Uma 6ª feira de final de novembro carregadinha de chuva tocada a vento. Um dilúvio matinal em que o chapéus-de-chuva cumpriram muito pouco a sua função, tal ventania se fazia sentir em Lisboa! Todos pensámos que o primeiro dia de festival iria ser agreste. Mas a chuva e o vento deram tréguas aos festivaleiros da Avenida, tivemos uma noite tranquila sem chuva e sem frio e cheia de vozes sublimes!
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Sinkane, Sala Super Bock
Ainda era cedo e a esta hora estava também tocar Luis Severo, Amaura, Ive Greice e Polivalente, e talvez por existir toda esta oferta o Coliseu dos Recreios estava meio vazio. Mas Sinkane (Ahmed Abdullahi Gallab) deu um concerto que encheu as medidas a quem lá esteve. Não obstante a qualidade de todos os músicos da banda, o destaque tem que ir para a teclista e segunda voz. Com uma projeção vocal que se fazia ouvir no Politeama, onde a segurança melódica lhe saía das vísceras num “We believe” arrasador, no tema potente “Everybody“. Mudança de imagem da capa do álbum, para a palavra Sinkane a preto e branco. Uma grande versatilidade na voz, conseguindo ir do grave aos agudos tranquilamente sem precalços, “show me the way” num rasgo de voz mais aguda. Tema “The way” que teve direito a uma versão mais longa e com os riffs de guitarra a saberem tão bem. Mas já era hora de ir para cima e tivemos que sair. Esperemos que regresse em breve em nome próprio para lhe darmos a atenção que merece.
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Meute, Sala Rádio SBSR
Os Meute são alemães, são muitos e precisam de espaço e de se sentirem livres. No dia em que iriam actuar na Sala Rádio SBSR, fizeram uma espécie de warm-up do concerto e tocaram na Rua das Portas de Santo Antão, até começar a chover novamente. Por isso tivemos o privilégio de os ver a tocar os 11 instrumentos de sopro e precursão, duas vezes no mesmo dia. A Sala da estação ferroviária do Rossio depressa encheu, pois quem os vira lá em baixo não quis perder a sua actuação com som de qualidade (este sim outros nem por isso, como o caso dos Viagra Boys). Subiram dez elementos da banda ao mesmo tempo, e alinhados foram chegando ao palco. O 11º elemento, um trompete dominante, só se juntou ao grupo no início do 2º tema aproximando-se da frente do palco, seguindo o xilofone e as baterias. Um show com uma dinâmica de instrumentos e ritmos electrónicos orgânicos fabulosos, que fizeram dançar o mais rockeiro que por ali estava. Uma energia contagiante que nos levou de sorriso nos lábios para o resto da noite.
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Michael Kiwanuka
O Super Bock em Stock é o conhecido festival de ver os concertos pela metade, “pela rama” ou alguns não ver mesmo nada. Infelizmente, para tentarmos registar um pouco de alguma coisa de tanta coisa boa que tínhamos no cardápio, deixámos de ver inícios e fins e nalguns, ficámos mesmo por três ou quatro temas já no meio dos alinhamentos. Foi o caso do músico britânico Michael Kiwanuka que tocou entre as 22h e as 23h00. O Coliseu dos Recreios encheu e, outra situação não se esperaria, este concerto seria provavelmente dos mais aguardados do festival. Kiwanuka conseguiu demarcar-se no panorama da soul music e teve uma aceitação incrível no público, rapidamente viu o número de fans crescer em toda a Europa e Portugal não fora excepção. Acompanhado por um conjunto de músicos tão bons quanto ele, a destacar os dois guitarristas que estavam a seu lado e que tinham uma maturidade instrumental de ficarmos de queixo caído. Duas vozes femininas poderosas no coro, com o soul na voz e no corpo. O público rendeu-se a tudo o que do palco saía e Kiwanuka teve-o literalmente na mão, talvez este e Slow J (dia 23) tivessem sido os concertos em que essa situação foi mas evidenciada.
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Jordan Mackampa
Um dos músicos que mais curiosidade nos suscitou no lineup deste primeiro dia, foi o jovem inglês (com origens congolesas) Jordan Mackampa. Sozinho com duas guitarristas e um amplificador, o canta-autor encheu o palco do Tivoli. Uma voz daquelas vindas do interior da terra, vindas daquele lugar onde está concentrado o maior repositório de energia. Limpa e quente, como o sol forte que abre frechas na camada mais fina do solo. Um encontro perfeito entre a rítmica da palavra e o compasso da guitarra, que nos obrigou a fechar os olhos e mergulhar na profundidade das almas. Da dele e da nossa, pois a dada altura há uma fusão entre elas, onde a dor dele é a nossa dor. As pequenas estórias que partilhava entre as músicas, eram como se tivesse necessidade de reconstituir a sua própria história, da sua (ainda) curta vida (Mackampa tem 23 anos!). Da sua infância já em Inglaterra que não foi fácil, da saída do Congo, de uma mãe sozinha num país desconhecido. Cada música é imensa, por ser cheia de um mundo que é (também) o nosso, por ser pura e total a sua entrega. Uma atrás de outra, alternadas nas guitarras e no movimento do pé no on e no off do amplificador. Um concerto de ficar enroscado na cadeira e nela encostar a cabeça, o de fechar os olhos e o de abrir todos os sentidos, o de limpar uma lágrima que possa cair. Jordan Mackampa foi o músico da noite.
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A Nilufer Yanya já estava a actuar no palco da Sala Manoel de Oliveira do Cinema S. Jorge, mesmo do outro lado da Avenida. A passo de corrida atravessámos a estrada, e lá fomos para o último concerto da noite. A multidão concentrava-se à entrada do cinema e não percebemos muito bem o que se estaria a passar. Ao tentarmos entrar fomos barrados pelo segurança que não estava a deixar entrar ninguém,por motivos de lotação da sala. Informamos que eramos imprensa e que iriamos fazer a reportagem do concerto. Informação que nada serviu ao segurança que foi implacável na sua decisão. Esta foi uma situação caricata e perante a qual não poderíamos deixar de manifestar a nossa indignação, pois aquando do levantamento da acreditação de imprensa é nos facultado o briefing, no qual podemos ler a bold o seguinte: “O acesso às salas é garantido a toda a imprensa acreditada, independentemente da lotação”. No Coliseu dos Recreios, Teatro Tivoli BBVA e Cinema São Jorge, há uma entrada para Press devidamente sinalizada. Nas restantes salas não há uma entrada especifica, mas a segurança que coordena as entradas está devidamente informada neste sentido”. Pelos vistos o segurança que insistiu em me barrar a entrada não estava informado.
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