O Super Bock em Stock voltou ao seu nome original depois de ser o “Vodafone MexeFest” durante 10 anos. Este será o segundo ano de Festival Super Bock em Stock, mas irá certamente continuar com a mesma mexida e o mesmo desassossego no sobe e desce da Avenida da Liberdade, em Lisboa. São 9 espaços, 11 salas e um autocarro, a Avenida da Liberdade transformar-se-à no próximo fim-de-semana na Avenida da Música. As mais de 50 bandas irão actuar nas diversas salas ao longo da Avenida: na Sala Rádio SBSR (Estação Ferroviária do Rossio), na Sala Buondi (Palácio da Independência), na Sala EDP (Casa do Alentejo), na Sala Super Bock (Coliseu dos Recreios), na Sala Ermelinda Freitas (Máxime), na Bloco Moche (Cine-Teatro Capitólio), na Cinema S. Jorge, Teatro Tivoli BBVA e Sala Santa Casa (Garagem EPAL). Para ajudar nesta azáfama de subir e descer, a organização irá dispor mais uma vez um autocarro, o Super Bock Bus, onde poderemos ver actuações de 15 minutos, dia 22 os Lylo (entre as 21h45m e as 00h00) e dos escoceses Sweaty Palms no dia 23 nos mesmos horários.
A escolha dos concertos não é fácil, existem muitas bandas que gostaríamos de ver que estão com horários sobrepostos e em salas afastadas, principalmente no segundo dia do festival. Mesmo com estes constrangimentos de sobreposições, iremos vestir o impermeável e lá vamos nós correr pela Avenida, depois da recepção do Tiago Castro e do Ricardo Mariano na Sala Rádio SBSR logo pelas 18h00.
A partir das 18h45 começam os concertos e a primeira hora do festival irá ser preenchida com 8 actuações, dos mais variados registos desde Angelica Salvi pela curadoria de Legendary Tigerman a AMAURA pela Ciência Rítmica Avançada (rubrica da Rádio SBSR).
Dia 22 de Novembro 6ª feira vamos andar por aqui:
Yagmar – You Actually Gave Me a Ride – Sala Rádio SBSR 20h00
Experimentalismo descomprometido, onde as batidas se misturam e montam uma teia harmoniosa e simples. A banda de Luís Fernandes, Gastão Beaumont e Daniel Sallberg editou dois Ep´s, Dez Fruta em 2017 e recentemente Amargo com a colaboração de Pedro Mafama no tema “Profano”. Ritmos africanos onde o Kuduro predomina, com a substância do sintetizador e a guitarra a puxarem pelo indie rock, onde o gingar de ombros não faltará nem a dança da anca.
Sinkane – Sala Super Bock, 20h30m
Com raízes sudanesas e americanas, Ahmed Abdullahi Gallab nasceu em Londres em 1983 e desde 2007 que espalha um reggae fusion encantador por esse mundo fora. Repetente no festival da Avenida, Sinkane actou em 2014 na Estação Ferroviária do Rossio e, segundo a critica, surpreendeu tudo e todos. Este ano irá subir ao palco do Coliseu dos Recreios e trará Dépaysé (Desorientado), o seu sétimo trabalho de originais editado em Maio deste ano e que tem as expectativas de todos em alta.
Meute – Sala Rádio SBSR, 21h20m
De Hamburgo na Alemanha chegarão os músicos extraordinários dos Meute. Um deep house totalmente acústico onde a loucura dos inúmeros instrumentos de sopro nos fazem arrepiar a espinha! O trompetista Thomas Burhorn juntou uma “trupe” de 11 músicos há 2 anos atrás e tem tentado “procurar a essência da música electrónica” através da percussão (baterias e xilofone) e dos sopros (trompetes e saxofones). Os Meute são uma banda ao vivo, de espaços abertos e mesmo de rua, os dois álbuns que editaram “Tumult” (2007) e “Meute Live in Paris” já este ano em Maio (teve o apoio do Goethe Institute) foram disso exemplo.
Michael Kiwanuca – Sala Super Bock, 22h00
Dos concertos mais aguardados desta edição é o do músico londrino Michael Kiwanuca. Love & Hate é o seu segundo álbum editado em 2016, foi número um em vendas no Reino Unido e venceu o Worldwide Awards e o HiPipo Music Awards. Filho de pais refugiados ugandeses, Kiwanuca teve um percurso académico brilhante, fazendo-se notar na School of Media, Arts and Design da Universidade de Westminster, Londres. Ascendente tem sido também o seu percurso musical, dos momentos mais marcantes do inicio da sua carreira foi acompanhar Adele na digressão Adele Live em 2011. Percorreu a Europa e os Estado Unidos, e no regresso em 2012 editou o seu primeiro álbum Home Again. Com apenas um mês, o terceiro trabalho discográfico já está disponível para consolo dos fans e da critica. O álbum homónimo já tem a chancela de uma compilação de temas a destacar na música indie-folk britânica: “(…) Suas melhores músicas são tão diretas quanto o olhar de Kiwanuka. (…) trata canções como ecossistemas que se estendem e florescem após a luz do sol e a lavoura do solo.”, Soto, Pitchfork, 2019.
Jordan Mackampa – Teatro Tivoli BBVA, 23h00
Músico e compositor, Jordan Mackampa nasceu na República do Congo em Kinshasa e seus pais migraram para Londres onde cresceu, mas foi em Coventry que se tornou artista. A critica elogiou o seu EP de estreia, Physics (2017), que o descreve como uma combinação única de batidas de jazz, melodias folclóricas e harmonias evangélicas. Mackampa, um artista com alma e “letras encharcadas de coração”, um trovador que trará um alinhamento dos seus dois EP´s editados (Tales from Broken, 2017) e conquistará o público com a sua voz quente e os ritmos melódicos e envolventes.
Nilufen Yanya – Cinema S. Jorge (Sala Manoel de Oliveira), 23h45m
Filha de artistas, mãe irlandesa e pai turco, Nilufen nasceu em Londres há 25 anos e começou a tocar guitarra aos 12. Depois de ter passado por uma girl band, afirmou-se na edição do primeiro EP, Small Crimes/Keep on Calling (2016). Seguiu com a edição de um EP por ano, Plant Feed (2017) e no ano passado Do you like pain?. Miss Universe é o nome do álbum de estreia lançado já este ano, e traz sonoridades indie-rock misturadas com soul . Nilufen é o reflexo de uma juventude mergulhada numa esperança contida e realista, estamos ansiosos por ouvir a sua voz grave mas esbatida numa dor adocicada.
E no segundo dia sábado 23, iremos continuar:
Ady Suleiman – Teatro Tivoli BBVA, 20h30m
Da terra natal de Margaret Thatcher (Grantham) o jovem cantor inglês com origens na Tanzânia irá subir ao palco do Teatro Tivoli BBVA, logo ao inicio da noite do segundo e último dia do festival. Ady cedo se interessou pelos registo R&B e soul music, começando a escrever com apenas 14 anos. Desde o momento que venceu o Breakthrough Act of the Year nos Worldwide Awards de Gilles Peterson, ganhou notoriedade e assinou pela Sony que editou três EP’s, This is My EP (2015), Live in Manchester (2015) e Ady Suleiman (2016). Em 2018 editou o primeiro longa duração, Memories, um álbum cheio de canções introspectivas e de sentimentos muito à flor da pele.
Curtis Harding – Sala Super Bock, 21h00
O músico norte – americano Curtis Harding é, sem dúvida, uma das actuações que não queremos perder neste festival. Curtis tornou-se uma referência no panorama musical do R&B e do soul no seu estado mais puro. De 2000 a 2014 colaborou com vários músicos, nomeadamente com o rapper Outkast e a cantora Lauren Hill. Em Maio de 2014 edita pela Burger Records o primeiro álbum, Soul Power, apreciado pela critica que o considerou uma fusão de vários géneros musicais. Face Your Fear foi gravado em Nova Iorque e em 2017 foi considerado o melhor álbum do ano de R&B pela National Public Radio Music. Curtis acompanhou Lenny Kravitz na tour de 2018 tendo feito as primeiras partes de alguns concertos e, em Junho do mesmo ano lançou o single “It´s not over”.
Orville Peck – Sala EDP, 21h45m
Um cowboy canadiano de cara tapada, com uma voz a fazer lembrar o country-rock dos anos 1950/60. O álbum Pony foi lançado já este ano, e segundo o próprio tem de facto todas as suas influências da música country americana, como Johny Cash e Dolly Parton. Pony está recheado de canções de amor e Orville admite que a maioria das músicas estão relacionadas com os seus desgostos de amor e a solidão que tem vivido. A máscara em palco ajuda-o a ser sincero nas suas canções e a relacionar-se com o público. Orville irá certamente atrair muitas pessoas para a Sala EDP.
https://www.youtube.com/watch?v=ZiotF04XBFY&list=PLrVH5pW2alyDwSruF31YmYxp4xppA2_Z9
Josh Rouse – Teatro Tivoli BBVA, 22h40m
Um veterano norte-americano do Tenessee que tem passado por cá ao longo dos mais de vinte anos da sua carreira. Um romântico inveterado, a sua música combina o indie-pop, a folk e o country, embora tenha arriscado os últimos anos pelos sintetizadores e pela guitarra eléctrica. O tema “Love Vibration” do álbum 1972 de 2003, foi um marco na sua projeção pelo menos para o público europeu. Depois de se ter apaixonado por Espanha (“Quiet Town“, Subtítulo 2006), tenta outras sonoridades e acompanha o evoluir dos tempos sendo “Love in Modern Age” (2018) um feliz exemplo dessa constatação. No Teatro Tivoli BBVA já mais para o final da noite, Josh Rouse com a sua banda.
Viagra Boys – Sala Rádio SBSR, 23h45m
E para terminar em grande com um bom som de guitarras eléctricas, voltamos à Sala Rádio SBSR para passarmos um bom bocado com os suecos Viagra Boys. A banda de Estocolmo irá tocar o seu álbum Streets Worms (2018), carregado de muita sátira e de humor negro como requer o bom pós-punk.