. Esta banda formada por Manuel Molarinho (baixo e voz) e Ricardo Cabral (bateria) arrasou com a Palco António Variações. Que concerto explosivo. Houve pop, rock, punk, performances incríveis e palavras certeiras (por mais que não se queira). Quem não conhecia de certeza que não se vai esquecer. Tivemos direito a uma versão do tema “Toma o comprimido” de António Variações e quase que foi necessário tomar um comprimido para diminuir a adrenalina com que nos deixaram.

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O que vale é que mal terminaram começou Miramar o que ajudou a relaxar e a baixar o ritmo cardíaco. O que une Frankie Chavez e Peixe? O seu trabalho com a guitarra. Provêm de caminhos diferentes e agora cruzaram-se e criaram Miramar. Sintonia perfeita entre estes dois talentosos guitarristas portugueses. Nem o frio que se fazia sentir demoveu a imensa plateia que se aglomerou em frente ao Palco Amália.

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Marchámos até ao palco Zeca Afonso porque não queríamos perder nada do concerto dos Três Tristes Tigres. Já não são três mas sim cinco Ana Deus, Alexandre Soares, João Pedro Coimbra, Rui Martelo e Quico Serrano e a poetisa residente Regina Guimarães nos textos. Provaram-nos, se era necessário provar, que deixaram saudades e que continuam a fazer parte do panorama musical. O guitarrista Alexandre Soares é uma fera em palco e a voz sublime da Ana Deus permanece inalterada. Durante aquela hora sentimos que o tempo tinha parado, fizeram-nos esquecer que um dia houve um interregno. Interpretaram temas antigos e alguns novos que serão lançados este ano. No fim do que ouvimos aguardamos ansiosamente por isso.

+ fotos na galeria Bons Sons 2019 Dia 10 Três Tristes Tigres

Fizemos uma pausa para jantar porque o corpo começava a fraquejar e a chuva começou a cair, desta vez com alguma intensidade. Abrigámo-nos, descansámos e ouvimos de longe Stereossauro. Mesmo não estando perto era notório que o público (o entusiasmo deste era bastante audível) não se tinha deixado intimidar pelos pingos constantes que se faziam sentir. Esta sonoridade que junta o mundo do hip hop com o mundo da música portuguesa cativou sem dúvida a plateia.

+ fotos na galeria Bons Sons 2019 Dia 10 Stereossauro

Levantámo-nos, esticámos as pernas e retomámos a nossa incursão na música e cultura portuguesa com os Pop Dell´Arte. Este projeto criado em 1985 dispensa apresentações. Já mais de 30 anos passaram deste a origem desta banda e eles permanecem fieis à sua essência. A irreverência, o experimentalismo, a transgressão, o não quererem aparecer por aparecer para serem uma banda de massas para massas. Não o são. Ou se aprecia ou não. Nós apreciamos. Muito. O João Peste, como sempre, proporcionou-nos um ótimo serão. “Não quero mais morrer/ Não quero mais sofrer/ (…) Ainda tenho um sonho ou dois.” Como não gostar? Ainda sonhamos pop.

+ fotos na galeria Bons Sons 2019 Dia 10 Pop Dell’Arte

À medida que o concerto da banda anterior se ia aproximando do fim muitos abandonaram o local para reservar lugar num dos concertos mais aguardado da noite para muitos. Tiago Bettencourt atuou pela primeira vez em Cem Soldos e como era expectável o largo Lopes-Graça transbordou de gente que cantou as suas músicas do início ao fim do espetáculo. Este vocalista, multi-instrumentista e produtor é um lugar seguro que sabe bem visitar. As suas músicas melódicas ficam no ouvido. Queira ou não se queira.

+ fotos na galeria Bons Sons 2019 Dia 10 Tiago Bettencourt

Alguma curiosidade havia em torno da parceria Glockenwise e JP Simões. A banda de Barcelos iniciou o concerto tocou dois, três temas e cumprimentou o público “Nós somos os Glockenwise e é um prazer enorme voltar a tocar neste palco”. A pergunta que, inevitavelmente, pairava no ar era “Onde está o JP Simões? Vai-se dignar a aparecer?” A resposta veio de seguida com a entrada em cena do cantor e compositor de Coimbra. Apareceu atordoado, com o saxofone na mão e começou. No final desta primeira aparição deixou escapar um “Boa noite, Sudoeste!” Fiel a ele próprio como já nos habituou. Os Glockenwise continuaram o alinhamento e foram tocando temas do seu último álbum Plástico, o primeiro totalmente em português. O JP Simões foi vagueando dentro e fora do palco. Por algum tempo sentou-se ao fundo do palco, encheu o copo, fumou um cigarro. Nesta dinâmica de presença intermitente por parte deste músico seguimos até ao fim. Os elementos da banda de Barcelos dirigiam-se ao JP como o Mestre. Será que foi? Esperemos que para eles tenha sido porque nós ficámos na dúvida.

+ fotos na galeria Bons Sons 2019 Dia 10 Glockenwise + JP Simões

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DIA 8

Festival Bons Sons’19, dia 8 – “Cem Soldos, a nossa casa, o nosso sentido.”
+ Bons Sons 2019 Dia 8 Ambiente
+ Bons Sons 2019 Dia 8 X-Wife
+ Bons Sons 2019 Dia 8 Venus Matinal
+ Bons Sons 2019 Dia 8 Senza
+ Bons Sons 2019 Dia 8 Raquel Ralha & Pedro Renato
+ Bons Sons 2019 Dia 8 Orquestra Filarmónica Gafanhense
+ Bons Sons 2019 Dia 8 Fogo Fogo
+ Bons Sons 2019 Dia 8 Diabo na Cruz
+ Bons Sons 2019 Dia 8 Concerto Surpresa de Francisco Sales
+ Bons Sons 2019 Dia 8 Benjamim + Joana Espadinha

DIA 9

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DIA 11

Festival Bons Sons´19, dia 10 – “A Cultura sem dono.”

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