Tiago Saga é um homem do mundo; não pelas suas variadas heranças – britânica, libanesa ou espanhola – mas pela forma como projeta um mundo de descobertas e fascínios através dos seus Time for T. E foi numa demanda pelo desconhecido que a banda liderada por este algarvio apresentou o seu mais recente disco, Galavanting, no MusicBox.
O início dessa aventura noturna teve direito a formação levada a cabo por Margarida Falcão, uma das irmãs Golden Slumbers que tanto têm feito por embelezar o folk português nestes últimos anos.
Mesmo sem a irmã por perto, Margarida safa-se igualmente bem, não se deixando intimidar por um dos mais exigentes palcos da noite lisboeta. E foi na companhia do luar que a guitarra da mais pequena das Slumbers embalou o MusicBox, deixando-nos com vontade de ouvir mais, mais e mais.
Logo após Margarida ter pousado a guitarra, a afluência no MusicBox aumentava substancialmente, e no meio de admiradores, conhecidos e familiares dos Time for T, a amostra que predominava era a dos curiosos, com particular dominância no público estrangeiro; é o que dá fazer música do mundo, ou não fosse a sonoridade da banda uma encruzilhada entre folk, soul e até o tuareg.
Apesar de relativamente petizes nestas andanças, a música dos Time for T é de gente grande, que em nada sofreu dores de crescimento – e Galavanting assim o comprova, mostrando uma banda que não tem medo de arriscar enquanto explora novos sons capazes de fomentar a irreverência e identidade do seu próprio som. Ou até explorar novas letras em pleno palco, como foi o caso de uma versão ‘aportuguesada’ de “Maria”, um dos principais hits da banda que Tiago, visivelmente satisfeito com tal plateia, improvisou na hora.
A expedição de Tiago Saga contou com um pouco de tudo, isto é, entre repertório novo e velho, demonstrando que por mais alternantes sejam os registos de algumas canções há sempre esse fio condutor da irreverência que as une e que leva os Time for T a ambicionarem cada vez mais alto. E Galavanting é isso mesmo, um disco que transmite liberdade por explorar e não se ficar sujeito, leia-se ‘preso’, ao mundano.
E foi isso mesmo que ficou demonstrado no MusicBox: a hora foi ‘H’ e o tempo foi todo dos Time for T. E que bonito foi de se ouvir.