Pregam os supersticiosos que sexta-feira 13 é dia de azar, e que estará para sempre associado ao insucesso, à derrota. Como tal, haveria data mais propícia a um concerto de You Can’t Win Charlie Brown?
Apesar de o nome da banda sentenciar a falta de sorte da icónica personagem dos Peanuts, o mesmo não pode ser dito sobre a carreira da banda: já são dez os anos repletos de vitórias para o projeto de Afonso, Salvador, David (Noiserv) e companhia. Alcançada uma década de existência, a banda aproveitou a ocasião para se lançar numa tournée de celebração, estreando-se num MusicBox praticamente lotado.
Dez anos já proporciona uma quantia significativa de temas conhecidos pelo público e, logo no arranque, tal se verificou ao som de “After December” e “Until December”, a serem trauteadas por uns quantos admiradores pelas primeiras filas. “Fall For You” e “In The Light There is No Sun” foram as canções que se seguiram e nem uma mão cheia de canções tinham passado, e já os três discos da banda já tinham sido percorridos. Afinal, a noite seria um apanhado do melhor da carreira dos You Can’t Win Charlie Brown.
E que bonita e consiste que ela é. O sexteto – teve o seu quê de engraçado ver tantos tipos e gerigonças no pequeno palco do MusicBox – sempre teve a capacidade de escrever melodias puras e bonitas, e vê-las em palco embala-nos o coração. Ora fosse pela particular atenção ao detalhe, recriando todas as harmonias com que nos familiarizámos ao longo dos anos, ou pelo contentamento da banda em tocar juntos, vivia-se uma noite especial, que contaria com Luís Costa, membro da formação original.
Depois da colaborativa “Green Grass #1”, na qual o público seria ‘convidado’ na percussão através de palmas, “Above The Wall”, excelente single de Marrow, surge de rompante naquele seu de krautrock que não descansa até deixar o MusicBox a bater o pé, e não demorou muito até o conseguir. Continuando este misto “entre o 8 e o 80”, “Be My World” veio testar a nossa melancolia, num momento ternurento e a ser especialmente sentido por casais e afins. 3 canções e 3 seguros de exemplos de como os You Can’t Win Charlie Brown conseguem apresentar um repertório tão diverso, mas sempre na mouche.
Selando a noite ao som da eletrizante “Pro Procrastinator”, e depois de um hilariante momento com um fã que queria que a banda tocasse Slayer, o merecido encore seria feito na companhia de “Sad Song”, uma das primeiras canções da banda e cujo refrão seria entoado por toda a sala num momento arrepiante.
Dez anos de existência, dez anos de vitórias. Charlie Brown até que pode não ganhar a coisa, mas o mesmo não pode ser dito sobre os You Can’t Win Charlie Brown. De todo!