Não foram uma, não duas mas três, as noites de Samuel Úria no Musicbox. Estivemos na noite de sexta, numa sala à pinha para assistir a um compêndio das melhores malhas do artista natural de Tondela. Num concerto que é só para quem tem a melhor forma física, já que é precisa muita energia para dançar e cantar.
Mas antes de falarmos propriamente do concerto do Samuel Úria, destaque para a primeira parte da Catarina Munhá, uma das artistas revelação do momento da música portuguesa. Acompanhada pelo seu pianista Daniel Costa, apresentou ao público o seu “Animal de Domesticação“. Um trabalho quente, doce e bem acompanhado, até por Hélio Morais, que veio dar segunda voz no tema “Isto de ser Mulher“. Um início de noite já com a fasquia lá em cima.
Dez minutos depois a estrela das atenções da noite subiu ao palco. Acompanhado por Jónatas Pires na guitarra, Miguel Ferreira nas teclas, António Quintino no baixo e Tiago Ramos na bateria, Samuel Úria entrou a todo o gás com o A Agenda, Mundo e Aeromoço, tema que fez entrar a plateia em apoteose. Reação que até mereceu intervenção do cantor. “Podia terminar já o concerto com uma reação destas“. Situação que se repetiu com o “Essa voz”.
São poucos os artistas que conseguem ter uma reação tão próxima, tão genuína e tão divertida como Samuel Úria tem com os seus fãs. Sempre interventivo, mas também é correspondido já que as letras estão na ponta da língua de quem esteve presente no Musicbox.
Parece que foi ontem, mas já tem três anos que o Carga de Ombro foi lançado. Mas é sempre com o encanto da primeira vez que cantamos e ouvimos o Repressão. Ainda mais emoção é com o Lenço Enxuto. Não há Manel Cruz mas há todo um mundo de vozes afinadas e brilhozinho nos olhos.
Ninguém deu pela hora passar, mas foi uma rapidez incomensurável que o concerto se aproximou vertiginosamente do fim. Com o Fusão, com o tema Malha do Afonso e o Teimoso a constarem da parte final do concerto, Samuel Úria mostrou o porquê de ser um dos nomes queridos da música portuguesa, com um rock que pode ir das baladas até ao mais enérgico, capaz de mexer com os mais insensíveis.
Como óbvio, houve espaço para um encore, de três temas. Barbarella, Preciso que me diminua e Tigre Dentres de Sabre foram a chave de ouro para uma noite que deveria virar uma instituição. Todos os meses devia ser obrigatório assistir a um concerto do – ouvir com música à la Bas Dost [ou seja, AC/DC] – Na Na Na Na Na – Sa-Muel, cântico cantado várias vezes ao longo do concerto.