Como não somos supersticiosos, a sexta-feira 13 é uma sexta-feira como todas as outras e no Sabotage Club é seguramente muito animada! E foi com Um Corpo Estranho que estivemos animados ao longo de 13 temas que, criteriosamente seleccionaram para tocarem em Lisboa na casa do Rock. A dupla de Setúbal, João Mota e Pedro Franco, editaram Homem-Delírio em Março passado. Este é o seu terceiro disco de canções e segundo os próprios, “ um disco de ruptura com os discos anteriores”. E de facto é.
Em 2014 estrearam-se com o álbum De Não ter Tempo e, dois anos depois, editaram Pulso disco muito agraciado pela crítica e merecedor de destaque em algumas revistas da especialidade. Homem-Delírio foi composto para uma peça de teatro, situação que vai sendo comum no percurso destes talentosos artistas que, na diversidade das artes fazem o seu modus vivendis.
Mas foi com banda que Um Corpo Estranho se estreou no Sabotage Club. Com as guitarras eléctricas e clássicas nas mãos do João e do Pedro, com um baixo que foi desabrochando durante a actuação e com uma bateria que marcou um compasso mais rockeiro. Um alinhamento tendencialmente escolhido nos primeiros álbuns, onde o tema “Império dos Corvos” deu o ponto de partida para soltar a sua energia mais libertária. Foram crescendo na sonoridade e na intensidade, seguindo a cronologia discográfica De Não Ter Tempo a Pulso, mas tivemos o Homem-Delírio já a descair para a última parte do concerto. O lindíssimo tema “Estrangeiro”, primeiro single do álbum fez as delícias do público (pelo menos as minhas). Numa voz de sopro ao ouvido, João fechou os olhos e era em cada respirar que se fazia ouvir o dedilhar das cordas do Pedro. E neste momento transmitiram um pouco da viagem melódica que é todo este magnifico álbum.
As guitarras regressaram a Pulso mas, no final e para a despedida do Sabotage, ouvimos uma bonita versão da tranquila “Canção da Paciência” de José Afonso.
Queremos Um Corpo Estranho por Lisboa novamente e com todos os delírios que (tanto) merecemos. Pode ser numa sexta-feira 13, não somos supersticiosos.